Meio ambiente

"Bilhões de dólares virão para reflorestamento no Brasil nos próximos anos"

Money Times, 13/01/2022
13/01/2022 09:33
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Sempre que se discute qual deve ser, afinal, a vocação econômica do Brasil, alguém lembra do potencial do nosso agronegócio e o resume naquela já conhecida imagem do "celeiro do mundo". Embora seja indiscutível a força desse setor e sua capacidade de sustentar a economia brasileira, mesmo em períodos de crise, o país pode encontrar uma nova vocação nos próximos anos: o de "celeiro mundial de créditos de carbono".
Essa é a aposta de Felipe Bittencourt, sócio-fundador e CEO da WayCarbon, empresa especializada em desenvolver projetos nesta área. "Nos próximos cinco anos, veremos muitos recursos financeiros para o Brasil, no papel de celeiro de créditos de redução de carbono", diz.
"Serão bilhões de dólares voltados para a restauração florestal", completa. Bittencourt é o convidado da edição desta semana do podcast RadioCash, produzido pela Empiricus Research e pela Vitreo. Por definição, cada crédito equivale a uma tonelada de carbono que deixou de ser lançada ou que foi retirada da atmosfera.
Para Bittencourt, os projetos de reflorestamento serão estratégicos para que o mundo cumpra a meta lançada pelo Acordo de Paris, em 2015, de limitar o aquecimento global, neste século, a 2 graus Celsius. Em seus primórdios, o mercado de crédito de carbono se concentrava em projetos de redução de emissão de gases de efeito-estufa, como dióxido de carbono e metano. As empresas interessadas em diminuir sua pegada de carbono investiam em projetos próprios e compensavam o restante com a compra de créditos de carbono.
Mas, para que o teto de 2 graus Celsius do Acordo de Paris seja cumprido, não basta apenas reduzir as emissões; é preciso retirar da atmosfera os gases que já foram lançados. É aí que entra o reflorestamento: à medida que a área reflorestada volta a crescer, mais carbono é retirado da atmosfera e maiores são as chances de conter o aquecimento global.

Sentido de urgência
Os investidores globais estão cada vez mais cientes disso, e sua pressão sobre empresas e governos para intensificarem seus esforços cresce a cada dia. A ficha de executivos e políticos começa a cair. Com 20 anos de atuação no setor, Bittencourt é testemunha da mudança de atitude de corporações e máquinas públicas.
"Quando comecei, havia a percepção de que a mudança climática era um problema do futuro. Hoje, já percebemos isso no dia a dia, com eventos extremos, como as inundações dramáticas na Bahia e a forte seca no Rio Grande do Sul", diz.
Além das consequências sociais, esses eventos extremos pesam, e muito, no bolso de todos. "O mundo já sofre bilhões de dólares de perdas econômicas, todo ano, devido às mudanças climáticas", lembra Bittencourt. Não é por acaso, portanto, que o setor financeiro seja um dos que mais pressionam empresas e governos a adotarem novas práticas. Cada vez mais, os investidores se debruçam sobre a agenda ambiental, a fim de quantificar os potenciais riscos climáticos e ambientais dos projetos que financiam.
Bittencourt sublinha que a pressão sobre os agentes econômicos será cada vez maior. Isto porque, mesmo com todos os compromissos anunciados na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26), realizada em agosto do ano passado em Glasgow, os especialistas estimam que estamos longe de alcançar o teto de 2 graus Celsius de aquecimento.
"Os países serão desafiados, ano após ano, a aumentar suas metas para que o mundo, como um todo, esteja em linha com aquele limite", diz.

Árvore de dinheiro
É neste ponto que o mercado de créditos de carbono desempenhará um papel fundamental. Criar incentivos econômicos para que as empresas e governos adotem práticas ambientalmente mais saudáveis, reduzindo a emissão de gases de efeito-estufa, como o metano e o dióxido de carbono, ou que retirem do ar esses poluentes, é uma estratégia em que todos ganham -- inclusive, financeiramente.
Bittencourt lembra que, em 2009, a WayCarbon chegou a negociar cada crédito de carbono por 23 euros por tonelada. Com a crise da Europa, nos anos seguintes, a cotação caiu para a casa dos centavos de euro.
Agora, contudo, o mercado de carbono vive uma retomada, estimulado pelo Acordo de Paris, a pressão de investidores internacionais e a adesão crescente das empresas. Além do mercado global, regulado pela Organização das Nações Unidas (ONU), há 64 mercados regionais ou nacionais em que é possível comprar e vender créditos de carbono.
Os países ricos não são os únicos a participarem. Nações com um PIB intermediário, ou até mesmo pequeno, como México, Colômbia e Cazaquistão, já implantaram mercados nacionais regulados. Diante do pouco interesse do atual governo pelo tema, a estruturação do mercado brasileiro anda devagar. Enquanto ele não é criado, as empresas recorrem a outros mercados para negociarem seus créditos. "O mercado voluntário vem crescendo, e mais do que duplicou de tamanho, de um ano para outro, em volume comercializado", afirma Bittencourt.

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