Rio Pipeline 2019

A importância da articulação entre governo, indústria e sociedade para evitar roubo de combustível

Redação/Assessoria IBP
05/09/2019 23:56
A importância da articulação entre governo, indústria e sociedade para evitar roubo de combustível Imagem: TN Petróleo Visualizações: 481 (0) (0) (0) (0)

A necessidade de um diálogo coordenado entre indústria, governo e agentes econômicos para evitar as derivações clandestinas foi a tônica da plenária "A percepção da sociedade sobre a atividade dutoviária", realizada no segundo dia da Rio Pipeline 2019.

"A comunicação com a sociedade deve ser tratada como uma agenda constante e não deve ser vista apenas como um problema da indústria de dutos. Essa é uma questão de segurança nacional, pois envolve, na maior parte dos casos, organizações criminosas", alertou a jornalista mexicana Ana Lilia Perez (foto) durante sua apresentação na sessão. Ana investigou durante anos o cartel de roubo de combustíveis em seu país, publicando diversos livros que mostram como este tipo de crime se tornou mais rentável que o tráfico de drogas no México.

A jornalista apresentou vários exemplos que ilustram como as organizações criminosas se utilizavam da falta de perspectiva financeiras de regiões pobres e, até mesmo da religião, para aliciar moradores e até funcionários da própria estatal de petróleo mexicana, a Pemex, para fazer roubos. "As perdas da estatal chegavam a US$ 10 milhões por dia", acrescentou.

Com base em um dos seus livros, o governo mexicano de Andrés Manuel Obrador colocou em prática ações para acabar com o problema. Entre elas a identificação de postos da própria bandeira Pemex, que fazia a revenda de combustível roubado.

Caminho similar vem sendo perseguido pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, segundo a subsecretária de Óleo, Gás, Energia e Indústria, Cristina Pinho (foto). "Na região do Comperj, por exemplo, estamos levando caminhões com diversos serviços como emissão de carteira de trabalho, recebimento de currículos e outras iniciativas com o objetivo de demonstrar o potencial dessa atividade na geração de emprego e renda para a comunidade", citou a secretária como parte das medidas que estão sendo adotadas para enfrentar o problema. "O tráfico de drogas vê hoje no roubo de combustível uma forma mais barata e rápida de ganhar dinheiro e, por isso, vem aliciando pessoas", comentou ela.

Cristina defendeu que a comunicação com as comunidades deva ser permanente para deixar claro os riscos que todos correm durante uma ação de roubo de combustível. Em alguns casos estes moradores e, até proprietários de postos, são ameaçados. Por isso é tão importante incentivar o recebimento de denúncias", acrescentou a subsecretária.

Fóruns

Infraestrutura de gás natural - Durante o fórum sobre a infraestrutura para exportação de gás natural offshore, Luiz Costamilan, secretário-executivo de Gás Natural do IBP, destacou dados de um recente estudo realizado pelo Instituto que apontam para o início de um período de crescimento significativo da oferta de gás a partir de 2024. De acordo com o executivo, em meados da segunda metade da década, o Brasil atingirá praticamente o dobro da oferta de gás atual.

"Em termos de infraestrutura, o que temos disponível hoje atende à oferta atual de gás. No entanto, estamos frente a um grande desafio, uma vez que, a partir de 2024, precisamos ampliar a infraestrutura existente", afirmou Costamilan.

Segundo José Mauro Coelho, diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), o Brasil pode se tornar um dos cinco maiores produtores e exportadores de petróleo e gás do mundo. "Os principais condutores do crescimento da produção de gás natural são os campos do pré-sal, especialmente as bacias de Campos e Santos, do pós-sal, na bacia de Sergipe-Alagoas, e terrestres, nas bacias do Recôncavo e do Solimões", explicou, lembrando que a capacidade de escoamento em operação e em construção é de 44 milhões de metros cúbicos por dia. "Considerando apenas a produção do pré-sal, atingiríamos o limite dessa capacidade em 2026, gerando a necessidade de ampliação da infraestrutura", complementou.

