Internacional

Corte da Opep poderá ser bem menor que 1,2 milhão de barris

Gazeta Mercantil com
24/10/2006 03:00
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Center for Global Energy Studies prevê que redução será de apenas 320 mil barris/dia. A Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) reduzirá a produção em quantidade bem menor que os 1,2 milhão de barris diários (mbd) anunciados na sexta-feira em Doha, no Catar, já que os seus membros farão trapaça, afirmou ontem o Center for Global Energy Studies (CGES) em seu relatório de outubro. Em reunião de emergência realizada em Doha, a Opep anunciou a redução da produção de 1,2 mbd, para 26,3 mbd, para conter a queda dos preços. "A redução real da produção da Opep para o resto do ano de 2006 será bem menos importante do que os 1,2 mbd decididos em Doha", projeta o CGES.

Para que o acordo definido em Doha seja viável, a Opep devia explicar a partir de qual nível de produção de cada país membro vai realizar as reduções, disse o CGES. Países como Venezuela, Indonésia, Irã e Nigéria, produzem abaixo da cota oficial que lhe é autorizada na organização. "Venezuela e Irã reivindicam continuamente níveis de produção mais elevados (do que a realidade), o que gera dúvidas sobre a sua intenção de reduzir realmente a sua oferta", explica o Centro.

Segundo o CGES, os 10 membros da Opep - o Iraque está fora do sistema de cotas - produziram 27,66 mbd em setembro e 29,725 mbd incluindo o Iraque. Se a redução de 1,2 mbd for aplicada produzirão em novembro 26,46 mbd, e 28,525 mbd incluindo o Iraque. Contudo, o CGES espera que os 11 membros da Opep continuem a produzir em torno de 29,4 mbd no último trimestre do ano, o que representa uma baixa de apenas 320 mil barris diários em comparação com a produção de setembro. No primeiro trimestre de 2007, a Opep-11 deverá produzir 28,6 mbd. O CGES prevê um fraco impacto da decisão da Opep nos preços do petróleo.

Apesar das dúvidas do CGES quanto à capacidade dos membros da Opep de efetuarem o corte aprovado em Doha, o cartel poderá decidir por um novo corte, de 500 mil barris diários, em sua próxima reunião, dia 14 de dezembro, em Abuja (Nigéria). Ao dar essa informação, ontem em Caracas, o ministro de Energia e Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, destacou que se uma decisão neste sentido for tomada, o corte em relação à produção atual passará a ser de 1,7 milhão de barris ao dia.

Ramírez, que foi entrevistado pela Radio Unión, disse que a Opep quer estabilizar o preço do barril num nível aceitável para todos. Segundo o ministro, dadas as atuais circunstâncias, esse nível seria de US$ 60.

Ramírez disse ainda que o preço do barril nunca mais voltará à cada dos US$ 30 porque há "fatores estruturais" que o impedem. Entre esses fatores, citou a utilização quase no limite da capacidade de produção e a falta de refinarias para processar o petróleo extraído. Além disso, mencionou que economias como as de Estados Unidos, China e Índia assimilaram sem problemas os novos níveis de preços.

Ramírez também lembrou que os cortes da Opep serão distribuídos entre Arábia Saudita, Argélia, Emirados Árabes, Indonésia, Irã, Kuwait, Líbia, Nigéria, Catar e Venezuela. O Iraque ficará de fora devido à "situação especial" que enfrenta.

O ministro assegurou ainda que os países consumidores acumularam reservas de petróleo e estão com estoques muito acima da média, o que contribuiu para debilitar o mercado.

Nova queda

As cotações internacionais de petróleo encerraram em queda o pregão de ontem, abaixo dos US$ 59 no pregão nova-iorquino. Operadores confirmaram que o mercado se mantém em terreno negativo, porque grande parte duvida de que todos os membros da Opep irão seguir o corte de produção estabelecido na semana passada.

Em Nova York, os contratos para entrega em dezembro finalizaram com recuo de US$ 0,52, para US$ 58,81 por barril. Na sexta-feira, o contrato de novembro, que venceu na última sessão, perdeu mais de 2% e cedeu para o menor patamar do ano. Em Londres, os preços do tipo Brent também com vencimento em dezembro terminaram em baixa de US$ 0,47, negociados a US$ 59,21 por barril.

De acordo com os analistas, os ministros da Opep falharam em definir como implementar o corte de produção aprovado em Doha na semana passada antes de começar as especulações entre os agentes do mercado sobre incertezas de como o grupo efetivará o corte. Os preços do petróleo têm recuado desde o recorde de alta de US$ 78,40, atingido em julho deste ano.

kicker: Apesar das dúvidas do CGES, Opep poderá discutir uma nova redução, de 500 mil barris/dia, no dia 14 de dezembro na Nigéria.

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