Embora a Petrobras tenha arrematado o maior número de blocos no primeiro dia da 6ª rodada de licitações de áreas de exploração da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a companhia protagonizou uma das mais curiosas derrotas no início do leilão. A Petrobras deu o maior lance, mas o consórci
Embora a Petrobras tenha arrematado o maior número de blocos no primeiro dia da 6ª rodada de licitações de áreas de exploração da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a companhia protagonizou uma das mais curiosas derrotas no início do leilão. Responsável pelo maior lance pelo bloco marítimo CM-61, na Bacia de Campos (RJ), em consórcio com a espanhola Repsol-YPF, a empresa perdeu sua concessão para um consórcio formado por duas empresas independentes americanas e uma sul-coreana, cuja oferta, no cômputo geral, apresentou maior percentual de conteúdo nacional mínimo.
O consórcio vencedor, formado pelas americanas Devon Energy Corporation (40%) e Kerr-McGee Corporation (33%) e a SK Corporation (27%), da Coréia do Sul, apresentou uma proposta cujo bônus de assinatura - o lance - somava R$ 28,5 milhões. A da Petrobras com a Repsol-YPF chegava a R$ 37,4 milhões, mas não foi considerada vencedora porque apresentava percentuais
de conteúdo nacional inferiores nas fases de exploração e de desenvolvimento da produção. Além disso, o envelope do consórcio coreano-americano também previa um programa exploratório mínimo superior.
Em relação ao conteúdo nacional - dividido nas fases de exploração e desenvolvimento da produção -, a proposta da Petrobras previa, na etapa de desenvolvimento, um percentual de 70% de conteúdo local na contratação de plataformas e 100% no programa de engenharia. O problema é que a proposta americana também incluía 81% de conteúdo nacional no programa de
engenharia, mas de outros 81% na contratação de plataformas, justamente o que pesou contra a Petrobras.
Após a vitória na disputa, o presidente da subsidiária brasileira da Devon, Murilo Marroquim, foi muito cumprimentado por executivos de outras companhias. Mesmo assim, ele fez questão de minimizar o fato de ter derrotado a Petrobras justamente graças a um ponto nevrálgico para sua atual administração: o conteúdo nacional. "Essa não foi a primeira derrota da Petrobras em um leilão. Isso faz parte do processo", desconversou Marroquim, que estipulou um prazo de dois a três anos para começar a perfurar o bloco arrematado.
Ao todo, foram licitadas, na parte da manhã, um total de 60 blocos, dos quais 24 foram arrematados. Desses 24, 15 ficaram com a Petrobras, dos quais 14 por meio de consórcios com companhias nacionais e estrangeiras. Ao todo, a Petrobras arrematou cinco blocos em parceria com a norueguesa Statoil, na Bacia de Camamu-Almada (BA); duas com a anglo-holandesa Shell, na Bacia de Campos; e sete com a portuguesa Petrogal, na Bacia Potiguar, localizada em terra.
A Bacia Potiguar concentra em sua porção terrestre uma grande quantidade dos chamados campos maduros, o que justificou o forte interesse de operadoras independentes brasileiras nesse primeiro dia de leilão. Os destaques, nesse caso, foram a Aurizônia Empreendimentos Ltda, que arrematou quatro blocos, e a Arbi Petróleo, que abocanhou outras quatro áreas nessa mesma região. A participação dessa empresa, aliás, marcou a entrada, pela primeira vez no Brasil, de uma instituição financeira como operadora de petróleo. A Arbi Petróleo foi constituída como braço petrolífero do banco Arbi, uma financeira especializada no segmento de empréstimos pessoais. A participação desses grupos, segundo analistas, confirma o grande interesse despertado no país por esse tipo de campo, caracterizado pela baixa produtividade.
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