UFRJ

Grupo ajuda estatal na sua internacionalização da Eletrobras

Valor Econômico
26/07/2010 13:32
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Um grupo de professores universitários tem atuado como peça importante no processo de internacionalização da Eletrobras e na consequente integração energética da América do Sul. O Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ) realiza, desde 2008, em convênio com a estatal, estudos e encontros com autoridades de países do continente para debater projetos e auxiliar no desenvolvimento dos marcos regulatórios locais.

O coordenador do Gesel, Nivalde de Castro, explica que o trabalho junto a autoridades e universidades dos países vizinhos começou em 2008, logo depois que um decreto autorizou a atuação internacional da Eletrobras. Segundo ele, o objetivo dos seminários e reuniões promovidos pelo Gesel é mostrar, de maneira informal, as vantagens de um processo de integração energética no continente.

A primeira investida do Gesel foi com o governo peruano e o resultado foi a boa receptividade das autoridades locais, o que facilitou a assinatura de um tratado que prevê a construção de usinas que somem até 7 mil megawatts (MW) em energia hídrica que será vendida para Peru e Brasil. A ponta mais visível dessa iniciativa é Inambari, usina que deverá ser a primeira a sair do papel, com 2 mil MW no rio de mesmo nome, afluente do Madeira, em consórcio que reúne Eletrobras, Furnas e OAS.

"O projeto de integração energética do Brasil com países da América Latina é muito positivo, apresenta muitas sinergias, seja para o Brasil, seja para os países com quem o Brasil pode se relacionar", frisa Castro. "Como o Brasil tem marco regulatório e institucional e modelo muito mais consistente, a possibilidade de integração sobre esse aspecto é importante para esses países, porque eles podem olhar na experiência brasileira e buscar soluções para os seus respectivos modelos", acrescenta.

Uma das iniciativas do Gesel em conjunto com a Eletrobras foi a criação de um curso de especialização de 10 meses para Análise Econômica da Integração Energética. A primeira turma, formada em junho, contou com 22 peruanos, 2 paraguaios e 1 nicaraguense. Os alunos são indicados pelos países convidados e a segunda turma, que começa em agosto, tem 14 colombianos, 7 bolivianos, 4 costarriquenhos, 4 salvadorenhos e 1 panamenho inscritos.

"Queremos criar a cultura da integração energética. Percebemos que tínhamos de criar uma rede de pessoas com quem possamos dialogar. Se deixar só no âmbito da política, do ministério, a relação é muito mais tensa, mais formal", dia Castro, que conta com orgulho que o vice-ministro peruano de Energia, Daniel Camac, tornou-se professor associado do Gesel.

As expectativas do grupo da UFRJ se voltam agora para a Bolívia, que segundo Castro está mais aberta à integração energética, graças à experiência com o envio de gás boliviano para o Brasil.

"Acreditamos que a Bolívia percebeu que o Gasbol é excelente negócio. Ainda não tem decisão política, mas possivelmente algo nessa direção vai se consolidar rapidamente", diz. A Gesel promove hoje no Rio um seminário sobre integração energética Bolívia-Brasil.

Castro diz que, com exceção da Colômbia, todos os países da América do Sul têm uma "crise energética endêmica" ou pelo baixo crescimento da matriz renovável ou pelo aumento da oferta abaixo da demanda, o que incentiva a criação de projetos de integração.

De acordo com ele, a atuação da Eletrobras no exterior engloba três possibilidades: construção de hidrelétricas na fronteira, com um tratado nos moldes de Itaipu; usinas no interior do país, para atender o mercado interno e com a venda do excedente para o Brasil, como no acordo com o Peru; e a experiência que deverá ser levada em frente na América Central, com a estatal atuando no mercado local.

No caso peruano, Castro destaca que as regras para a venda de energia das usinas pela Eletrobras são semelhantes ao marco regulatório brasileiro. A energia produzida será destinada ao mercado cativo das distribuidoras peruanas, seguido pelo mercado livre e pelo mercado à vista do país. O que sobrar poderá ser vendido para o Brasil, em contratos de 30 anos.
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