Energia

Chuvas permitiram reduzir uso de termelétricas em 50%

Valor Econômico
06/11/2009 12:13
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Com as fortes chuvas no último mês, que encheram os reservatórios das hidrelétricas, o Brasil hoje precisa gerar praticamente metade da energia termelétrica que gerava no mesmo período do ano passado. Enquanto em novembro de 2008 a geração das térmicas foi de 5 mil megawatts médios (MW) - ou 9,4% do total gerado no sistema -, este ano ela está em 2,8 mil MW médios, 5,24% do total.

 

"Enquanto a média de uso de gás no primeiro semestre do ano passado era de 14 milhões de metro cúbicos por dia, neste ano foi a metade, cerca de 7 milhões. Além disso, não foi preciso acionar as térmicas a óleo, que é um combustível mais caro", diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

 

Esse cenário garante energia mais barata e, consequentemente, reajustes mais baixos das distribuidoras no ano que vem, situação que já terá ajuda dos baixos Índices Gerais de Preços (IGPs) registrados neste ano. Com a menor necessidade de acionamento das térmicas em 2009, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que serão gastos R$ 100 milhões com o pagamento de encargos das térmicas, bem abaixo da expectativa de R$ 800 milhões publicada em maio, começo do período seco, quando ainda não era possível saber que as chuvas viriam de forma tão intensa. No ano passado, foram gastos R$ 2,2 bilhões, o que causou um impacto médio de 1,5 ponto percentual nos preços reajustados este ano no mercado regulado das distribuidoras.

 

"A redução de geração térmica este ano é significativa, quase metade do ano passado, o que causará uma queda do chamado custo não gerenciável nas tarifas de energia, ou seja, o uso das térmicas será um fator a menos de pressão no reajuste", diz Pires.

 

Os reservatórios das hidrelétricas dos sistemas Sudeste/Centro Oeste e Nordeste estão com o nível de armazenamento de água acima do verificado no mesmo período do ano passado, e acima até do nível estipulado como meta segura para o início do ano de 2009.

 

Neste começo de mês, o nível do sistema Sudeste/Centro Oeste está em 69,1% e o do Nordeste, em 63,3% da capacidade. Mesmo a região Sul, que enfrentou grave seca no começo do ano, já recuperou o nível de seus reservatórios (eles estão no mesmo patamar de igual período de 2008), e conta com 95% da sua capacidade de armazenamento. Essa situação permitiu que a representatividade da energia hidrelétrica no total geradono país ficasse em 94,44%, frente a 90,44% em 2008. Em 2007, ela representou 89,25% do total.

 

Para atingir as metas de níveis dos reservatórios estabelecidas para o começo de 2009 - de 53% da capacidade do sistema Sudeste/Centro Oeste e de 35% do Nordeste -, foram despachadas mais térmicas em vez das hidrelétricas. Por segurança, o governo optou por acionar as usinas fora da ordem de mérito, o que significa colocar em funcionamento as mais caras para poupar reservatórios.

 

Para 2010, porém, com os níveis altos já em novembro, o governo não deve ter essa necessidade. Em novembro de 2008, o nível colocado como meta para o Nordeste já tinha sido ultrapassado, com 42,5% da capacidade de armazenamento, mas no Sudeste estava em 51,9%. "É importante que o governo tenha meta de nível de reservatórios, mas este ano vai ser tranquilo, não vamos ter que nos preocupar em poupar água", diz Pires.

 

O especialista diz que o cenário atual garante ao menos dois anos sem risco de apagão no país. "No ano que vem vamos continuar com certa tranquilidade no atendimento da energia elétrica. A queda de consumo por conta da desaceleração do crescimento também garante uma folga."

 

Os reservatórios cheios também influenciam diretamente o Preço de Liquidação de Diferença (PLD), base para o preço da energia negociada no curto prazo. Por conta da segurança hídrica atual, o PLD está em cerca de R$ 16 reais o megawatt/hora (MW/h), enquanto em janeiro de 2008, ele chegou aos R$ 500 o MW/h.

 

Além da perda de representatividade da energia termelétrica no sistema nacional de geração, chama atenção a evolução da participação da energia eólica - ela passou de 0,05% no início de novembro de 2007 (24 MW médios ) para 0,32% agora (176 MW médios).

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