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Preços do petróleo não devem afetar balança

Valor Econômico
26/09/2006 03:00
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O vaivém dos preços do petróleo perdeu relevância no desempenho do saldo da balança comercial brasileira. Graças ao aumento das exportações, o país deve registrar um pequeno déficit de US$ 500 milhões ou até estabilidade na conta petróleo em 2007, prevêem os economistas. Com essa perspectiva, as alterações dos preços internacionais do petróleo e derivados, que assombraram o país nas décadas de 70 e 80, praticamente não afetam as contas externas.

"O petróleo deixou de ser uma preocupação para a balança", afirma Fábio Silveira, economista da RC Consultores, ressaltando que existe hoje um "hedge natural". Conforme as estimativas da consultoria, as exportações de petróleo e derivados devem atingir US$ 13,3 bilhões e as importações US$ 13,8 bilhões em 2007, o que significa déficit de apenas US$ 500 milhões. "Não descartaria até um equilíbrio", diz.

Para Sérgio Vale, da MB Associados, "o preço não terá efeito importante, porque há uma diferença menor em termos de valor entre exportação e importação". Ele projeta déficit de apenas US$ 475 milhões na balança de petróleo e derivados em 2007.

Em 2004, o prejuízo do complexo petróleo para a balança chegou a US$ 5,7 bilhões, segundo a RC Consultores. Esse valor caiu para US$ 2,7 bilhões em 2005 e deve ficar em apenas US$ 1 bilhão este ano. O rombo está cada vez menor por conta do desempenho das exportações, que são reflexo do aumento da produção da Petrobras.

Segundo o Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), a produção brasileira de petróleo subiu de 1,54 milhão de barris/dia em 2004 para 1,788 milhão de barris/dia em 2006. Para 2007, o CBIE projeta novo incremento de produção -1,882 milhão de barris/dia.

As exportações de petróleo e derivados, que estavam em US$ 5,7 bilhões em 2004, devem chegar a US$ 13 bilhões em 2006, alta de 130%, segundo a RC Consultores. O ritmo de crescimento das importações é inferior. Entre 2004 e 2006, as compras externas cresceram 18,6%, para US$ 14 bilhões.

Em 2006, o aumento das quantidades exportadas é fundamental para o crescimento das exportações. Já as importações só avançam graças à evolução dos preços. Segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), os volumes exportados de combustíveis cresceram 37,7% de janeiro a agosto em relação a igual período de 2005. Os preços dos combustíveis exportados avançaram 20,9%. Nas importações, os preços dos combustíveis subiram 34,2% na mesma comparação, enquanto a quantidade caiu 1,4%.

Silveira, da RC Consultores, projeta queda de 5% nos preços do petróleo em 2007 em relação a 2006. Mas o impacto não será significativo, porque, assim como deve obter menos recursos com as exportações, o país pagará menos pelas importações. Os economistas também descartam efeito expressivo da recente queda dos preços do petróleo na balança em 2006, porque afetará poucos meses do ano.

Os preços do petróleo estiveram em verdadeira gangorra este ano. A cotação do barril de Brent saltou de US$ 59 em abril para US$ 78,4 em agosto, alta de 33%. A queda também foi vertiginosa. O petróleo terminou o dia ontem a US$ 60 por barril. Segundo Fabiana D`Atre, da Tendências Consultoria, os preços do petróleo despencaram por uma conjunção de fatores: desaceleração da economia americana, com aumento dos estoques, perda de relevância da incerteza política, com alguma calmaria no Oriente Médio, e perspectiva de aumento da oferta, com descobertas de novas reservas no Golfo do México.

Adriano Pires, diretor do (CBIE), estima que os preços do petróleo devem ficar entre US$ 60 e US$ 65, na média, em 2007. "É um fato estrutural. A oferta dá sinais de crescimento maior que a demanda", diz. Ele não aposta que a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) tente evitar queda dos preços, reduzindo a produção. "A Opep estava em posição desconfortável com o petróleo a US$ 70. Essa cotação viabiliza uma série de combustíveis alternativos", diz.

Vale, da MB Associados, acredita que, se a produção de petróleo continuar crescendo, o Brasil pode até obter superávit na conta-petróleo em 2008. Nesse caso, um aumento de preços beneficiaria a balança comercial, já que as exportações superariam as importações.

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