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Disposta a manter o Brasil como uma de suas prioridades estratégicas no mundo, a texana El Paso Energy decidiu lançar mão de uma cartada definitiva para resolver as pendências nas quais está envolvida no país. O presidente mundial da companhia, Doug Foshee, desembarcou nesta terça-feira (11/01) em Brasília, onde se reunirá amanhã com a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, e a diretoria da Petrobras. A pauta do encontro, no entanto, inclui uma série de problemas que não se limitam apenas ao impasse da empresa com a Petrobras, por causa do contrato da usina termelétrica Macaé Merchant.
Além do impasse com a Eletrobrás, por conta do fornecimento para a distribuidora Manaus Energia, o executivo também discutirá o rompimento do contrato de geração da termelétrica de Araucária (PR) pelo governador Roberto Requião. O diretor executivo da Unidade de Negócios de Macaé da El Paso, Ricardo Martins, disse que, com a Petrobras, os entendimentos continuam, embora não tenha confirmado a oferta de venda da usina para a estatal por US$ 650 milhões, conforme especulações de mercado.
Segundo Martins, o objetivo da empresa é conseguir uma solução que permita um mínimo de prejuízo para a Petrobras. A estatal, por sua vez, alega que já contabilizou um prejuízo de US$ 200 milhões com o atual contrato, que foi firmado ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Pelo contrato, a petroleira brasileira se comprometeu a garantir, ao longo dos primeiros cinco anos de operação, o retorno dos US$ 716 milhões investidos integralmente pela El Paso na usina de 928 megawatts (MW). Caso a receita com a geração não atingisse o valor necessário para remunerar o negócio, a empresa brasileira arcaria com a diferença. Devido ao impasse nas negociações, a Petrobras anunciou que iria recorrer contra a El Paso em um tribunal internacional de arbitragem.
Além de lembrar do contexto no qual o contrato foi firmado - o país já dava sinais de que poderia ocorrer o racionamento de energia de 2001, o que demandou ações de urgência do governo federal para viabilizar a expansão da oferta de energia -, Martins afirmou que o investimento levava em conta os compromissos sinalizados pelo governo anterior, para tornar possível a transição do então modelo estatal do setor elétrico para um outro pautado principalmente por investimentos privados.
O executivo participou nesta terça-feira da cerimônia de lançamento do projeto de revitalização da iluminação da rua da Candelária, no Rio, na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Também presente, o secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, criticou a decisão da Petrobras de recorrer a um tribunal internacional contra a El Paso por causa do contrato da Macaé Merchant. Segundo Victer, a iniciativa constituiria uma sinalização negativa aos investidores estrangeiros, no momento em que o governo federal prepara o leilão de novos projetos de geração elétrica (energia nova). "Nós vamos ter agora essa chamada para energia nova. Quem é que vai colocar dinheiro no país dessa forma?", questionou o secretário do Rio.