Entre as iniciativas em andamento para a ampliação da infraestrutura de gasodutos está a conclusão da Rota 3, o gasoduto que vai transportar o gás natural que será produzido nos campos do pré-sal na Bacia de Campos até o Comperj. De acordo com Rafael Imbuzeiro, gerente geral de logística da Petrobras, o projeto deverá ser concluído em 2020 e, a partir de 2021, com a UTG Itaboraí, o gás será colocado no sistema de transporte. Já a Rota 4, que prevê o escoamento de gás da Bacia de Santos até à Praia Grande, no litoral paulista, é um projeto que vem sendo desenvolvido pela Cosan, mas apresenta alguns desafios.

"Talvez o primeiro desafio dentre muitos seja o questionamento do produtor de petróleo sobre o prazo para disponibilidade da infraestrutura de modo que não ameace o cronograma de produção. Outro ponto é o desenvolvimento da demanda local de gás natural, que é um mercado com diversas incertezas e desafios", pontuou Ricardo Hatschbach, diretor de Novos Negócios do grupo Cosan. "Temos uma oportunidade de construir uma outra realidade para esse mercado, e acreditamos que esse projeto se encaixa dentro desses desafios. Hoje, o Brasil reinjeta em torno de 40 milhões de metros cúbicos de gás por dia. O escoamento é uma alternativa para essa reinjeção", finalizou.

Era Digital - No fórum "A era digital dos dutos", um time de executivos e pesquisadores se reuniu para apresentar a atual realidade e as perspectivas para o setor dutoviário na seara da transformação digital. Para Daniel Michilini Carocha, coordenador da Comissão de Transformação Digital do IBP, moderador do debate, os avanços neste sentido visam conquistar ganhos em eficiência para as instalações. Para isso, são necessários sensores, que produzem dados. "Os custos dos sensores caíram drasticamente, mas ainda precisamos traduzir os dados colhidos por eles em processos de tomadas de decisão mais velozes", aponta.

O head de vendas de O&G da Siemens, Claudio Makarovsky, citou alguns casos tecnológicos bem-sucedidos da empresa. As estações de compressão (smart pumping) espalhadas pelas redes de dutos, sobretudo no Canadá, permitem a redução da queima de gás para manter o sistema funcionando e, consequentemente, também da emissão de gases poluentes. Ele apresentou uma tecnologia de nuvem que possibilita o monitoramento e controle das tubulações pelo Whatsapp, em que as mensagens ativam comandos de ações.

Augusto Borella, gerente geral de transformação digital da Petrobras, defende que se deve inovar não só na incorporação de tecnologias, mas também nos modelos de negócio. "Precisamos alcançar a convergência do mundo real em dados, reproduzidos virtualmente", diz, destacando que, para se obter resultados, é necessário o uso de inteligência estratégica de forma sistemática. Além disso, para que as companhias do setor avancem rumo a um futuro tecnológico, Borella recomenda que criem um ambiente em que seja possível a experimentação, desenvolvendo uma cultura de confiança e colaboração.

Mencionando um problema prático do setor, a corrosão dos dutos, a física, professora da Escola Politécnica da USP e pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) Zehbour Panossian, destacou a corrosão interna dessas estruturas, que é mais difícil de ser detectada. Na tentativa de se obter dados confiáveis em relação a este problema, Panossian destaca que novos sensores de ultrassom têm sido desenvolvidos e podem revelar a ocorrência do problema de fora dos dutos.

Stuart Barvir, vice-presidente de vendas globais, O&G e midstream da Aveva, apresentou o Centro Unificado de Operações da empresa, capaz de monitorar em tempo real todos os dados de um sistema de dutos, gerando agilidade, integração entre as estruturas e eficiência operacional. Essas instalações, que já são realidade no Oriente Médio e na Europa, tendem a ser replicadas pelo mundo nos próximos anos, segundo o executivo.

O diretor de negócios para O&G da Gartner, Sergei Beserra, fechou o encontro pontuando que o desafio para o setor é mudar o comportamento no desenvolvimento tecnológico. "Nosso ciclo de ativo é muito longo, então não dá para incorporar tecnologias rapidamente", afirma. Para acelerar esse processo, defende, é necessário investir no "aprender fazendo", o que implica em assumir mais riscos. "É um novo momento para explorar a inteligência aumentada, e temos muito conhecimento instalado. O que falta é um modelo mental", conclui o executivo.

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