Energia Alternativa

Abeeólica cria grupo para estudar viabilidade da fonte no mercado livre

Jornal da Energia
12/08/2010 13:47
Visualizações: 225 (0) (0) (0) (0)
Às vésperas dos leilões de fontes alternativas e de energia de reserva, o mercado eólico brasileiro está agitado. Desde a realização do primeiro certame exclusivo para a fonte, em dezembro do ano passado, novos fabricantes anunciaram instalações de indústrias no País e a movimentação do setor cresceu.

Decidido a dar mais espaço à energia renovável, o governo optou este ano em utilizar parques eólicos, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e usinas a biomassa para atender à demanda das distribuidoras de energia para 2013, transformando o leilão A-3 em de uma licitação de fontes alternativas. O certame traz novas regras, que permitem inclusive a venda de excedentes de energia eólica para o mercado livre.

O leilão e as novas diretrizes agradaram à Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), diz Ricardo Simões, presidente da entidade, que conversou com o Jornal da Energia. O executivo está otimista para a licitação e espera a contratação de até 3.000MW da fonte pelo governo. "É preciso que seja contratado um volume grande, para criar escala", afirma o executivo.

O presidente da Abeeólica também vê como positiva a possibilidade de venda de excedentes pelos parques eólicos e revela que a associação criou um grupo de trabalho para estudar a viabilidade da comercialização da energia da fonte no mercado livre. "Vamos enviar as sugestões ao Ministério de Minas e Energia e à Aneel", garante.

Simões também adiantou que novos players estão estudando a entrada no País, como as espanholas Gamesa e Acciona e a americana Clipper, todos fabricantes de aerogeradores. "Existe uma janela de oportunidade muito clara para o País desenvolver a fonte", prevê o executivo.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Qual é a expectativa da Abeeólica para os leilões de reserva e de fontes alternativas?

Esperamos que o governo contrate entre 2.000MW e 3.000MW em projetos eólicos. Dos projetos que se cadastraram, acredito que empreendimentos que somem algo entre 6.000MW e 8.000MW em capacidade instalada devam depositar as garantias.

Ainda há pendências em relação aos certames?

A Abeeólica fez uma série de contribuições na consulta pública aberta pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) e elas foram atendidas em boa parte, como a questão de diminuir o lote mínimo para 0,1MW médio. Entretanto sob alguns pontos do leilão ainda pairam algumas dúvidas no mercado e estamos aguardando as respostas dos pedidos de informações que foram feitos à Aneel. Depois disso, poderemos fechar uma visão global sobre o edital. Restam dúvidas quanto à questão [do cálculo] da energia assegurada, de potência associada dos parques e outros fatores.

As novas regras para o leilão de fontes alternativas abriram a possibilidade de as usinas eólicas venderem excedentes de energia. Qual a opinião da associação sobre esse ponto?

A avaliação que temos é positiva. A gente entende que isso pode começar a viabilizar a eólica no mercado livre. Hoje, ela ainda não é viável nesse setor. Existem players trabalhando nisso, alguns já fizeram contratos, mas é algo ainda para se iniciar. A fonte precisa ter um critério de contabilização com um período longo como horizonte, porque, em razão da incerteza do recurso [o vento], se você faz a contabilização mensal fica difícil vender essa energia no ambiente livre. Se você passa a considerar períodos anuais ou bianuais de contabilização, provavelmente vai haver espaço para comercializar essa energia.

A associação tem contribuições e propostas nessa área?

Sim. A Abeeólica está montando um grupo de trabalho que vai ter como responsável a nossa diretora Laura Porto. E a coordenação do trabalho vai ficar a cargo da CPFL Energia. Esse grupo deve começar a trabalhar intensamente após o leilão para levar sugestões ao Ministério de Minas e Energia e à Aneel com relação a regras que viabilizem a comercialização da energia eólica no mercado livre.

Qual a importância das ICGs para o setor?

A regulação de ICGs teve um avanço substancial, porque agora o governo conseguiu dar uma garantia da licitação da ICG prévia ao leilão. A regulamentação [das centrais] teve um avanço grande desde que foi criada. Entendemos que é um instrumento extremamente válido no sentido de viabilizar a conexão das usinas eólicas. Vemos através de nossos associados que existe uma dificuldade muito grande de conexão em alguns locais, como no Ceará e no Rio Grande do Norte. Então estamos, através de nossa diretoria no Norte e Nordeste, fazendo o estudo de uma linha de transmissão, que vamos sugerir ao planejamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que vai contribuir no sentido de melhorar a conexão das usinas no litoral do Nordeste, principalmente nos Estados da Paraíba, Rio grande do Norte, Ceará e Maranhão. Fizemos uma carta convite a alguns consultores especializados em transmissão e estamos analisando essas propostas. Acreditamos que em cerca de seis meses tenhamos esse trabalho concluído. Nesse mesmo período devemos concluir os estudos sobre o mercado livre.

