Escolher o tema da pesquisa de mestrado é, para muitos candidatos, um dos momentos mais desafiadores de toda a jornada acadêmica. E não é para menos: o tema não só guia o projeto que será avaliado na seleção, como também acompanha o pesquisador por dois ou mais anos de estudos intensos. Entre alunos que buscam programas stricto sensu, é comum que a escolha do tema gere insegurança, procrastinação e até desistência do processo seletivo.
À frente da preparação de milhares de alunos que buscam ingressar no mestrado e no doutorado, a educadora e mentora acadêmica Isa Sara afirma que o maior erro é tentar escolher um tema "perfeito demais" logo no início. "O tema precisa ser bom, claro, mas acima de tudo possível e significativo para quem vai pesquisar. A busca por um assunto genial paralisa muita gente, quando o mais importante é escolher algo que faça sentido com a trajetória e os objetivos do candidato", explica.
Isa destaca que o tema ideal deve reunir quatro pilares fundamentais: interesse pessoal, relevância social, viabilidade técnica e genuíno interesse em agregar conhecimento à pesquisa do professor orientador, podendo ser desenvolvido em uma semana se o aluno tiver acesso às estratégias corretas . Sem isso, o risco de bloqueios e frustrações ao longo do processo aumenta significativamente. "Já acompanhei muitos alunos que começaram com temas muito amplos ou distantes de suas vivências. Eles acabam se perdendo no meio do caminho. Quando o tema está alinhado com a história e o propósito da pessoa, a escrita flui e o projeto ganha força", diz
Outro ponto essencial é o alinhamento com a linha de pesquisa do programa pretendido. "Não adianta propor um estudo sobre saúde pública num programa voltado à linguística, por exemplo. É preciso estudar os editais, conhecer os grupos de pesquisa e ler os trabalhos dos orientadores. Isso mostra preparo e aumenta as chances de aprovação", orienta.
Para quem ainda está perdido, Isa sugere começar com algumas perguntas-chave que ajudam a identificar temas com potencial: que assuntos te emocionam ou despertam indignação? Que problemas você já vivenciou na prática e acredita que merecem ser investigados? Que transformações gostaria de provocar por meio da sua pesquisa? Segundo ela, essas reflexões podem abrir caminhos concretos e alinhados com o propósito de cada candidato.
Ela também sugere que o candidato observe as experiências do próprio cotidiano. "Temas potentes estão muitas vezes nos lugares mais simples. Uma professora da rede pública que vivencia a evasão escolar pode fazer disso sua pesquisa. Um gestor da saúde que enfrenta gargalos na atenção primária pode propor uma solução com base em evidências. Não subestime sua experiência, ela é fonte legítima de conhecimento", defende.
Isa reforça que é natural que o tema amadureça com o tempo, e que mudanças ao longo do percurso são esperadas. "Você não precisa ter todas as respostas agora. O mais importante é começar com um direcionamento claro e uma motivação genuína. A consistência vem com o aprofundamento."
Por fim, ela lembra que o mestrado não exige uma descoberta inédita, mas sim uma contribuição coerente e bem fundamentada. "Você não precisa reinventar a roda. Um bom projeto é aquele que propõe uma reflexão relevante, que parte de uma base sólida e que mostra que o pesquisador sabe onde quer chegar. A originalidade está muitas vezes no olhar, na abordagem, na forma como você interpreta e analisa um problema."
Para Isa, escolher a pergunta que vai gerar o tema da pesquisa é o primeiro passo para transformar a própria trajetória, e muitas vezes, a de outras pessoas. "A pós-graduação não é só sobre títulos. É sobre dar voz a quem vive as dores da sociedade e tem coragem de propor caminhos. Quando o tema parte desse lugar, a pesquisa ganha potência, e o candidato também."
Fonte: assessoria Isa Sara
Imagem: divulgação
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