A tensão crescente na Líbia e no Irã está preocupando o mercado de petróleo. O barril chegou a US$ 104 ontem em Londres. Especialistas dizem que o movimento de alta tem relação com a situação no Oriente Médio, região que produz mais de 30% do petróleo mundial. Na Líbia, manifestantes convocaram para hoje um "dia de fúria".
O Irã é o quarto maior produtor de petróleo do mundo, com uma produção de 4,17 milhões de barris por dia. A Líbia, é o 18º, com 1,79 milhão de barris, segundo o governo americano.
Ontem, manifestantes nos dois países entraram em choque com forças de segurança e grupos pró-governo. Na Líbia, governada pelo ditador Muamar Gadafi há quatro décadas, o clima de temor se ampliou quando Israel disse que navios de guerra iranianos teriam cruzado o Canal de Suez e entrado no Mediterrâneo. A agência que administra o Canal disse que não havia recebido nenhuma notificação da passagem dos navios iranianos. O governo iraniano também não confirmou a informação.
"Essas notícias elevam o prêmio de risco do Oriente Médio", disse Phil Flynn, vice-presidente da PFGBest, em Chicago. Para ele, "essa é uma reação às notícias que dizem que o Irã enviou dois navios militares para o canal do Suez".
"A tensão no Oriente Médio tem tido um enorme impacto no mercado do brent [petróleo cotado em Londres]", disse Todd Horwitz, estrategista do Adam Mesh Trading Group, em Nova York. Para ele, o impacto é maior na Europa do que nos EUA pois os americanos não recebem tanto petróleo do Oriente Médio quanto os europeus.
Mas mesmo no mercado de Nova York, a cotação do petróleo subiu ontem, 67 centavos de dólar, para US$ 84,99 o barril.
A notícia sobre os navios iranianos foi veiculada pelo ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman. Ele qualificou o fato de "provocação". "Nesta noite, dois navios iranianas teriam atravessado o Canal de Suez, seguindo pelo Mediterrâneo, a caminho da Síria", declarou Lieberman. "A comunidade internacional deve compreender que Israel não pode ignorar eternamente as provocações", afirmou o ministro.
Em comunicado, a Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês) informou que não havia recebido nenhuma notificação da passagem dos navios iranianos. "O Canal de Suez não aceita a moeda iraniana, mas isso não quer dizer que navios iranianos não possam utilizar a nossa hidrovia."
Se a informação israelense for confirmada, seria a primeira vez desde 1979 que navios de guerra iranianos atravessariam o canal.
Em Teerã, partidários do governo entraram em confronto com manifestantes da oposição durante o funeral de um estudante baleado num protesto contra o governo na segunda-feira, informou a emissora estatal Irib.
Na Líbia, centenas de pessoas revoltadas com a prisão de um ativista pró-direitos humanos entraram em choque com a polícia e partidários do governo em Benghazi, a segunda maior cidade do país.
Os relatos de Benghazi, a mil quilômetros a leste da capital, indicam que a situação na cidade se acalmou à noite, após manifestantes atearem fogo a veículos e enfrentarem a polícia.
Opositores de Gadafi usaram o site de relacionamento Facebook para convocar a população a sair hoje às ruas em todo o país para o que chamaram de "dia de fúria"