Artigo

O desafio da transição energética e o G20, por Fernanda Brandão

Redação TN Petróleo/Assessoria
15/05/2024 13:02
O desafio da transição energética e o G20, por Fernanda Brandão Imagem: Divulgação Visualizações: 2779

A questão climática e os impactos do aquecimento global se impõem cada vez mais como uma agenda urgente a ser tratada pelos países no âmbito doméstico e internacional. A recorrência e o aumento da gravidade de episódios de desastres naturais em todo o globo terrestre revelam que a mudança da matriz energética, como o investimento em infraestrutura para lidar com os impactos da mudança climática são cada vez mais urgentes. Ainda hoje, a maior parte da energia consumida no mundo vem de fontes não renováveis e poluentes. O carvão e o petróleo continuam sendo as principais fontes de produção de energia elétrica e transporte, respectivamente.

O processo de transformação da matriz energética dos países é complexo e envolve dimensões mais profundas do que apenas a mudança na tecnologia empregada para geração de energia. Mudar a matriz energética envolve uma completa alteração dos processos de transmissão e armazenamento de energia, o que gera impactos sobre a estrutura de prédios e das cidades, implica em modificações na infraestrutura do transporte público e particular, além de exigir o desenvolvimento de planos de contingência, especialmente, no caso de tecnologias de energia intermitentes como solar e eólica. Todos esses elementos são fundamentais para que a transição da matriz energética aconteça de forma efetiva.

Além da complexidade que uma transição energética carrega, o processo de desenvolvimento de novas tecnologias de energia e de infraestrutura é lento, custoso e apresenta poucos retornos financeiros no curto prazo, tornando-o menos interessante para a iniciativa privada. Outro agravante é o valor, pois a troca é cara e o desenvolvimento de economias de escala que possam ser aplicadas de forma ampla com custos reduzidos pode levar tempo. Além disso, todo o processo de transição energética precisa acontecer sem grandes perdas na atividade econômica dos estados. Mais ou menos como trocar o pneu com o carro andando.

Apesar das dificuldades, a questão da transição energética se apresenta como uma agenda cada vez mais urgente. Unido ao aquecimento global, os temas são de relevância para o Brasil no G20. O tema já tem sido tratado em reuniões de ministros e deve ser um dos temas de destaque da ministerial de novembro. O desafio é grande e a cooperação internacional é fundamental para o êxito de uma transição energética a nível global. Assim, o desafio para o G20, que reúne as vinte maiores economias do mundo e, consequentemente, alguns dos maiores consumidores de energia do mundo, é promover uma instância de colaboração e coordenação entre os países para que as ações em prol da mudança do padrão de consumo energético dos países se acelerem.

A questão ambiental sempre foi uma pauta onde o Brasil exerceu protagonismo no cenário internacional e o atual governo busca retomar esse papel do país. Ano que vem, a COP 30 será em Belém do Pará, o que gera uma nova oportunidade de buscar liderar os esforços de cooperação internacional em torno da questão ambiental, especialmente, da transição energética. Para além de resgatar o protagonismo internacional do país nos foros multilaterais, o tema em questão deve ser pensado com maior cuidado no âmbito doméstico. Apesar de o país ter uma matriz energética majoritariamente limpa, a maior parte do consumo energético relacionado aos transportes ainda é de hidrocarbonetos. À medida que as tragédias ambientais de natureza climática se abatem sobre o país, o desafio para o Brasil é ir além do protagonismo na arena internacional e buscar mudanças efetivas que contribuam para a mudança da matriz energética nacional buscando um desenvolvimento econômico mais sustentável. Além disso, investimentos em infraestrutura para lidar com os efeitos da mudança climática se apresentam como urgentes.

Sobre a autora: Fernanda Brandão Martins é coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Evento
Petrolíferas debatem produção mais limpa e tecnologias d...
04/12/25
Leilão
PPSA arrecada cerca de R$ 8,8 bilhões com a alienação da...
04/12/25
Firjan
Novo Manual de Licenciamento Ambiental da Firjan ressalt...
04/12/25
Transição Energética
Óleo & gás continuará essencial até 2050, dizem especial...
04/12/25
PPSA
Leilão da PPSA oferecerá participação da União em áreas...
04/12/25
Asfalto
IBP debate sustentabilidade e novas tecnologias para o f...
03/12/25
Reconhecimento
Casa dos Ventos conquista Medalha Bronze em sua primeira...
03/12/25
Bacia de Santos
PPSA adia leilão de petróleo da União de Bacalhau para o...
03/12/25
Estudo
Firjan lança a 4ª edição do estudo Petroquímica e Fertil...
03/12/25
Biocombustíveis
Porto do Açu e Van Oord anunciam primeira dragagem com b...
02/12/25
Investimento
Indústria de O&> prioriza investimento em tecnologia de ...
02/12/25
Refino
Petrobras irá investir cerca de R$12 bilhões na ampliaçã...
02/12/25
Posicionamento
Proposta de elevação da alíquota do Fundo Orçamentário T...
01/12/25
Gás Natural
Distribuição de gás canalizado é crucial para a modicida...
01/12/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Centro de Formação Profissional da Universidade Tiradent...
01/12/25
Levantamento Sísmico
TGS inicia pesquisa na Bacia de Pelotas
01/12/25
Etanol
Anidro e hidratado fecham a semana em alta
01/12/25
Petrobras
Com um total de US$ 109 bilhões de investimentos o Plano...
28/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Oil States marca presença na Mossoró Oil & Gas Energy 20...
28/11/25
Comemoração
Infotec Brasil completa 40 anos e destaca legado familia...
28/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Petrosupply Meeting realiza 267 encontros e conecta seto...
28/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.