Valor Econômico
O governo decidiu cancelar o leilão de energia para fornecimento a partir de 2014, marcado para o dia 21, por atrasos na liberação de licenças prévias para usinas hidrelétricas e por escassez de demanda das distribuidoras. A falta ou o atraso das licenças para sete hidrelétricas, com capacidade para 905 megawatts, faria com que predominassem no leilão usinas térmicas a gás.
Segundo Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pelo planejamento de longo prazo do setor elétrico, a decisão levou em conta eventual mudança na composição da matriz elétrica brasileira - em que predominam hidrelétricas - e, principalmente, o cenário confortável de fornecimento de energia em 2014, quando, pela previsão, haverá folga de mais de 100 mil MW. "Como o momento é tranquilo para garantir o suprimento de energia, resolvemos ser mais cautelosos."
Essa situação confortável de geração tem base na evolução estável do nível de consumo de energia este ano. Como o crescimento da carga será próximo de zero em 2009, a demanda por energia nova fica prorrogada e, por isso, as distribuidoras também mostraram pouco apetite por um leilão agora, diz Tolmasquim. Segundo ele, essa energia poderá complementar o mercado em futuros leilões.
Entre as sete hidrelétricas que poderiam ter a energia vendida, a única a obter a licença prévia até agora foi a de Santo Antônio, localizada no rio Jari. A usina, que fica na fronteira entre o Pará e o Amapá, tem capacidade de 300 MW. Como a licença saiu apenas terça-feira, não haveria tempo de incluí-la no edital do leilão do dia 21.
Tolmasquim lembra, porém, que está mantido o leilão de energia eólica segunda-feira, que deverá incluir 399 projetos, que poderão gerar até 10 mil MW a partir de julho de 2012.
Na terça-feira, também por falta de liberação ambiental em diversos campos, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) resolveu suspender novo leilão de blocos de petróleo e gás na Amazônia. Os obstáculos ambientais no setor energético brasileiro, porém, continuam tendo como maior marco a usina de Belo Monte. Por falta da licença prévia, o leilão da usina do Pará, que seria dia 21, ainda não tem data para ocorrer.
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