Reutera, 07/04/2025
O bloco de 27 países europeus enfrenta tarifas de importação de 25% sobre aço, alumínio e automóveis e tarifas “recíprocas” de 20% a partir de quarta-feira para quase todos os outros produtos.
As sobretaxas de importação criadas pelo governo Trump abrangem cerca de 70% das exportações da UE para os EUA – que no ano passado somaram 532 bilhões de euros – com prováveis tarifas sobre cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira ainda por vir.
A Comissão Europeia, que coordena a política comercial da UE, proporá aos membros no final da segunda-feira uma lista de produtos norte-americanos a serem atingidos com taxas extras em resposta às tarifas sobre aço e alumínio de Trump, em vez de taxas recíprocas mais amplas.
A lista deverá incluir carne, cereais, vinho, madeira e roupas dos EUA, bem como goma de mascar, fio dental, aspiradores de pó e papel higiênico.
Um produto que recebeu mais atenção e expôs a discórdia no bloco foi o uísque. A Comissão estabeleceu uma tarifa de 50%, o que levou Trump a ameaçar com uma contra-tarifa de 200% sobre as bebidas alcoólicas da UE se o bloco for adiante.
Os exportadores de vinho França e Itália expressaram preocupação. A UE, cuja economia depende fortemente do livre comércio, está empenhada em garantir que terá amplo apoio para qualquer resposta, de modo a manter a pressão sobre Trump para que o bilionário assessorado por Elon Musk reveja as novas tarifas.
Luxemburgo sediará na segunda-feira a primeira reunião política em toda a UE desde o anúncio de Trump sobre as tarifas abrangentes, quando os ministros responsáveis pelo comércio dos 27 membros da UE trocarão opiniões sobre o impacto e a melhor forma de responder.
Diplomatas da UE afirmaram que o principal objetivo da reunião será a obtenção de mensagem unificada do desejo de negociar com Washington a remoção das tarifas, mas com a disposição de responder com contramedidas caso isso não aconteça.
“Nosso maior temor após o Brexit eram acordos bilaterais e uma quebra de unidade, mas isso não aconteceu durante três ou quatro anos de negociações. É claro que aqui temos uma história diferente, mas todos podem ver o interesse em uma política comercial comum”, disse um diplomata da UE.
CONTRA-TARIFAS
Entre os membros da UE, há um espectro de opiniões sobre como reagir. A França disse que a UE deveria trabalhar em um pacote que vai muito além das tarifas e o presidente francês Emmanuel Macron sugeriu que as empresas europeias deveriam suspender os investimentos nos EUA até que “as coisas sejam esclarecidas”.
A Irlanda, que tem quase um terço de suas exportações para os EUA, pediu uma resposta “ponderada e comedida”, enquanto a Itália, que tem um governo favorável a Trump e é o terceiro maior exportador da UE para os EUA, questionou se a UE deveria mesmo revidar.
“É um equilíbrio difícil. As medidas não podem ser muito brandas para trazer os EUA virem à mesa de negociações, mas também não podem ser muito duras para levar a uma escalada”, disse um diplomata da UE.
Até o momento, as conversas com Washington não renderam frutos. O chefe de comércio da UE, Maros Sefcovic, descreveu sua conversa de duas horas com os pares norte-americanos na sexta-feira como “franca”, pois disse a eles que as tarifas norte-americanas eram “prejudiciais e injustificadas”.
As contra-tarifas iniciais da UE serão, de qualquer forma, submetidas a uma votação na quarta-feira e serão aprovadas, exceto no caso improvável de uma maioria qualificada de 15 membros da UE, representando 65% da população da UE, se opor a elas. Elas entrarão em vigor em duas etapas, uma parte menor em 15 de abril e o restante um mês depois.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também realizará discussões separadas na segunda e terça-feira com os principais executivos dos setores siderúrgico, automotivo e farmacêutico da UE para avaliar o impacto das tarifas e determinar o que fazer em seguida.
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