InfoMoney, 16/02/2022
A crise na fronteira da Ucrânia impulsionou a já existente tendência de alta do petróleo. O barril do brent foi quase a US$ 97, com a perspectiva de que a Rússia, outra envolvida nas tensões e uma grande exportadora da commodity, receberia sanções. Foi a maior preço em quase oito anos e a projeção, ao menos dos analistas do UBS, é que há espaço para mais.
Nesta quarta-feira (15), uma possível saída diplomática para o conflito entre Rússia e Ucrânia foi sinalizada. Com isso, o preço do "ouro negro" recuou quase 4%, trazendo alívio. A questão é que, na projeção de analistas do UBS, os preços dos combustíveis devem continuar avançando, com o Brent possivelmente chegando a US$ 100 até o fim de 2022, independentemente da paz ser mantida no leste europeu.
Apesar de uma guerra envolvendo um grande produtor de petróleo acelerar a alta, os analistas do banco suíço veem que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) está com dificuldades para cumprir suas metas atuais de uma forma ou de outra. No final do ano passado, a organização acertou que iria aumentar a produção em 400 mil barris por dia até março, mas, ao ver do UBS, a verdade é que há dificuldade de aumentar a escala de extração.
"Embora a Opep e seus aliados tenham concordado em aumentar a produção ao reduzir seus cortes de produção em 2020, o grupo tem lutado para cumprir suas metas devido a interrupções no fornecimento e ao impacto de anos de subinvestimento", apontam os analistas da instituição financeira.
Recentemente, várias companhias e países passaram a focar, além de em combustíveis fósseis, em energias renováveis, buscando a chamada transação -- o que, para o UBS, deve demorar para chegar. "Embora muitas nações tenham se comprometido a alcançar metas de carbono, a transição global para energia limpa precisará de mais tempo para atingir a escala que pode compensar o déficit em combustíveis fósseis tradicionais", pontuam.
Com isso, os preços devem continuar subindo até o final de 2023. "As adições reais de produção foram de 90 mil barris por dia em janeiro (kbpd) e 190kbpd em dezembro, bem aquém em relação à meta de 400 kbpd por mês", afirma o UBS.
A Opep+ se encontra atualmente com uma baixa capacidade ociosa e, enquanto isso, o UBS levanta que países produtores fora do grupo têm pouco interesse em fazer cair os preços, por se beneficiarem do valor mais alto.
Do outro lado, a demanda por petróleo continua avançando em paralelo à recuperação econômica. "Projetamos um crescimento robusto na demanda de petróleo de cerca de 3,4 milhões de barris por dia (mpdb, na sigla em inglês) em 2022, elevando a demanda anual para 100,2 mbpd e ligeiramente acima da média de 2019 de 100,1 mbpd", contextualizam.
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