Combustíveis

Biodiesel desperta interesse de alemães

Valor Econômico
05/01/2005 02:00
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Recém-lançado no país, com o objetivo de diversificar a matriz de combustíveis e gerar fontes alternativas de renda para o agronegócio, o programa brasileiro de biodiesel já desperta interesse no exterior e acaba de ganhar um aliado que poderá garantir o sucesso do empreendimento: a Alemanha informou que tem interesse em importar o produto. Assim como as compras de etanol brasileiro, trata-se de um projeto de longo prazo, diz o embaixador alemão em Brasília, Prot von Kunow.
A Alemanha importa 97% das 100 milhões de toneladas de petróleo que consome todos os anos. Para ganhar competitividade, tanto o biodiesel quanto o etanol brasileiros precisam receber descontos nas tarifas de importação cobradas pela União Européia, mas as negociações com o Mercosul devem contemplar esse tipo de benefício.
"Para nós, que dependemos muito dos produtores de petróleo, é importante diversificar e o Brasil tem boa chance de oferecer energias renováveis por preços baixos", afirma o embaixador. "Hoje temos alguma produção local e uma rede de distribuição de biodiesel", acrescenta Kunow, explicando que o combustível lá é feito a partir da colza - uma semente oleaginosa - e já usado em tratores e máquinas agrícolas, em proporções ainda baixas.
O governo alemão deverá avaliar a possibilidade de autorizar a mistura do etanol e do biodiesel aos derivados de petróleo utilizados em veículos automotivos. A motivação não é apenas econômica, para reduzir a dependência dos grandes produtores mundiais de óleo. Vem também dos compromissos de diminuição dos níveis de poluição assumidos com a assinatura do Protocolo de Kyoto. "Temos uma preocupação muito grande com as questões ecológicas", diz Kunow.
Esse é o aspecto mais visível, mas não o único, de uma parceria que o governo alemão busca com o Brasil no setor de energia. O embaixador sublinha que a Alemanha está disposta a transferir tecnologia que permita ao país reduzir suas perdas com o transporte de eletricidade.
Segundo ele, a energia gerada por Itaipu chega a São Paulo com 30% de desperdício na transmissão. "A perda é muito alta e faz parte do custo de distribuição, mas temos tecnologia que permitem a economia de energia e podemos fazer parcerias com o Brasil."
No início de novembro, a Alemanha comunicou ao governo brasileiro que reformularia o acordo de uso pacífico da energia nuclear, assinado em 1975. O entendimento viabilizou a construção das usinas Angra I e II e a compra de equipamentos da empresa alemã Siemens, para erguer Angra III.
A Siemens vendeu suas atividades na área nuclear a uma empresa francesa, e a Alemanha aprovou uma lei que prevê a eliminação de atividades nucleares para fins pacíficos. Mas as novas parcerias no setor energético são uma prova, segundo o embaixador, de que o país quer manter o excelente nível de cooperação com o governo brasileiro.

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