Um novo estudo publicado na revista Open Minds International Journal revela que a pressão por alta performance nas organizações está a criar uma crise na liderança, com impactos diretos na saúde mental de líderes e equipas. A pesquisa, liderada por Gustavo Lyrio de Oliveira, Oficial Superior do Exército Brasileiro com especialização em gestão de pessoas e educação corporativa.? e especialista em gestão de pessoas, defende que a ausência de autoconhecimento e empatia nos líderes está na raiz de ambientes de trabalho tóxicos, com consequências como stress, burnout e perda de produtividade. O estudo, que não conta com coautores, combina reflexões teóricas com dados de organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Instituto Qualibest.
A investigação nasceu da necessidade de compreender por que tantas empresas, mesmo com metas ambiciosas e avanços tecnológicos, enfrentam problemas como desmotivação e esgotamento dos colaboradores. Gustavo Lyrio, que há anos estuda comportamento organizacional, quis explorar como a falta de uma liderança mais humana afeta não só o bem-estar das equipas, mas também os resultados das organizações. A pesquisa foca-se numa visão neurocientífica e comportamental, analisando como o cérebro dos líderes e dos colaboradores reage às pressões do trabalho moderno.
O trabalho é um ensaio teórico, ou seja, uma análise profunda baseada em estudos anteriores e dados de fontes confiáveis, como a OMS e a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho. O autor cruzou informações sobre saúde mental, como a prevalência de stress e burnout, com conceitos de neurociência comportamental. Por exemplo, o estudo cita que a falta de autoconhecimento pode estar ligada a áreas do cérebro responsáveis pela regulação emocional, como o córtex pré-frontal. Quando os líderes não gerem bem as suas emoções, isso reflete-se nas equipas, criando um ciclo de stress.
Do ponto de vista genômico, o estudo menciona que traços de personalidade, como a capacidade de empatia, podem ter bases genéticas que influenciam o comportamento. Embora o ensaio não realize testes genéticos, ele usa pesquisas que mostram como a identidade pessoal, moldada por fatores biológicos e ambientais, afeta a forma como os líderes tomam decisões.
O estudo aponta que muitos líderes estão tão focados em resultados que esquecem a essência humana do trabalho. Sem autoconhecimento, ou seja, sem compreenderem as suas próprias emoções, forças e fraquezas, os líderes tendem a criar ambientes rígidos. Isso gera problemas como:
Stress e burnout: Segundo a OMS, cerca de 1 bilião de pessoas vive com transtornos mentais, e o trabalho é um dos principais gatilhos. Em Portugal e no Brasil, estudos citados mostram que mais de 50% dos trabalhadores enfrentam sintomas como insónia, irritabilidade e cansaço extremo.
Equipas doentes: Líderes que não cuidam da sua saúde mental acabam por afetar os colaboradores, que produzem menos e ficam mais desmotivados.
Perda de identidade: Muitos líderes confundem quem são com o que fazem, buscando validação apenas nos resultados. Isso aumenta o risco de depressão e desengajamento, conforme estudos que indicam um risco 50% maior de burnout em pessoas com baixa clareza de identidade.
Do ponto de vista neurocientífico, o estudo explica que o stress crónico ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, liberando cortisol em excesso, o que prejudica a tomada de decisões e a empatia. Já a nível comportamental, a falta de empatia impede que os líderes criem laços de confiança, essenciais para equipas saudáveis.
A principal mensagem do estudo é clara: sem empatia e autoconhecimento, a liderança torna-se insustentável. Empresas que priorizam apenas números correm o risco de criar ambientes onde os colaboradores sobrevivem, mas não prosperam. O autor sugere que os líderes invistam em práticas como:
Autoconhecimento: Refletir sobre as próprias emoções e limites, usando ferramentas como terapia ou coaching.
Empatia corporativa: Escutar ativamente as equipas e reconhecer o seu valor, o que fortalece a confiança.
Equilíbrio: Valorizar o bem-estar tanto quanto os resultados, reduzindo a pressão por produtividade a qualquer custo.
Para o público leigo, o estudo compara o cérebro a um maestro: se o líder, que conduz a orquestra, está desequilibrado, a música sai desafinada. A neurociência mostra que cuidar da saúde mental não é luxo, mas necessidade. Já a genômica comportamental sugere que, embora cada pessoa tenha traços únicos, todos podem aprender a ser mais empáticos com prática e reflexão.
Gustavo Lyrio defende que as empresas devem repensar como formam os seus líderes. Programas de treino que incluam saúde mental e desenvolvimento pessoal podem mudar o cenário atual. Além disso, ele sugere que as organizações criem espaços seguros para que os líderes admitam vulnerabilidades sem medo de julgamento.
Publicado na Open Minds International Journal em 30 de julho de 2025, o estudo é um alerta para o futuro do trabalho. Num mundo onde a tecnologia acelera tudo, o fator humano não pode ser esquecido. Como diz o autor, "o verdadeiro legado de um líder não está nos gráficos que sobem, mas nas vidas que transforma".
Fonte: redação TN com assessoria
Imagem: pexels
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