Internacional

Grupo de Bill Gates cresce em álcool nos EUA e mira o Brasil

Valor Econômico
02/02/2006 02:00
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A Pacific Ethanol, empresa com sede na Califórnia (EUA) cujo principal acionista é o empresário Bill Gates, dono da Microsoft, não descarta fazer futuros investimentos em álcool no Brasil. A companhia iniciou uma estratégia agressiva em 2005 para se tornar líder na produção do combustível na Costa Oeste dos Estados Unidos e pretende expandir seus negócios, no médio e longo prazo, no mercado internacional.

Em entrevista ao Valor, Tom Koehler, diretor para assuntos corporativos e relações com o governo da empresa, reiterou que a prioridade, no momento, é crescer no próprio mercado americano, que já tem potencial para produzir aproximadamente 15 bilhões de litros de álcool por ano.

Discreto, Koehler evitou fazer mais comentários sobre os planos futuros da empresa alegando que qualquer declaração poderia comprometer a companhia, de capital aberto e com ações negociadas na Nasdaq. Ontem, os papéis da empresa fecharam a US$ 15,30, queda de 18,7% no dia. No ano, as ações acumulam alta de 41,4%. Em doze meses, aumento de 148,78%.

Maior produtor e exportador de álcool, o Brasil deverá fazer parte dos planos da Pacific Ethanol no futuro. Koehler afirmou que a empresa estuda todas as oportunidades de negócios. A Pacific Ethanol acompanha o mercado brasileiro e reconhece que o país tem um dos mais baixos custos de produção e é um mais competitivos do mundo.

No ano passado, três executivos da companhia americana estiveram em São Paulo para participar da Feisucro, uma das maiores feiras de tecnologia sucroalcooleira do país, que ocorreu entre os dias 7 e 10 de novembro na capital paulista. Koehler negou que os executivos da Pacific Ethanol estiveram no país neste período. Mas Ronaldo Knack, diretor e um dos organizadores da feira, confirmou a presença dos três no evento.

O Brasil é alvo do interesse de diversos grupos estrangeiros no setor sucroalcooleiro, sobretudo europeus. A atuação dos EUA no mercado de açúcar no país atualmente ocorre por meio das tradings somente para a comercialização do produto, não como produtora.

Mas este perfil pode mudar. Koehler disse que as companhias americanas estão interessadas atualmente em ampliar a presença em negócios no exterior a partir do momento em que o mercado doméstico dos EUA para o álcool for consolidado, o que já acontece.

Nos Estados Unidos, a ofensiva da Pacific Ethanol, criada em 2003, começou em novembro do ano passado, depois de fechado um acordo com a Cascade Investment, braço de investimentos pessoais de Bill Gates. A empresa de Gates injetou na companhia US$ 84 milhões no ano passado.

Parte desses recursos foi destinado para a construção de uma destilaria de álcool em Madera, na Califórnia, que deverá entrar em operação até o final deste ano.

Koehler disse que os planos da companhia são colocar outras quatro usinas em operação até o final de 2008 nos EUA, com capacidade total para 760 milhões de litros. A empresa também estuda fazer investimentos em uma planta de biodiesel - que teria como principal matéria-prima a soja.

Pelo acordo, a Cascade adquiriu cerca de 27% de participação da Ethanol Pacific. Com o aporte, a empresa terá maior facilidade de conseguir empréstimos junto aos bancos para viabilizar a construção de suas usinas.

Cada usina americana consome um investimento médio de US$ 70 milhões.

A entrada do bilionário Bill Gates no mercado de etanol ganhou destaque nas principais publicações americanas e internacionais. Antes da entrada de Gates no negócio, a empresa tinha pouco ou quase nenhum destaque na mídia, de acordo com uma matéria publicada pelo "New York Times".

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