Retomada

O desenvolvimento de um país está, definitivamente, atrelado à educação de qualidade

Redação/Agência Indusnet Fiesp
19/10/2016 16:36
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Qual é o verdadeiro papel da educação? A reflexão foi feita durante encontro do Conselho Superior de Estudos Avançados da Fiesp (Consea), na última segunda-feira, 17/10, por Paulo Nathanael Pereira de Souza – integrante da Academia Paulista de Educação e ex-presidente do Conselho Federal de Educação.

Em seu entendimento, o saber deve ser cultivado permanentemente e ter aplicação prática. Hoje há um descolamento desses universos – o educacional e o profissional – e não existe mais o término dos cursos em função do avanço científico e tecnológico. Essa avaliação do professor Paulo Nathanael encontrou ressonância entre os convidados, que também avaliam a educação como um processo constante.

Apesar de a educação constar como item de avaliação do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ocupa a 88ª posição em um ranking de 124 posições. Ou seja, o país encontra-se em estado falimentar em termos de educação, com impacto em sua empregabilidade e produtividade. Ainda que a educação seja um pré-requisito para o desenvolvimento nacional, o Pisa e o Enem têm registrado índices insuficientes, de acordo com o palestrante.

Para Paulo Nathanael, a educação hoje oferecida não altera o quadro de analfabetos puros ou funcionais: mais de 80% das crianças pobres, de 0 a 3 anos, não conseguem vaga em creches e quase 90% delas, entre 4 e 5 anos, em todo o país, não têm atendimento pré-escolar. O expositor apresentou números gritantes: o Brasil conta com mais de 14 milhões de analfabetos puros com mais de 15 anos fora da escola. E, ainda, podem ser classificados como analfabetos funcionais 31% da população, ou seja, 70 milhões de pessoas, em contraponto à força de trabalho, que soma 90 milhões, dando contorno à gravidade do atual cenário.

No Brasil, a média de escolaridade é de 7,2 anos, quando o mínimo em países medianamente desenvolvidos é 14 anos. Nessa matemática perversa, o índice de evasão do Ensino Médio impressiona: em 2008, 3 milhões e 300 mil jovens estavam no Ensino Médio e, em 2010, apenas 1 milhão e 800 mil o concluíram.

Com riqueza de dados, e para efeitos comparativos, o custo aluno anual dos países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de quase US$ 9 mil, e a Suíça investe US$ 15 mil. No Brasil, não passa de US$ 2.416/ano, 85% a menos, revelou o professor.

O Plano Nacional de Educação também mereceu críticas por elencar metas desatreladas à sua possível operacionalidade. A recém-anunciada reforma do Ensino Médio deverá trazer alterações profundas, mas que se limitam a questões como o período, que passaria de parcial a integral, e curriculares, mas sem tocar no cerne da questão. “Como adequar o professor a esse cenário? Por que o inglês deve ser a terceira matéria obrigatória?”, questionou, “por que não informática ou ciências, já que se fala em instrumental da cultura em formação do aluno?”, complementou.

Para completar, o educador semeou três perguntas: para que educar?; quem educar; como educar?. É preciso clareza quanto aos objetivos a serem alcançados com a educação. Entre as suas observações, torna-se essencial a utilização de novas formas para aquisição do conhecimento em um mundo altamente tecnológico para que o aluno possa voltar a se interessar pela sala de aula.

Paulo Nathanael também criticou a promoção automática. Como saída, apontou a atualização de conteúdos mínimos curriculares para quem vive na era do conhecimento; modernização dos aparatos didáticos; reformulação dos cursos de licenciatura a fim de transformar a teoria em prática; revisar o uso do dinheiro público na educação; redignificar a carreira do professor, o profissional com curso superior mais mal pago em comparação com outras atividades.

O presidente do Consea, Ruy Martins Altenfelder, repercutiu o posicionamento da Fiesp ao avaliar a PEC 241 do teto como absolutamente indispensável, e quis saber do professor se haveria prejuízos à educação. Para Nathanael, pode haver repercussão quanto às verbas disponíveis, mas o fato central é que os debates sobre educação foram excessivamente politizados.

No encerramento dos debates, Walter Vicioni, superintendente do Sesi-SP, falou sobre a Faculdade Sesi-SP, que passa a funcionar este ano, para a formação de professores em quatro grandes áreas: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática e Linguagens. Os cursos também contemplam carga horária de prática de ensino obrigatória de 5 horas semanais e, para quem desejar, residência educacional de 20 horas semanais.

 

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