Redação TN Petróleo/Assessoria Global Software
Em projetos de transformação digital, costumo dizer que a fragmentação de dados é a inimiga silenciosa da inteligência artificial. Muitas organizações adotam múltiplos fornecedores, ferramentas e sistemas, o que, em vez de acelerar a inovação, frequentemente gera complexidade, retrabalho e atraso. Esse cenário resulta em um ecossistema de dados fragmentados que compromete a governança e a agilidade, elementos cruciais para o sucesso de qualquer estratégia de IA.
Essa realidade foi confirmada pela pesquisa The 2025 Automation Benchmark Report: Insights from IT Leaders on Enterprise Automation and the Future of AI Driven Businesses, realizada pela Jitterbit em parceria com a Censuswide. Segundo o estudo, 67% das empresas já operam com mais de 500 aplicativos, contribuindo diretamente para a criação de silos de dados significativos, o que chamamos de “divisão de dados”. Além disso, 70% das demandas por automação empresarial ainda recaem sobre as equipes de TI, sobrecarregando times que, em muitos casos, atuam sem as ferramentas adequadas. O dado mais preocupante talvez seja este: embora 99% dos líderes de TI reconheçam a necessidade de integração e automação perfeitas, 71% ainda não contam com uma plataforma unificada capaz de viabilizar esse objetivo.
Ao adotar uma plataforma unificada com camada de inteligência artificial embarcada, as organizações conseguem alinhar IS/IT e áreas de negócio desde o primeiro momento. Essa abordagem permite não só a integração nativa entre sistemas (iPaaS), gestão de APIs e construção de aplicações low code, mas também a criação de fluxos de automação e inteligência orientados para resultados reais de negócio. Com governança centralizada e IA integrada, os usuários das áreas de negócio (LOB – Line of Business) ganham autonomia para explorar dados com agilidade, sem abrir mão da supervisão e segurança da TI.
Nenhum modelo de IA é melhor do que os dados que o alimentam. Em projetos que acompanhei, a falta de integração entre áreas, como Suporte, Vendas e Customer Success, gerou experiências desconectadas para o cliente e, em muitos casos, prejuízos operacionais. A inteligência artificial precisa de uma base sólida, com dados estruturados e consistentes, para oferecer respostas assertivas e ações realmente inteligentes.
Imagine o potencial de um assistente virtual treinado com dados consolidados de toda a jornada do cliente, desde o primeiro contato com o time de vendas até o suporte pós-implementação. A compreensão de contexto, as sugestões proativas e o atendimento personalizado atingem outro patamar. Porém, sem integração, essa visão holística é inalcançável. E quando a IA trabalha com dados incompletos ou desalinhados, os resultados tendem ao erro, ao viés e às famosas alucinações.
Por isso, além da qualidade dos dados, é essencial implementar mecanismos de responsabilidade algorítmica (AI Accountability) e estruturas de contenção (Guardrails). Esses mecanismos garantem que, mesmo diante da imprevisibilidade inerente aos modelos de IA, o uso da tecnologia seja seguro, auditável e ético.
Um dos erros mais comuns que vejo em projetos de integração de dados é o excesso de planejamento sem execução. A espera pelo “cenário ideal” paralisa a inovação. O melhor conselho que posso dar é: comece com um escopo viável, usando dados menos sensíveis, e evolua com consistência.
Desenvolver um roadmap, ainda que inicial, ajuda a priorizar etapas, identificar gargalos e organizar a entrega de valor de forma incremental. Com uma plataforma iPaaS robusta, como a Jitterbit Harmony, é possível centralizar integrações, garantir governança desde o início e testar soluções em ciclos curtos, tornando o processo mais ágil e menos arriscado.
A transição para um modelo colaborativo e unificado de dados pode ser turbinada com automação inteligente. Modelos de IA são capazes de mapear e padronizar dados heterogêneos, detectar e corrigir inconsistências automaticamente e alimentar continuamente um modelo de dados comum com base em interações e feedbacks.
Esse tipo de automação não apenas acelera a entrega, como também reduz erros humanos, promove a colaboração entre departamentos e garante que as informações estejam atualizadas, acessíveis e governadas. A IA atua como ponte entre a complexidade técnica dos sistemas legados e a necessidade de agilidade das áreas de negócio.
A inteligência artificial tem potencial transformador, mas sem dados conectados, esse potencial se perde. Fragmentação gera decisões erradas, respostas imprecisas e frustrações operacionais. Por isso, a integração de dados não deve ser tratada como um “detalhe técnico”, mas como parte central da estratégia de inovação. Com uma plataforma unificada, governança forte e automação inteligente, é possível transformar dados dispersos em vantagem competitiva.
Sobre o autor: Marcos Oliveira Pinto é Global Software Engineer Manager da Jitterbit. Profissional com mais de 14 anos de experiência em engenharia de software, tem forte atuação em arquitetura de sistemas, liderança de equipes e entrega de soluções completas em ambientes de alta complexidade. Possui MBA em Engenharia de Software, bacharelado em Gestão da TI e formação técnica em Ciência da Computação. Tem expertise em .NET C#, Node.js e, nos últimos anos, vem atuando intensamente com Java em ambientes produtivos. Especialista em aplicações SaaS na nuvem com arquitetura multi-tenant em AWS, desenvolve soluções escaláveis e de alta disponibilidade baseadas em microsserviços com Docker e Kubernetes. É presença ativa na comunidade técnica, com participação frequente em eventos e conferências.
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