Combustíveis

Estatal descarta aumento de preço agora

Valor Econômico
20/07/2006 03:00
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O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, considera "inadequada" a discussão sobre defasagem de preços dos combustíveis no Brasil frente à escalada do preço do petróleo no mercado internacional. Para ele, falta aos analistas, inclusive de bancos, a compreensão de que se a Petrobras aumenta preços, afeta diretamente o mercado interno, que responde por 85% das receitas da companhia.

Afetar o mercado interno, na concepção do executivo, quer dizer reduzir o volume de vendas e também o ritmo da atividade econômica. Como quase única fornecedora desse mercado, a estatal acabará perdendo de um lado o que vai ganhar do outro. Segundo Gabrielli, o potencial de crescimento do consumo de combustíveis no Brasil é limitado, sem ter apresentado alta significativa em termos de volume nos últimos dez anos. Por isso, ele acha inútil comparar o comportamento de preços no Brasil com os do mercado internacional.

"Não adianta pensar que eu estou no Golfo do México, onde o preço varia e não tem efeito sobre a demanda", diz Gabrielli. "Não é assim que funciona o mercado brasileiro." Ele lembra que o Brasil é o único mercado do mundo onde todos os postos de combustíveis têm, pelo menos, uma bomba de álcool. "Além disso, em que outro lugar do mundo 75% dos carros que estão sendo fabricados são flex fuel?", questiona Gabrielli.

Ele observou ainda que a gasolina produzida no Brasil - único combustível nobre com excedente para ser exportado - não pode ser oferecida com facilidade nos mercados de primeira linha, que pagam melhor. Isso porque nos últimos anos houve um aumento dos requisitos ambientais nos Estados Unidos e na Europa. "E a gasolina que eu tenho para exportar não atende a esses requisitos, por isso não tenho como vender para lá, só em mercados que pagam menos".

Diante da atual crise no Oriente Médio envolvendo Israel, Gabrielli acha que os preços do petróleo vão continuar com grande volatilidade. Mas isso se deve, segundo ele, ao fato de a oferta mundial de petróleo, em torno de 85 milhões de barris por dia, estar muito próxima da demanda. "Mas isso não quer dizer que o preço (do petróleo) vai subir só porque a oferta é igual à demanda", lembra. "Nesses casos, o preço tende a se estabilizar, só que não se estabiliza porque outras variáveis afetam esse mercado, como a taxa de juros, e então o preço flutua muito", diz Gabrielli.

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