Empresas

Cosan se prepara para novo ciclo de negócios

Valor Econômico
11/02/2011 13:29
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Em vias de concluir a associação com a anglo-holandesa Shell, a Cosan se prepara para mudar a imagem de empresa sucroalcooleira para se tornar uma companhia integrada do setor, resultado de um ciclo de mudanças que se iniciou com a compra do negócio de distribuição de combustível Esso, em 2008. A empresa anunciou ontem seus resultados do terceiro trimestre da safra 2010/11, encerrado em 31 de dezembro, que mostra, em partes, o que a mudança significa.


Os outros negócios que não açúcar e etanol, ou seja, combustíveis e lubrificantes (CCL), logística (Rumo) e cogeração de energia, juntos representaram 45% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa no trimestre, ante os 18% de igual período do ano passado. "Imediatamente após a conclusão da joint venture com a Shell, essa participação subirá para algo próximo de 60%", diz Marcos Lutz, presidente da Cosan.


A menor representatividade dos negócios de açúcar e álcool no trimestre também se deveu aos próprios resultados dessa divisão, representada pela empresa Cosan, Açúcar e Álcool (CAA). A quebra da safra de cana-de-açúcar, que foi mais acentuada nos últimos meses do ano passado, afetou o resultado da companhia como um todo. A empresa encerrou o terceiro trimestre da safra 2010/11 com um lucro líquido de R$ 27,9 milhões, bem menor do que os R$ 167,1 milhões registrados em igual período do ano passado. Nos nove meses encerrados em 31 de dezembro, o lucro líquido da companhia caiu 29%, para R$ 476,3 milhões.


Lutz explica que além da queda da moagem, de 20% no trimestre, o resultado menor do que o esperado se deveu ao fato de ser nesse período o momento em que recai nas contas todo o custo da safra de cana. "São feitos, por exemplo, todos os acertos do valor final a ser pago aos fornecedores, que respondem por cerca de 50% da cana processada pela empresa", detalha o executivo.


Mas ele reforça que, independentemente do resultado aquém do esperado da CAA, é o setor de combustível e lubrificantes que crescerá, após a entrada dos ativos da Shell.


A operação, que deve ser anunciada antes de terminar este semestre, vai elevar o negócio de distribuição de combustíveis, hoje com uma rede de 1.650 postos, para algo perto de 4.500 postos. Vai também reduzir o endividamento líquido da companhia, no terceiro trimestre da safra em R$ 5,3 bilhões e 3,5 vezes o Ebitda, para níveis mais atrativos para ampliar investimentos, diz Lutz.


Investimentos e sinergia com a Shell são assuntos que estão fora das discussões com a imprensa, mas o executivo deixa no ar que as contas já estão na ponta do lápis. Sem dar detalhes, ele indica que será em infraestrutura e em açúcar e álcool onde se concentrarão os principais aportes futuros da empresa. "Em distribuição de combustíveis já não há grandes oportunidades de crescimento, como há, por exemplo, em açúcar e etanol, onde há mais de 300 grupos e espaço para consolidação."


Além disso, ele reconhece que em termos de Brasil a oferta de produtos sucroalcooleiros já está apertada com a demanda e que as empresas do setor precisarão investir. O Brasil precisa crescer em cana-de-açúcar em média 10% ao ano. "Também teremos que crescer, pelo menos, nesse patamar, para mantermos a participação de mercado. Mas o que posso dizer é que temos condição financeira de avançar acima desse percentual", diz o executivo.


Lutz também não menciona que outros investimentos em logística podem ser feitos, além dos já anunciados pela Rumo. Mas indica para onde a empresa está olhando. "Vemos que a obra da ferrovia Norte-Sul avançou muito e deve haver uma oportunidade futura para expandir em vagões e locomotivas para o Norte", diz.


Mas, em seu balanço, divulgado o ontem, a Cosan ainda amargou o resultado menor da área sucroalcooleira, dependência que pretende reduzir nos próximos meses.


O Ebitda no terceiro trimestre do ano safra caiu 16,2%, para R$ 410,5 milhões, assim como a margem Ebitda, que passou de 12,9% para 8,7% em um ano. No acumulado dos nove meses, o desempenho negativo se reverteu para um Ebitda 35,2% maior, de R$ 1,56 bilhão, e uma margem Ebitda de 11,6%, um ponto percentual a mais do que de igual intervalo da temporada 2009/10.


A receita líquida da empresa subiu no trimestre 24,6%, para R$ 4,74 bilhões, e no acumulado dos nove meses avançou 22,9% para R$ 13,45 bilhões.
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