Economia

Indústria perde espaço na economia brasileira, alerta diretor da CNI

Dados da CNI mostram que a participação da indústria no PIB brasileiro caiu de 35,9% em 1984 para 15,8% no ano passado. O setor, que foi responsável por 30,6% de todos os postos de trabalho no país em 1985, hoje emprega apenas 17,4% do contingente de trabalhadores.

Redação
07/07/2011 12:24
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Ao longo dos últimos anos, o setor industrial reduziu a participação no produto interno bruto (PIB), no emprego e nas exportações. Mas os instrumentos para frear esse processo estão nas mãos do governo e do Congresso. Essa é a avaliação do diretor executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes. Ele participou na última quarta-feira (6) da audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), que discutiu os riscos de um processo de desindustrialização no país e a agenda em favor da competitividade industrial.

“Nossa agenda está sob nosso controle”, afirmou Fernandes. Para o diretor executivo da CNI, é preciso trabalhar para reduzir o custo Brasil, desonerando os investimentos e as exportações. Além disso, é necessário eliminar as assimetrias competitivas, como as provocadas pela redução do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) nas importações, incentivo concedido por alguns estados em prejuízo de outros.

Fernandes destacou que é também preciso investir na qualidade da educação e na inovação, aperfeiçoar a política macroeconômica garantindo maior controle dos gastos públicos e melhorar os mecanismos de defesa e  negociação comercial. “Tudo isso requer urgência. O tempo econômico é diferente do tempo político e o atraso poderá comprometer a indústria.”

Dados da CNI mostram que a participação da indústria no PIB brasileiro caiu de 35,9% em 1984 para 15,8% no ano passado. O setor, que foi responsável por 30,6% de todos os postos de trabalho no país em 1985, hoje emprega apenas  17,4% do contingente de trabalhadores. As exportações industriais, que representavam 60,8% em 1993, hoje participam com 39,4% do total de bens e serviços vendidos ao exterior. Em compensação, as importações industriais aumentaram de 11,4% do total de compras externas do país em 2000 para 18,7% atualmente.

Segundo Fernandes, vários fatores contribuem para a perda de espaço da indústria. Questões macroeconômicas, como a instabilidade econômica dos anos 80 e do início dos 90, o novo padrão de crescimento global e a recente política econômica - que acelerou os gastos públicos, aumentou os juros e fortaleceu o real - contribuíram para a perda de participação da indústria na economia. E fatores estruturais, como o aumento da terceirização, a alta do custo de produção e o crescimento das despesas das famílias com serviços, como o de telecomunicações, que subtrai renda para gastos com outros produtos.

O mesmo diagnóstico também foi feito pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, que estimou em mais de 8 milhões os empregos diretos e indiretos na cadeia têxtil e de confecções. “O importador de tecido hoje está importando a peça pronta e matando toda a cadeia da confecção. Precisamos de um regime diferenciado de tributação para ganhar escala”, argumentou Diniz.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, lembrou que o setor emprega 360 mil pessoas e paga bons salários. “Quando o setor de confecção deixa de investir ou fecha uma fábrica, é a nossa indústria que deixa de vender máquinas e equipamentos”, contou Aubert Neto.

Para o vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados, Sérgio Marques, há 15 anos os sindicatos alertavam para a necessidade de combater a importação de produtos de baixa qualidade. A saída, para ele, é investir em formação profissional e no combate à pirataria.
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