Combustíveis

Reajuste pode ser suficiente

O reajuste de 4% para gasolina e 6% para o diesel anunciado nesta quinta-feira (14/10) pela Petrobras, parece tímido, mas não é, segundo o professor Edmar Almeida, pesquisador do grupo de economia da energia do IE/UFRJ. "Como a Petrobras trabalha com a média dos preços anuais, os reajustes anun


14/10/2004 03:00
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O reajuste de 4% para gasolina e 6% para o diesel anunciado nesta quinta-feira (14/10) pela Petrobras parece tímido, mas não é, segundo o professor Edmar Almeida, pesquisador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ. "Como a Petrobras trabalha com a média dos preços anuais, os reajustes anunciados podem até ser suficientes se o preço do petróleo voltar a cair no mercado internacional em três ou quatro meses", afirma Almeida.
O professor acredita, entretanto, que a estratégia da Petrobras foi adotar um aumento provisório para evitar que a dafasagem dos combustíveis no mercado doméstico em relação aos preços internacionais fique muito grande. Outra razão, segundo Almeida, pode ser reduzir os problemas financeiros das refinarias privadas, que pagam preços internacionais pelo petróleo que refinam.
Apesar de concordar que o reajuste atual não chega a equiparar os preços domésticos com os internacionais, Almeida discorda de que a defasagem esteja em 20%, como sugerem os cálculos do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). "O cálculo do CBIE se baseia no pico de preço do petróleo. Se tomarmos os US$ 53-54 dólares atuais, os preços internos estão 20% abaixo mesmo, mas a Petrobras trabalha com a média de preço anual e até junho de 2004 a companhia estava alinhada com o mercado internacional", comenta Almeida. O professor lembra ainda que a companhia chegou a praticar preços internos acima do mercado internacional em 2003.
"Se os preços caírem, o reajuste de 4% e 6% pode até chegar a ser suficiente", comenta Almeida, que argumenta ainda: "Os preços internacionais atuais não são sustentáveis economicamente, eles vão baixar. Isso é consenso, o que não se sabe é quando vão baixar."
O pesquisador explica que preços acima de US$ 40 viabilizam o aumento da produção de petróleo e com isso a redução do impacto da demanda. "Além disso, com preços tão altos, os governos começarão a desenvolver políticas de substituição de combustíveis o que também impactaria a demanda", acrescenta.
Por enquanto, a escalada continua. O petróleo leve norte-americano chegou a atingir a marca dos US$ 54,75 o barril, enquanto o Brent chegou a US$ 50,90. A demanda já aquecida durante todo o ano estará mais elevada com a chegada do inverno no Hemisfério Norte e a necessidade de combustível para calefação.
A lista de fatores que afetam o preço do petróleo incluem aspectos geopolíticos decorrentes da instabilidade do Iraque; econômicos, referentes ao aumento da demanda mundial por combustíveis e as incertezas financeiras sobre a petroleira russa Yukos; climáticos, resultantes da passagem do furacão Ivan pelo Golfo do México e chegada do inverno no Norte; e sociais, com a greve nigeriana. A incapacidade dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em aumentar a produção e a contínua redução dos estoques norte-americanos de combustíveis são outros fatos que agitam o mercado internacional.
O efeito do reajuste de combustíveis na economia brasileira será o aumento 0,1% nos índices de preço ao consumidor, segundo a análise da consultoria Global Invest, que argumenta que a companhia adotou a fórmula de aumentar os preços no meio do mês para repartir o impacto inflacionário.
Nesta quinta-feira, as ações da Petrobras na Bovespa caíram 3,5%, o que analistas atribuem à insuficiência do reajuste anunciado. O mercado especulava que o aumento dos combustíveis seria de 10%.

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