Artigo

Como a indústria contribui para um Brasil Eficiente, por Carlos Rodolfo Schneider

Redação TN Petróleo/Assessoria
10/07/2023 07:28
Como a indústria contribui para um Brasil Eficiente, por Carlos Rodolfo Schneider Imagem: Divulgação Visualizações: 1275

O Brasil é um país que tem crescido pouco e de forma errática. A evolução da renda per capita deixa isso claro. Segundo dados do Banco Mundial, de 1980 a 2019, o crescimento acumulado da renda per capita na América Latina foi de 74%, nos EUA, de 95%, nos países do Sudeste Asiático, de 342%, e no Brasil de apenas 34%. Realmente não temos o que comemorar nesse cenário.

De outro lado, observamos aqui o mais intenso processo de desindustrialização do planeta. De acordo com o Banco Mundial, a participação da indústria de transformação no PIB caiu de 21,83% para 10,33% no Brasil, no período de 1991 a 2019. Na Europa o recuo foi de 18,91% para 15,33%, no Leste da Ásia, de 24,32% para 22,64%. Sabemos que os países que passam de um estágio de renda média para um de renda alta enfrentam um processo natural de redução da participação da indústria na economia em função da alteração do perfil do consumo da população, que passa a demandar mais serviços. É um processo gradativo e suave como o da Itália que caiu de 19,09% para 14,88% no período, da Suíça, de 19,74% para 17,92%, do Japão, de 23,46% para 20,05%, e da Alemanha, de 24,84%para 19,55%. Na América do Sul, e mais acentuadamente no Brasil, tivemos um processo muito mais forte e prematuro.  A indústria saindo de cena antes de o país alcançar o nível de renda alta. Significa que não é a mudança do perfil da demanda que está fazendo recuar a indústria e sim a competitividade da economia, que diminui a capacidade da nossa manufatura de disputar mercados. 

Apesar de uma pequena melhora recente, os rankings de competitividade internacional têm classificado o nosso país numa posição nada confortável. A CNI (Confederação Nacional da Indústria), por exemplo, faz um levantamento do nosso potencial competitivo comparado ao de 17 países, cuja indústria compete mais diretamente com a nossa. No levantamento de dezembro de 2022 ganhamos uma posição, passando do penúltimo para o antepenúltimo lugar. O nosso pior desempenho está nos quesitos financiamento, tributação, ambiente macroeconômico, ambiente de negócios, infraestrutura e logística e mão de obra. É o conhecido Custo Brasil, uma bola de chumbo amarrada nos pés da indústria. A carga tributária mais elevada entre os países em desenvolvimento (32,5% do PIB contra média de 24,1% nos demais países do ranking), sistema de impostos caótico, insegurança jurídica, excesso de burocracia, infraestrutura altamente deficiente, baixa qualidade da educação (não por falta de investimento, mas por alocações inadequadas), comprometem a nossa produtividade e capacidade de inovação.

A Reforma Tributária que tramita no Congresso Nacional busca resolver ou amenizar o nosso manicômio tributário, o mais complexo, confuso e ineficiente regramento de impostos que existe. Se conseguirmos, será um grande avanço. Mas não esqueçamos que para encaminhar a principal preocupação dos empresários, e certamente também da sociedade, que é a redução da carga tributária, temos que fazer a Reforma Administrativa e perseguir a eficiência da administração pública. No momento em que se discutem no país novas regras para buscar o equilíbrio das contas públicas, condição para que a economia possa voltar a crescer de forma mais consistente, para que se aumente o PIB potencial, devemos olhar as boas experiências de outros países. E elas não deixam dúvidas de que aqueles que buscaram o equilíbrio fiscal e a retomada do crescimento pela redução e pelo aumento da eficiência do gasto público foram muito mais bem-sucedidos do que os que tentaram o caminho mais fácil do aumento dos dispêndios e da arrecadação. Os primeiros tiveram trajetórias mais modestas no início, mas consistentes e aceleradas depois. Os segundos têm escrito histórias de voos de galinha.

Importante o esforço que o Sr. Vice-presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, vem fazendo em defesa da indústria brasileira e da sua modernização, com incorporação das tecnologias de última geração. Ele sabe bem que a indústria ainda tem papel importante a desempenhar para que  possamos entrar no rol dos países desenvolvidos. Mas para que isso possa acontecer temos que construir uma economia mais competitiva, isto é, um Brasil Eficiente. Ele também sabe . Tomara que os seus pares também enxerguem isso.

Sobre o autor: Carlos Rodolfo Schneider é empresário

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Firjan
Rio pode ganhar mais 676 mil empregos com estímulo a 9 n...
10/12/25
Reconhecimento
Programa Nacional de Transparência Pública concede certi...
10/12/25
Combustíveis
Com novo aumento do ICMS para 2026, impacto nos preços d...
10/12/25
PPSA
Contratos de partilha vão produzir 2 milhões de barris a...
10/12/25
Logística
Transpetro amplia atuação logística com integração da PB...
09/12/25
Posicionamento IBP
Imposto Seletivo sobre petróleo e gás ameaça exportações...
09/12/25
Energia Solar
ArcelorMittal e Atlas Renewable Energy concluem construç...
09/12/25
ANP
Audiência pública debate apresentação de dados visando a...
09/12/25
Evento
PPSA realiza nesta terça-feira Fórum Técnico para debate...
09/12/25
Firjan
PN 2026-2030 - Novo ciclo de oportunidades é apresentado...
08/12/25
Prêmio ANP de Inovação Tecnológica
Projeto da Petrobras em parceria com a CERTI é vencedor ...
08/12/25
Margem Equatorial
Ineep apresenta recomendações estratégicas para início d...
08/12/25
Energia Elétrica
Primeiro complexo híbrido de energia da Equinor inicia o...
08/12/25
Prêmio ANP de Inovação Tecnológica
Parceria premiada - Petrobras participa de quatro dos se...
05/12/25
Evento
Petrolíferas debatem produção mais limpa e tecnologias d...
04/12/25
Leilão
PPSA arrecada cerca de R$ 8,8 bilhões com a alienação da...
04/12/25
Firjan
Novo Manual de Licenciamento Ambiental da Firjan ressalt...
04/12/25
Transição Energética
Óleo & gás continuará essencial até 2050, dizem especial...
04/12/25
PPSA
Leilão da PPSA oferecerá participação da União em áreas...
04/12/25
Asfalto
IBP debate sustentabilidade e novas tecnologias para o f...
03/12/25
Reconhecimento
Casa dos Ventos conquista Medalha Bronze em sua primeira...
03/12/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.