Campus Party 2022: o maior evento de tecnologia do país, também se preocupa com o que a tecnologia pode trazer de prejudicial aos jovens e crianças

01/02/2022 19:41

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Neurocientista, Dr. Fabiano de Abreu, explica como a tecnologia pode influenciar negativamente no desenvolvimento da inteligência dos mais novos

A Campus Party é o maior evento de imersão tecnológica em Internet das Coisas, Blockchain, Cultura Maker e Empreendedorismo do mundo, é conhecida pelos participantes que vão acampar e acordam já imersos no mundo tecnológico. A edição de 2021, realizada em novembro, foi um sucesso absoluto tendo tido audiência de cerca de 700 mil pessoas nas plataformas digitais. Em 2022, a Campus Party está prevista para acontecer nos dias 15 e 20 de Fevereiro, no Pavilhão de Exposições do Anhembi em São Paulo, além das outras edições de Brasília, nos dias 9 e 13 de Março, Goiânia, em 15 e 19 de Junho e Recife, durante o mês de setembro. O evento marcará a volta a realização presencial e terá o período pós-pandemia como um dos principais focos.

Além de estimular os conhecimentos sobre as tecnologias de última geração, em 2022, o evento pretende alertar sobre os perigos do uso excessivo da internet. O PhD em neurociências, biólogo e antropólogo Dr. Fabiano de Abreu, especialista em estudos sobre inteligência e membro de 4 sociedades de pessoas mais inteligentes do mundo, entre elas a Mensa Internacional e a restrita Triple Nine Society, acredita que a internet pode ser um fator agravante de ansiedade em um país que já é considerado o mais ansioso do mundo. "As redes sociais funcionam como um refúgio, onde, somente a expectativa de um like, ou de qualquer reação, já causa a liberação do neurotransmissor também da "recompensa", a dopamina. O problema é que a mesma cena não libera a mesma quantidade hormonal na mesma intensidade, precisando de mais e diferentes cenas elevando a ansiedade para mais e maior liberação. A dopamina é viciante, tanto que um ex-usuário de drogas tem abstinência ao deixar a substância já que ela não é mais liberada na mesma intensidade no organismo. São intensidades diferentes, mas o vício é gradativo. Por isso somos a sociedade mais ansiosa do mundo e a que mais passa horas no celular", explica.

Nesse contexto, o especialista acredita que é um momento crucial para se ensinar sobre como utilizar a internet de maneira adequada. "A internet tem diversos pontos favoráveis, como ter mais acesso ao conhecimento, conveniência, eliminar fronteiras, inicio de interação, chamo de inclusão social primária, já que temos que interagir de forma física também. Mas esses pontos favoráveis, como o conhecimento, por exemplo, não são exercidos. Na realidade, a sua dinâmica revela uma fadiga. Não apenas pelas consequências emocionais, como também pela economia de energia em pensar que a informação está sempre disponível, que pode buscá-la a qualquer momento, mas não busca já que a tomada de decisões está afetada", explica.

Mesmo com tanta informação disponível a um clique, o neurocientista não acredita que os jovens de hoje podem ser considerados 'mais inteligentes' do que a geração anterior. "Há um domínio tecnológico, com resposta dinâmica, mas rasa. É como se, ao buscar uma equação completa, só apresentasse a fórmula, mas sem o desenvolvimento e conclusão. Há uma dificuldade na criação, na memória permanente, trazendo memórias quase que apagadas do que poderia ser útil. A curiosidade se limita a um instantâneo imaginário, numa fantasia sem embasamento histórico e sem maturidade", pontua.

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