Carros e tomadas

Dirigimos o carro-conceito Peugeot BB1, que prevê o futuro dos compactos urbanos

O Globo / Carro ETC
02/06/2010 17:06
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Esqueça o que você conhece dos automóveis atuais. Vamos entrar em uma máquina do tempo e conhecer o futuro imaginado pelos projetistas da Peugeot: um passeio ao volante (ou melhor, guidom) do BB1, carro-conceito francês pequenino em tamanho e gigante em originalidade.

 

Esta raríssima chance aconteceu no último fim de semana, durante o Challenge Bibendum, evento promovido pela Michelin. É uma mistura de rali e congresso de tecnologias limpas para uso rodoviário que, este ano, está sendo realizado pela primeira vez no Brasil.

 

O BB1 foi criado para exposição estática no Salão de Frankfurt do ano passado. Era uma casca e mal se movia. De lá para cá, o pessoal da Peugeot resolveu fazer um segundo exemplar, com acabamento mais caprichado e condições de rodar. O carro ficou pronto bem a tempo do Challenge Bibendum - e praticamente o estreamos, dando umas voltinhas na ampla área externa do Riocentro.

 

Carro do futuro tem nome antigo


O nome BB1 é inspirado em um dos mais importantes modelos da história da Peugeot: o Bébé, um minicarro produzido de 1905 a 1912.

 

O visual, porém, é inovador, tanto por fora quanto por dentro. Só assim para fazer com que um carrinho de 2,5 metros de comprimento (19cm mais curto do que um Smart!) consiga abrigar quatro ocupantes em um ambiente arejado.

 

Para liberar espaço, o para-brisa é inclinado para a frente. Abro a porta (no sentido contrário ao usual, à moda dos primeiros DKW) e me acomodo no banquinho semelhante ao de um scooter. Atrás, há dois lugares semelhantes aos assentos da arquibancada do Maracanã.

 

Se houver sol forte, ali vira uma sauna, já que o para-brisa, a capota e o vidro traseiro formam uma única peça (de acrílico, para facilitar a moldagem em formato irregular e deixar o carro mais leve).

 

A parte de trás do teto tem duas corcovas para não bater no cocuruto dos passageiros, solução que já chegou ao esportivo Peugeot RCZ.

 

Carroceria de fibra de carbono, chassi tubular que tenta dar rigidez ao conjunto... tudo é racional para manter o peso baixo, na casa dos 600 quilos.

 

O painel minimalista evita a sensação de aperto. Tem uma tela central de cristal líquido (com informações de carga da bateria e velocidade) e outras duas laterais, que funcionam como retrovisores, projetando imagens captadas por duas minicâmeras.

 

Não há pedais, só apoios para os pés do motorista e do carona. São bem úteis, já que os bancos dianteiros são meio inclinados para a frente. As portas são intrusivas, apertando cotovelos de quem vai na frente.

 

Botão substituialavanca de marcha


Todos os comandos estão no guidom: acelerador e freio na mão esquerda, seta na direita. Quem vai ensinando é Bruno Le Gouic, que veio da França para tomar conta do bebê.

 

Ele aperta uma tecla e o carro está ligado - mas não há ruído. Em vez de alavanca de marcha, há um botão giratório no guidom com três posições: estacionamento e marchas a ré e para a frente. Tudo muito fácil e intuitivo.

 

O carro é movido por dois motores elétricos feitos pela Michelin e - que interessante! - instalados dentro das rodas traseiras. São alimentados por três pequenos pacotes de baterias de íon-lítio, um sob cada banco da frente e outro debaixo do assento de trás. A energia acumulada é suficiente para andar apenas 110km. E mesmo assim de mansinho. Depois, a recarga (feita numa tomada) demora entre três horas e meia e quatro horas.

 

Bruno avisa que é preciso ser muito suave com o acelerador. Num ataque de gato-mestrice, julgo que é exagero, afinal os dois motores juntos rendem modestos 20cv. E lá vou dirigindo o carrinho, ouvindo apenas o barulho da rolagem dos pneus no asfalto liso.

 

A direção é absolutamente direta (como em uma moto) e, aliada ao tamaninho do automóvel, permite curvas bem fechadas. Aí pinta uma reta, com cones dos dois lados estreitando a pista. Resolvo dar uma arrancada mais forte para ver como é a aceleração.

 

Carro elétrico costuma ter uma arrancada inicial muito rápida, já que seu torque máximo já está disponível a 1rpm. Com o BB1 não é diferente: chamo no acelerador e os 33kgfm de cada motor (!) são imediatamente transferidos para o asfalto.

 

Como a direção é muito direta e o entre-eixos extremamente curto, a frente do carro puxa para um lado. Intuitivamente, corrijo para o outro - mas a direção amplia os movimentos e vou repetindo o gesto até que consigo reduzir.

 

A essa altura, o guidom em minhas mãos oscila como uma daquelas enceradeiras industriais. Um susto, mas nenhum cone derrubado e a pintura do BB1 intacta.

 

Antes da despedida,uma voltinha bem devagar...

 

É até difícil modular as acelerações:

- Doucement, doucement - diz Bruno, pedindo mais suavidade ao acelerador.

 

Mais algumas voltas, agora devagarinho, e guardamos o Peugeot, que cabe em qualquer vaga, não faz barulho e nem polui. Taí: esse carrinho é muito civilizado, mas tomara que, se um dia virar automóvel de verdade, ganhe um volante no lugar do guidom.

 

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