Opinião

A representatividade da omissão, por Beatriz Cardoso

Beatriz Cardoso
11/04/2017 12:25
A representatividade da omissão, por Beatriz Cardoso Imagem: Divulgação/Evento: criação da Onip em 31/05/1999 Visualizações: 1361 (0) (0) (0) (0)

Nessa quarta-feira, dia 12, representantes de empresas da cadeia produtiva de óleo e gás vão se reunir para decidir o futuro da Onip – Organização Nacional da Indústria do Petróleo. Eles fazem parte do conselho da entidade, criada em 31 de maio de 1999, quando o Brasil recém ‘abria as portas’ do setor de óleo e gás.

Assim como outras entidades desse setor, a Onip vem enfrentando dificuldade para se manter, em decorrência da turbulência enfrentada pela indústria petrolífera do país, por conta dos baixos preços da commodity e, principalmente, pela crise vivenciada pela Petrobras. A despeito do enorme potencial desse setor, em função do pré-sal e novas fronteiras que atraem mais e mais investidores, a Onip corre o risco de ter suas portas fechadas ao completar 18 anos.

O que refletirá a falta de visão dos agentes dessa cadeia produtiva, pois nunca a Onip se fez mais necessária do que agora, para reiterar a missão para o qual foi criada: contribuir para o aumento da competitividade e sustentabilidade da indústria nacional, para a maximização do conteúdo local e para a geração de emprego e renda no setor de petróleo e gás. Essa era a pauta do Movimento Compete Brasil, que surgiu em 1998, mobilizando empresas principalmente do eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais, mas que logo ganharia a adesão de outros estados.

Foi no bojo desse movimento que a Onip surgiria no ano seguinte, com o objetivo de propor ações para a melhoria da política industrial e o desenvolvimento e competitividade da indústria nacional; de implementar ações e articular atores para a remoção de gargalos em fatores de competitividade da indústria local; desenvolver e disseminar conhecimento setorial e inteligência dos mercados nacional e internacional; promover interações e contribuir para o desenvolvimento de negócios em favor dos fornecedores nacionais e buscar caminhos para internacionalizar o fornecedor brasileiro.

Não cabe aqui enumerar as diversas ações e iniciativas implementadas pela Onip que, efetivamente, atuou como o grande fórum de articulação e cooperação entre as companhias petrolíferas e as empresas fornecedoras de bens e serviços, organismos governamentais e agências de fomento.

Tudo isso está no site da entidade, da mesma forma que as 14 rodadas realizadas em parceria com o Sebrae a partir de 2012. O mais importante nessas rodadas é o fato de terem colocado frente a frente toda a cadeia produtiva, inclusive naval e offshore, demandantes e fornecedores, para conversar, negociar, conhecer de perto o que a indústria desejava e o que o mercado tinha a oferecer.

Essa foi a grande contribuição da Onip aos vários eventos nos quais as rodadas foram realizadas, como Rio Oil & Gas, Navalshore, Brasil Offshore, OTC Brasil, entre outros. E a Onip pode fazer isso porque não representava individualmente um segmento, fossem os operadores ou fornecedores. Nem tampouco uma organização regional. A Onip representava toda a indústria e era intrinsecamente nacional – o que é bem diferente de ser brasileira, pois não apenas nasceu no país, mas se constituiu e se consolidou como uma entidade que reunia as empresas que produziam no Brasil, comprometidas com o desenvolvimento de um país.

É essa Onip que não podem deixar morrer. E que tampouco pode sobreviver atrelada a qualquer entidade. Cabe a cadeia produtiva, como um todo, resgatar a verdadeira Onip, que deve estar acima dos interesses setoriais, para que possa defender os interesses da indústria do país. Aqueles que defenderem o fim da Onip, ou pior, sua subserviência a outras entidades, quaisquer que sejam as justificativas, estarão minando os pilares dessa indústria que alegam defender. Mais do que isso, vão consagrar a representatividade da omissão, a falta de compromisso com uma nação.

 

Beatriz Cardoso é editora de TN Petróleo

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Gás Natural
SCGÁS divulga novos projetos aprovados por meio de leis ...
04/07/25
Rio Grande do Sul
Sulgás defende mobilização de deputados gaúchos para ass...
04/07/25
Biodiesel
ANP recebe doação de equipamentos para detectar teor de ...
04/07/25
Meio Ambiente
Biometano emite até 2,5 vezes menos CO₂ do que eletricid...
04/07/25
Fusões e Aquisições
Petróleo lidera fusões e aquisições globais; especialist...
04/07/25
Investimentos
Petrobras irá investir R$ 33 bilhões em projetos de refi...
04/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Petrobras aposta no Sergipe Oil & Gas e será a patrocina...
04/07/25
Pessoas
Julia Cruz é a nova secretária de Economia Verde, Descar...
03/07/25
Gás Natural
TBG lança produto de curto prazo flexível anual
03/07/25
Resultado
Grupo Potencial cresce 70% em vendas de Arla 32 e planej...
03/07/25
Petroquímica
Vibra entra no mercado de óleos básicos para atender dem...
03/07/25
Biocombustíveis
Brasil pode liderar descarbonização do transporte intern...
03/07/25
Energia Elétrica
PMEs: sete dicas para aderir ao mercado livre de energia
03/07/25
Oportunidade
Vibra adere ao Movimento pela Equidade Racial
03/07/25
Pré-Sal
Oil States assina novos contratos com a Subsea7
02/07/25
Sustentabilidade
Congresso Sustentável CEBDS 2025 reúne 300 pessoas em Belém
02/07/25
Energia Elétrica
Com bandeira vermelha em vigor desde junho, energia reno...
02/07/25
Amazonas
Super Terminais e Governo do Amazonas anunciam primeira ...
02/07/25
Transição Energética
CCEE reforça protagonismo na transição energética durant...
02/07/25
Biodiesel
Indústria doa equipamentos para fortalecer fiscalização ...
02/07/25
Macaé Energy
Licença Prévia do projeto Raia é celebrada na abertura d...
02/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.