Negócios

BG deve colocar ativos à venda

Agência Estado
10/10/2011 15:53
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A britânica BG é mais uma petroleira a colocar à venda parte dos ativos que detém no Brasil. Principal parceira da Petrobras nas áreas do pré-sal da Bacia de Santos, a companhia não confirma o negócio oficialmente, mas fontes próximas garantem que está sendo planejado pela direção da empresa no exterior.

A ideia seria capitalizar a empresa para investir os cerca de US$ 30 bilhões programados para o Brasil até 2020 e, principalmente, reduzir exposição ao risco do pré-sal. Boa parte dos ativos da empresa está concentrada nesta região. Atualmente, a BG possui participações que variam de 20% a 30% nas áreas do pré-sal que tem a Petrobras como operadora.

Além da britânica, estão negociando parte dos ativos no mercado a norte-americana Anadarko, a canadense Encana, e a anglo-holandesa Shell. "É um remanejamento de portfólio e isso é muito normal", garante Peter Voser, presidente mundial da Shell, destacando que a companhia pretende concentrar recursos em ativos com potencial mais imediato de prospecção.

Para o analista Bob Fryklund, vice-presidente global para a área de Exploração e Produção de Petróleo do instituto IHS, as companhias estão constantemente gerenciando as carteiras, mas as atuais condições do mercado exigem gestão mais agressiva, especialmente com o custo de capital em ascensão.


Custos

"As empresas tendem a olhar para o risco de taxa de retorno e rentabilidade e, em seguida, classificar e selecionar onde investir a quantia limitada de dinheiro que têm", comentou. O analista destacou ainda que o risco Brasil tem aumentado nos últimos anos, com o custo alto dos equipamentos e também por atrasos, que denomina de "dores de crescimento", resultado da falta de capacidade para atender à demanda crescente.

Além das empresas citadas, já puseram ativos à venda a Devon, que repassou para a BP todos os blocos no país num processo que envolveu negócios no mundo todo; a norueguesa Statoil, e a espanhola Repsol, que abriu mão de 40% da participação que detinha em blocos do pré-sal.

A Sonangol Starfish também está em fase de conclusão da análise das propostas recebidas para o farm-out nos blocos BM-C-45 e BM-C46, na Bacia de Campos, e BM-S-60, em Santos. O data room da operação foi finalizado em agosto, com cerca de 20 empresas interessadas, 18 das quais estrangeiras. A intenção é vender até 60% da participação em Campos e, no máximo, 20% no projeto de Santos, do qual a petroleira mantém hoje 30%.

Do lado comprador, a China se destaca. A petroleira Sinopec arrematou a participação da Repsol no ano passado, garantindo participação na área mais nobre do pré-sal brasileiro, o polo de Tupi, na Bacia de Santos. Outra chinesa, a Sinochem, ficou com 40% da participação da Statoil no campo de Peregrino, na Bacia de Campos, também em 2010.

Ambas as companhias também sondaram ativos das petroleiras brasileiras OGX, na Bacia de Campos, e da HRT, no Solimões, sem sucesso por enquanto. As duas chinesas, além da CNOOC, também estariam interessadas nos ativos da BG. A ideia, segundo garantem pelo menos três fontes do mercado, seria formar com a britânica parceria semelhante à composta com a Repsol.


Prazo

No primeiro semestre, quando a companhia anunciou revisão para cima das projeções para o pré-sal brasileiro houve especulação no mercado sobre o negócio, mas a empresa negou. Segundo fonte próxima à BG "não há pressa" em vender os ativos, já que ainda há recursos suficientes em caixa para investir no curto prazo.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, além da capitalização necessária para investimentos, o aumento do risco Brasil e as indefinições políticas têm impulsionado os negócios.

"Mesmo sendo muito menor que outros lugares do mundo, a mudança nos contratos de concessão para partilha, esta confusão dos royalties e ainda o adiamento da 11ª Rodada dada como certa para este ano e o cancelamento da 8ª Rodada foram atitudes do governo que geraram certa instabilidade que fazem com que as empresas queiram diminuir a exposição ao risco", afirmou.
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