Energia

Braskem e Josapar negociam parceria

Jornal do Commercio - RS
02/09/2008 07:52
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A Braskem, maior empresa petroquímica brasileira, e a Josapar, líder nacional no mercado de arroz branco, avaliam a possibilidade de somar esforços para atuar na área de geração de energia. A primeira tem como principal interesse satisfazer as suas necessidades como uma das maiores consumidoras de eletricidade do País e, a segunda, gerar receita através de um subproduto de sua operação: a casca de arroz.

 

O diretor-adjunto de produção da Josapar, Carlos Soares Vianna, lembra que a companhia estuda a produção de energia com a casca de arroz desde meados da década de 1990. A empresa possui dois projetos sendo desenvolvidos no Rio Grande do Sul. As duas usinas, uma de 8 MW, em Pelotas, e a outra de 6 MW, em Itaqui, implicariam um investimento de cerca de 25 milhões de euros. Vianna acrescenta que é possível redimensionar os empreendimentos para que cada um alcance uma capacidade de até 10 MW.

 

A Josapar, inicialmente, pensou em executar os complexos sozinha, mas mudou o planejamento e agora busca uma parceria. A companhia mantém conversas neste sentido com a Braskem e Vianna afirma que é um processo que está evoluindo.

 

Na tarde de ontem, a Braskem promoveu, no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, o seminário "Biomassa para a Geração de Energia", voltado para beneficiadores de arroz e de madeira do Rio Grande do Sul. O objetivo era avaliar o potencial que o Estado apresenta para o investimento em geração de energia através da biomassa (queima de matéria orgânica).

 

A Braskem contratou a empresa PTZ Bioenergy para assessorá-la nas avaliações de possíveis fornecedores de matéria-prima que sirva de combustível para termelétricas no Estado. Essas usinas, se confirmada a disponibilidade de biomassa, serão construídas pela Braskem ou por parcerias com outras companhias.

 

O diretor de Energia da Braskem, Marcos Vinicius Gusmão do Nascimento, informa que o número de termelétricas a serem implantadas depende de questões como viabilidade econômica e garantia de fornecimento de biomassa a longo prazo (algo superior a quinze anos). Em princípio, a energia produzida será destinada ao consumo das unidades da Braskem localizadas no Pólo Petroquímico de Triunfo. No entanto, como o sistema elétrico nacional é interligado, nada impede que a eletricidade seja encaminhada para fábricas situadas em outros estados.

 

Cinco municípios já foram apontados como cidades que apresentam características que atendem às exigências: Pelotas, Itaqui, Dom Pedrito, Camaquã e São Borja. A Braskem tem como foco a construção de usinas de 10 MW a 12 MW de capacidade. Essas estruturas precisarão contar com uma disponibilidade de 11 a 13 toneladas de casca de arroz por hora. Também será fundamental que o local de produção da biomassa fique a menos de 10 quilômetros da usina para não onerar demasiadamente o custo do transporte do insumo.

 

O diretor da PTZ Bioenergy, Ricardo Pretz, salienta que, com a presença de um grande investidor como a Braskem, será possível explorar de maneira mais diversificada a matriz energética do Rio Grande do Sul. Outro ponto abordado pelo diretor da PTZ Bioenergy, é que a ação permitirá resolver o problema ambiental que é a destinação dos resíduos de biomassa. A ação também contribuirá com a redução dos gases que provocam o efeito estufa e, por conseqüência, o aquecimento global. Esse reflexo possibilitará ao empreendedor da termelétrica alimentada com biomassa a se habilitar aos créditos de carbono.

 

Pretz acredita que o processo de avaliação e negociação de contratos entre Braskem e eventuais fornecedores deve levar cerca de 60 dias. A implantação de uma termelétrica de biomassa leva de 18 meses a 20 meses. Então, o dirigente prevê que as primeiras usinas resultantes dos acordos, se confirmados, poderão estar operando a partir de 2010. A estimativa é de que o Rio Grande do Sul, através da casca de arroz e resíduos de madeira, tenha um potencial de geração de energia de cerca de 200 MW (algo em torno de 6% da demanda média do Estado).

 

O consumo de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) cresceu 5,6% em agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2007, totalizando 52,630 mil megawatts (MW) médio, informou ontem o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em relação a julho deste ano, a expansão foi de 2,3%. Com o resultado, no período acumulado dos últimos 12 meses até agosto, o operador apurou aumento de 4,2% no consumo do sistema.

 

De acordo com o ONS, o crescimento do consumo segue sob influência da expansão industrial, tendo em vista que o nível atual de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação é da ordem de 83%. Segundo o ONS, esse comportamento é puxado pela demanda interna, por conta do aumento de renda das famílias e da expansão de crédito.

 

A expectativa do ONS é que este cenário continue, já que os indicadores mais recentes continuam a sinalizar perspectivas positivas para a economia brasileira. Além do fator econômico, o ONS disse que o crescimento do consumo de energia também foi influenciado por temperaturas mais elevadas nesta época do ano no Sul e no subsistema das regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.

 

Entre as regiões, o consumo cresceu 6,7% no subsistema Sudeste e Centro-Oeste em agosto deste ano ante igual intervalo do ano passado, para 33,010 mil MW médios. No Sul, a expansão no período foi de 3,3%, para 8,5 mil MW médios. No Nordeste, o operador apurou alta de 4% no consumo, para 7,384 mil MW médios e, no Norte, o crescimento foi de 5,1%, para 3,736 mil MW.

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