Energia elétrica

Elétricas fazem ofertas de substitução ao gás natural

Valor Econômico
14/06/2005 03:00
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As concessionárias de distribuição de energia elétrica já observam no possível racionamento de gás natural uma oportunidade de negócio. A eletricidade poderá ser oferecida às indústrias e ao comércio, em substituição ao gás natural importado da Bolívia.
A AES Eletropaulo, distribuidora da região metropolitana de São Paulo, saiu na frente e já lançou um novo produto aos seus clientes que se encaixa nesta necessidade. Com o nome de "energia para substituição de equipamentos bi-energéticos", o produto lançado oferece prazos mais flexíveis e, segundo o vice-presidente da Eletropaulo, Ricardo Lima, preço bastante competitivo.
Lima diz que a distribuidora fez um mapeamento de seu mercado consumidor e identificou 12 clientes potenciais que poderiam vir a comprar mais energia elétrica caso venham a ser obrigados a desligar seus equipamentos a gás. Esses clientes, juntos, consumiriam 150 megawatts (MW) - ou deixariam de consumir 320 mil metros cúbicos diários de gás. Com dois destes clientes, as conversas já estão adiantadas, disse.
Segundo o executivo, há um espaço ainda maior para ser explorado. Ontem, a Eletropaulo iniciou uma pesquisa junto a outros 280 grupos industriais para saber se outras empresas têm o interesse em trocar energia elétrica pelo gás. " Se a crise vier, estaremos preparados para o fornecimento", afirma Lima.
Além da Eletropaulo, outras concessionárias de distribuição também já vêem na crise um novo filão. A CPFL, que atende o interior do Estado de São Paulo, afirmou que tem energia "interruptível" (cujo contrato é mais flexível) que poderá atender a este novo consumidor, caso haja necessidade. Mas a empresa acredita que, se as dificuldades de abastecimento de gás realmente vierem a ocorrer, serão passageiras e, portanto, não se configurará em uma grande oportunidade de negócio.
Já a Copel, que atende a maior parte do Estado do Paraná, disse que já está recebendo consultas de consumidores que eventualmente desejam substituir o uso do gás pela energia elétrica. Segundo a assessoria da Copel, a empresa está aberta a essas consultas para verificar a possibilidade de cobrir eventual falta de gás.
Para vender a esses novos consumidores, as distribuidoras podem se valer do direito legal de contratação de até 103% dos seus mercado. Ou seja, podem extrapolar em até 3% a previsão anterior que haviam feito à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ao governo.
Segundo o especialista em energia e diretor do Centro-Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, os preços da energia elétrica, porém, não são atrativos diante dos custos que as indústrias têm ao consumir o gás natural. "As empresas de energia só teriam vantagem competitiva em um cenário muito pessimista, onde as empresas consumidoras não tivessem nenhuma outra opção". Nesse cenário, segundo Pires, as indústrias mais prejudicadas seriam as de cerâmica e vidro.
O diretor do CBIE diz que, apesar de a crise na Bolívia ter arrefecido, ainda não foi afastado o risco de desabastecimento no Brasil. "A troca de presidente significou apenas uma trégua".
O CBIE traçou vários cenários de racionamento de gás. No pior deles, onde seria interrompido todo o fornecimento da Bolívia ao Brasil, seria necessário um contingenciamento de 50%.

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