A partir de primeiro de novembro, quando Marcos Marinho Lutz assumir a presidência da gigante do setor sucroalcooleiro mundial Cosan, mais uma passo em direção à profissionalização da empresa estará concretizado. Neste dia, deixa a área executiva da empresa o último representante da família controladora da empresa, Rubens Ometto.
“A saída de Ometto da executiva é um momento emblemático para a companhia, mas ele organizou a sucessão de forma madura, e este movimento não representará uma ruptura no processo de estruturação no nosso negócio”, afirmou Lutz, em entrevista na sexta-feira.
Segundo Lutz, a empresa está focada o suficiente em sua gestão e haverá uma continuidade no que estava sendo feito por Ometto, que continua na empresa como presidente do Conselho de Administração. “Não foi uma coisa decidida de uma hora para outra. O Rubens sempre falava que quando chegasse perto dos 60 anos iria deixar a presidência. Agora, ele terá mais tempo para o planejamento estratégico da Cosan”, disse.
Ao enumerar cada braço operacional da Cosan, Lutz ressalta que “a Cosan não é mais uma empresa apenas de açúcar e etanol” mas cada área é estratégica e tem sinergia com o negócio de açúcar e etanol. Segundo ele, a diversificação permite uma geração de caixa mais confortável, além de reduzir o risco de exposição aos ciclos de altas e baixas das commodities.
Rubens Ometto tem 59 anos. Contente pela confiança depositada em sua capacidade de gestão, o novo presidente da Cosan diz que o foco principal da empresa continuará sendo a produção de açúcar e álcool apesar da diversificação da companhia. Nos resultados do primeiro trimestre da safra 2009/10, por exemplo, referente ao período de abril, maio e junho de 2009, 61% da receita líquida da Cosan veio do setor de distribuição de combustíveis e lubrificantes da Cosan, a CCL (ex-Esso), incorporada à empresa em dezembro de 2008.
foco. “Embora a maior parte da receita tenha vindo do setor de combustíveis, esta empresa nasceu com o foco em açúcar e etanol e vai continuar com este foco”, disse. O executivo disse também que acredita que sua escolha para suceder Rubens Ometto deveu-se à sua capacidade de gestão e não está vinculada ao seu cargo anterior, de vice-presidente comercial e de logística da Cosan.
Segundo ele, a escolha de seu nome não significa que a Cosan irá dar uma prioridade especial aos projetos logísticos, em especial à Rumo Logística, projeto desenvolvido por Ometto e Lutz e que prevê a construção de ferrovias para o transporte anual de até 9 milhões de toneladas de açúcar por ano, do interior paulista até o terminal da Rumo no Porto de Santos.
“Atualmente, cerca de 60% do açúcar embarcado por Santos já é feito pelo terminal portuário da Rumo”, afirma. Os investimentos estimados para este projeto superam R$ 1 bilhão. Com Lutz assumindo a presidência da Cosan, seu antigo cargo foi extinto. “Acreditamos que a empresa já está madura o suficiente e os presidentes de cada área estão definidos e focados na gestão”, disse. Desta forma, todos os responsáveis pelas cinco áreas operacionais e pelas três áreas de apoio irão se reportar diretamente a ele a partir de novembro.
Nas áreas operacionais, Pedro Mizutani continua na administração das operações agrícolas de açúcar e etanol, inclusive bioenergia. Na presidência da Cosan Combustíveis e Lubrificantes (CCL), segue Leonardo Gadotti. Júlio Fontana Neto continua na presidência da Rumo Logística, cuidando também da participação de 26% que a Cosan possui na Uniduto, o alcoolduto que deve ser construído para escoar o etanol produzido no interior do país para o porto de Santos.
A Radar Propriedades Agrícolas tem Ricardo Mussa no comando. Nos negócios de alimentos, as exportações de açúcar são dirigidas por Carlos Murilo Barros de Mello, responsável por um faturamento de US$ 1 bilhão por ano. Cuidando do mercado interno, está Melchiades Terciotti. “No varejo de refinado, com cinco marcas, entre elas a líder União e o Açúcar da Barra, temos mais de 50% do mercado”, afirma Lutz.
diversificação. No suporte destas cinco áreas operacionais estão o recém-criado Centro de Apoio ao Negócio (CAN), dirigido por Carlos Piotrowski, a área jurídica com Marcelo Portela e a área financeira e de Relação com os Investidores, dirigida por Marcelo Martins.
“Esta diversificação fará com que a Cosan permaneça bem posicionada no longo prazo. Daqui a dez anos, a sociedade irá ver de forma mais clara o papel da Cosan na produção de energia limpa e renovável, seja no etanol que abastece os veículos, seja na eletricidade de bagaço de cana utilizada nas residências”, afirma.