Tivemos recentemente novos fabricantes anunciando a instalação de fábricas no País, como Alstom, GE e Suzlon. Outros nomes têm procurado a associação para se instalar por aqui?

Sabemos que a Gamesa (empresa espanhola) está com interesse no País, assim como a Acciona (também da Espanha). Tem também a Clipper (fabricante americana), que já está com escritório montado no Brasil e deve estar nos próximos meses mais ativa no mercado.

Com esses fabricantes, deve chegar por aqui uma nova geração de equipamentos?

Naturalmente. A estagnação econômica em que se encontra o mercado europeu e a abertura desse novo mercado de energia eólica no Brasil, que é um País com um potencial gigantesco, fará com que nos tornemos certamente uma plataforma de produção de equipamentos e componentes. Isso se continuarmos realizando leilões exclusivos da fonte, e em patamares superiores a 2.000MW. Existe uma janela de oportunidade muito clara para o Brasil com a crise na Europa. Isso é muito bom, porque vai aumentar a competitividade dessa forma de geração e isso vai refletir no preço. Por isso é necessário que haja novos leilões exclusivos.

Recentemente algumas usinas eólicas tiveram desentendimentos com o Ministério Público. Isso causa alguma preocupação no setor?

Entendemos que isso são coisas pontuais. Se aqui ou ali você tem um problema com o ambiente ou com o MP, você tem que dialogar e identificar onde está o problema. Com o diálogo e a concretização dos parques, isso deve desaparecer. A energia eólica é a menina dos olhos dos ambientalistas. É uma fonte limpa, renovável, que não desaloja ninguém.

O que a fonte ainda precisa para alavancar de vez?

Volume. Precisa de volume. O governo tem que contratar mais volume de energia para a gente ser mais competitivo e transformar a energia eólica em (uma indústria com) uma plataforma de fabricação grande. Se fizermos leilões e contratação de mais de 2.000MW por um período de 10 anos, consolidaremos a fonte, que precisa de escala para ser mais competitiva.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
Petrobras
Angélica Laureano assume como Diretora Executiva de Tran...
11/07/25
Gás Natural
Transportadoras de gás natural lançam nova versão de pla...
11/07/25
Parceria
Equinor e PUC-Rio firmam parceria de P&D de R$ 21 milhões
11/07/25
Resultado
Setor de Óleo e Gás lidera distribuição de proventos em ...
10/07/25
Gás Natural
Comgás recebe 41 propostas em chamada pública para aquis...
10/07/25
Pessoas
Lucas Mota de Lima assume gerência executiva da ABPIP
10/07/25
Biometano
Presidente Prudente (SP) inicia obra de R$12 milhões par...
10/07/25
Combustíveis
Preços do diesel, etanol e gasolina seguem tendência de ...
10/07/25
E&P
Hitachi Energy ajudará a Petrobras a analisar alternativ...
10/07/25
Energia Solar
Thopen capta R$ 293 milhões com XP e Kinea e acelera exp...
10/07/25
Exportação
Firjan manifesta grande preocupação com o anúncio de tar...
10/07/25
Debate
IBP debate direitos humanos na cadeia de suprimentos de ...
09/07/25
Macaé Energy
Com mais de dois mil participantes, 2ª edição do Macaé E...
09/07/25
Combustíveis
Vibra amplia presença da gasolina Petrobras Podium e ava...
09/07/25
Biocombustíveis
Brasil: protagonista da transição do transporte internac...
08/07/25
Evento
Nova Era Connections 2025 celebra os 20 anos da Nova Era...
08/07/25
Sustentabilidade
Foresea conquista Selo Social e apresenta resultados exp...
08/07/25
Meio Ambiente
Tecnologia da Unicamp viabiliza produção sustentável de ...
08/07/25
Premiação
Gasmar conquista prêmio nacional com projeto desenvolvid...
08/07/25
Pré-Sal
FPSO Guanabara MV31 lidera produção nacional de petróleo...
08/07/25
Gás Natural
Petrobras vai escoar mais gás do pré-sal para baixar pre...
07/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.