Conveniência

Distribuidoras e refinarias da Europa Oriental se diversificam para sobreviver

Bloomberg, 28/08/2018
28/08/2018 14:10
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Jiri Havlicek e sua esposa, sentados a uma mesa de piquenique às margens do rio, em Praga, montavam um tabuleiro de xadrez de madeira e se preparavam para jogar, com lattes cremosos em copos elegantes, em um refúgio perfeito para para a onda de calor do verão da Europa. Em um posto de gasolina.

O passeio desse casal de aposentados pela capital tcheca até seu lugar favorito é um símbolo da entrada em novos negócios das refinarias da região, que têm vastas redes de varejo, mas não têm força financeira para competir com os gigantes da indústria. A Mol, da Hungria, que administra o minimercado frequentado pelos Havlicek, gastou US$ 145 milhões para reformar um terço de suas 2.000 lojas em 10 países. A empresa também está tentando conquistar clientes com praças de alimentação e outros negócios, de água engarrafada até a operação de ônibus.

Isso faz parte de uma estratégia das petroleiras da Europa Central para diversificar seus negócios - e dar aos clientes mais do que combustível - em um momento em que os veículos elétricos começam a ganhar uma posição maior no mercado. À medida que mais pessoas começam a usar veículos elétricos e os governos endurecem as leis contra a poluição do ar, a Mol e suas rivais regionais, como a polonesa PKN Orlen e a sérvia NIS, estão se protegendo para garantir a sobrevivência em um momento em que o crescimento da demanda por diesel e gasolina a longo prazo pode ser incerto.

"O varejo é uma área de investimento da moda para as petroleiras da Europa Central e Oriental, já que os consumidores estão começando a viajar mais e os salários mais altos estão estimulando a demanda por outros serviços além do combustível", disse Tamás Pletser, um analista que cobre 12 petroleiras no leste da Europa para o Erste Group Bank. "As empresas globais de maior porte continuam focadas em exploração e produção."

Diversificação

Existem muitos postos de abastecimento com lojas de conveniência em toda a Europa, pertencentes às maiores empresas petrolíferas do mundo, incluindo BP Plc, Total SA e Royal Dutch Shell Plc. Mas eles estão enfrentando uma concorrência cada vez maior de rivais menores, que também oferecem cafés artesanais, sanduíches e garrafas de água de marca.

A Mol está à frente das outras petroleiras europeias integradas no foco em operações de varejo, segundo Salih Yilmaz, analista da Bloomberg Intelligence. Mesmo com o plano de gastar US$ 1,9 bilhão até 2021 em investimentos em produtos químicos e petroquímicos como parte de sua diversificação, a empresa quer que os resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização dos serviços ao consumidor representem 30 por cento do total até 2030.

A maior rival não russa da Mol na Europa Oriental, a PKN Orlen, com sede em Varsóvia, está se preparando para um mundo dominado pelos veículos elétricos. Com mais de 2.700 postos na Polônia, Alemanha, República Tcheca e Lituânia, a empresa planeja construir 150 estações de recarga elétrica na Polônia, 50 delas até o fim de 2019. A empresa também está cooperando com a Tesla e instalou cinco supercarregadores na Polônia, na Alemanha e na República Tcheca.

A NIS, com sede em Belgrado, que tem mais de 400 postos na Sérvia, na Bósnia e Herzegóvina, na Bulgária e na Romênia, está desenvolvendo sua própria marca de chicletes, bebidas energéticas e outros produtos para vender nas suas lojas de conveniência. Está entrando também na produção de eletricidade, em que a estimativa é de que a produção dê um salto de 154 gigawatts-hora em 2017 para mais de 2.000 gigawatts-hora em 2025.

"É uma estratégia de muito longo prazo", disse Yilmaz, da BI. "Muitas dessas empresas estão pensando nisso e eu acho que a lógica delas não está errada. Eu acho que faz sentido."

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