Beatriz Cardoso
Nessa quarta-feira, dia 12, representantes de empresas da cadeia produtiva de óleo e gás vão se reunir para decidir o futuro da Onip – Organização Nacional da Indústria do Petróleo. Eles fazem parte do conselho da entidade, criada em 31 de maio de 1999, quando o Brasil recém ‘abria as portas’ do setor de óleo e gás.
Assim como outras entidades desse setor, a Onip vem enfrentando dificuldade para se manter, em decorrência da turbulência enfrentada pela indústria petrolífera do país, por conta dos baixos preços da commodity e, principalmente, pela crise vivenciada pela Petrobras. A despeito do enorme potencial desse setor, em função do pré-sal e novas fronteiras que atraem mais e mais investidores, a Onip corre o risco de ter suas portas fechadas ao completar 18 anos.
O que refletirá a falta de visão dos agentes dessa cadeia produtiva, pois nunca a Onip se fez mais necessária do que agora, para reiterar a missão para o qual foi criada: contribuir para o aumento da competitividade e sustentabilidade da indústria nacional, para a maximização do conteúdo local e para a geração de emprego e renda no setor de petróleo e gás. Essa era a pauta do Movimento Compete Brasil, que surgiu em 1998, mobilizando empresas principalmente do eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais, mas que logo ganharia a adesão de outros estados.
Foi no bojo desse movimento que a Onip surgiria no ano seguinte, com o objetivo de propor ações para a melhoria da política industrial e o desenvolvimento e competitividade da indústria nacional; de implementar ações e articular atores para a remoção de gargalos em fatores de competitividade da indústria local; desenvolver e disseminar conhecimento setorial e inteligência dos mercados nacional e internacional; promover interações e contribuir para o desenvolvimento de negócios em favor dos fornecedores nacionais e buscar caminhos para internacionalizar o fornecedor brasileiro.
Não cabe aqui enumerar as diversas ações e iniciativas implementadas pela Onip que, efetivamente, atuou como o grande fórum de articulação e cooperação entre as companhias petrolíferas e as empresas fornecedoras de bens e serviços, organismos governamentais e agências de fomento.
Tudo isso está no site da entidade, da mesma forma que as 14 rodadas realizadas em parceria com o Sebrae a partir de 2012. O mais importante nessas rodadas é o fato de terem colocado frente a frente toda a cadeia produtiva, inclusive naval e offshore, demandantes e fornecedores, para conversar, negociar, conhecer de perto o que a indústria desejava e o que o mercado tinha a oferecer.
Essa foi a grande contribuição da Onip aos vários eventos nos quais as rodadas foram realizadas, como Rio Oil & Gas, Navalshore, Brasil Offshore, OTC Brasil, entre outros. E a Onip pode fazer isso porque não representava individualmente um segmento, fossem os operadores ou fornecedores. Nem tampouco uma organização regional. A Onip representava toda a indústria e era intrinsecamente nacional – o que é bem diferente de ser brasileira, pois não apenas nasceu no país, mas se constituiu e se consolidou como uma entidade que reunia as empresas que produziam no Brasil, comprometidas com o desenvolvimento de um país.
É essa Onip que não podem deixar morrer. E que tampouco pode sobreviver atrelada a qualquer entidade. Cabe a cadeia produtiva, como um todo, resgatar a verdadeira Onip, que deve estar acima dos interesses setoriais, para que possa defender os interesses da indústria do país. Aqueles que defenderem o fim da Onip, ou pior, sua subserviência a outras entidades, quaisquer que sejam as justificativas, estarão minando os pilares dessa indústria que alegam defender. Mais do que isso, vão consagrar a representatividade da omissão, a falta de compromisso com uma nação.
Beatriz Cardoso é editora de TN Petróleo
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