Tendências Energéticas

Energy Outlook 2035 da BP: gás em crescimento e fluxos mudando

Redação / Assessoria
23/02/2015 14:50
Energy Outlook 2035 da BP: gás em crescimento e fluxos mudando Imagem: Free Images Visualizações: 446

Apesar do recente enfraquecimento nos mercados energéticos do mundo, a atual expansão econômica da Ásia – particularmente na China e Índia – impulsionará o crescimento contínuo da demanda global por energia durante os próximos 20 anos. De acordo com a nova edição do Energy Outlook 2035 da BP, a demanda global por energia poderá ter um crescimento total de 37% entre 2013 e 2035 ou uma média de 1,4% ao ano.

O Outlook analisa tendências energéticas de longo prazo e desenvolve projeções para mercados de energia do mundo pelas próximas duas décadas. A nova edição foi lançada no último dia 17, em Londres, pelo economista-chefe da BP, Spencer Dale, e o CEO do Grupo BP, Bob Dudley.

“Após três anos de preços do petróleo altos e aparentemente estáveis, a queda dos últimos meses nos faz lembrar que, nos mercados energéticos, a regra básica é a mudança constante”, disse Dale. “É importante que olhemos além da volatilidade do curto prazo para identificar as tendências de longo prazo em oferta e procura. São elas que muito provavelmente moldarão o setor de energia ao longo dos próximos 20 anos e que ajudarão a embasar as escolhas estratégicas de agentes da indústria e do governo”, defendeu.

Tight oil em expansão nos Estados Unidos

O Outlook prevê que a demanda por petróleo aumentará a uma média de 0,8% ao ano até 2035. A demanda crescente origina inteiramente de países não membros da OCDE; o consumo nos países membros da OCDE atingiu seu pico em 2005 e até 2035 deve cair para níveis não registrados desde 1986. Até 2035, a China deve tomar o lugar dos Estados Unidos como o maior consumidor de petróleo do mundo.

Prevê-se que a atual desaceleração no mercado de petróleo, que deriva em grande parte de um forte crescimento na produção de tight oil (óleo betuminoso) nos Estados Unidos, deva se prolongar por alguns anos. Em 2014, a produção de tight oil elevou a produção dos Estados Unidos em 1,5 milhão de barris por dia – o maior crescimento em um único ano na história dos Estados Unidos. Porém, o crescimento em tight oil deve diminuir, e a produção do Oriente Médio deve aumentar novamente.

Até a década de 2030, é provável que os Estados Unidos tenham se tornado autossuficientes em petróleo, após terem importado 60% de sua demanda total até recentemente, em 2005.

Gás cresce rapidamente; carvão desacelera

A demanda por gás natural terá o crescimento mais acelerado de todos os combustíveis fósseis ao longo do período até 2035, aumentando a 1,9% ao ano, com a Ásia na liderança.

A metade dessa alta demanda será atendida pela crescente produção de gás convencional, principalmente na Rússia e no Oriente Médio, e cerca da metade por shale gas (gás não convencional). Até 2035, a América do Norte, que atualmente responde por quase todo suprimento de shale gas do mundo, ainda produzirá três quartos do total.

O carvão foi o combustível fóssil que mais cresceu na última década, impulsionado pela demanda chinesa. No entanto, contrariando esse movimento, o Outlook prevê que, ao longo dos próximos 20 anos, o carvão terá o menor crescimento, com 0,8% ao ano, um pouco abaixo do petróleo. A mudança se deve a três fatores: crescimento moderado na China; o impacto de regulações e políticas de uso de carvão tanto nos Estados Unidos como na China; e as abundantes fontes de gás ajudando a diminuir o uso do carvão na geração de energia.

GNL cresce, se tornando dominante no comércio

Ao passo que a demanda por gás aumenta, haverá incremento no comércio entre as regiões, e, até o início da década de 2020, a Ásia Pacífico ultrapassará a Europa como a maior importador líquido de gás. A expansão contínua de shale gas significa, também, que nos próximos anos a América do Norte deixará de ser um importador líquido para se tornar um exportador líquido de gás.

A maior parcela do crescimento em gás comercializado será atendida por fontes crescentes de gás natural liquefeito (GNL). A produção de GNL terá vasta expansão até o final desta década, com o fornecimento aumentando 8% ao ano até 2020. Isso também significa que, até 2035, o GNL terá superado oleodutos como a forma dominante de gás comercializado.

O aumento da comercialização de GNL terá efeitos adicionais nos mercados. Ao longo do tempo, espera-se que esse movimento leve a mercados e preços de gás mais integrados e conectados ao redor do mundo. Provavelmente, também fornecerá uma diversidade significativamente maior de fontes de suprimento de gás para regiões consumidoras, como a Europa e a China.
 
Energia fluindo para o leste

Ao longo do tempo, a autossuficiência energética da América do Norte – que deve se tornar exportador líquido neste ano – e o crescente comércio de GNL devem gerar impactos importantes nos fluxos globais de energia.

O aumento da oferta de petróleo e gás nos Estados Unidos e a menor demanda nos Estados Unidos e na Europa, devido à maior eficiência energética e crescimento menor, se somarão ao forte e contínuo crescimento econômico na Ásia para deslocar, cada vez mais, os fluxos de energia de oeste para leste.
 

Emissões de carbono continuam aumentando

O Outlook também considera as emissões mundiais de CO2 até 2035, baseado em suas projeções dos mercados energéticos e mais prováveis evoluções das políticas relacionadas à emissão de carbono. As projeções mostram a emissão aumentando 1% ao ano até 2035 ou 25% em todo o período, em uma trajetória significativamente maior do que aquela recomendada por cientistas, como ilustrado no Cenário 450 (450 Scenario) da Agência Internacional de Energia.

Seguir reduzindo as emissões e carbono exigirá medidas adicionais dos governantes, além daquelas já tomadas, e o Outlook fornece informações comparativas para alternativas viáveis e seus impactos sobre as emissões. Porém, como provavelmente nenhuma alternativa será suficiente sozinha, múltiplas medidas deverão ser tomadas. Isso reitera a importância da formulação de políticas que levem a um preço global significativo para o carbono, o que proveria incentivos para que todos buscassem atender à demanda crescente por energia de forma sustentável.

Ao comentar sobre o Outlook, o CEO do Grupo BP, Bob Dudley, concluiu: “A indústria de energia planeja estratégias e investimentos com horizontes, muitas vezes, de décadas. É por isso que uma visão das principais tendências e fluxos que irão moldar nossos mercados no longo prazo é essencial – e é exatamente esse o valor do Outlook”.

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