A Vale anunciou ontem ter iniciado as obras da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), projeto de US$ 4 bilhões tocado pela mineradora em parceria com a siderúrgica coreana Dongkuk e parte da estratégia da empresa de criar demanda no Brasil para o minério de ferro que produz.
O projeto será instalado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, e a previsão é de que entre em operação em 2013.
Segundo a Vale, os US$ 4 bilhões abrangem apenas a primeira fase do projeto, quando serão produzidas 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano. A usina poderá ser no entanto ampliada para 6 milhões de toneladas por ano em uma segunda fase.
"Além de placas de aço, a CSP também produzirá energia elétrica para consumo próprio, sendo que o excedente será disponibilizado para o mercado nacional", informou a empresa.
De acordo com o cronograma da mineradora, em 2010 serão feitas obras de terraplanagem; em 2011 as obras civis; em 2012 serão recebidos os equipamentos; e em 2013 serão montados os equipamantos e iniciada a operação da usina.
Além da CSP, a Vale está envolvida em três projetos siderúrgicos, que ganharam maior importância no foco da mineradora após pressão do governo brasileiro para investimentos mais expressivos nesse setor no país.
"A expectativa é de que cada um desses projetos siderúrgicos contribua para a criação de cerca de 10 mil a 25 mil empregos durante a construção, dependendo da fase de implementação. Na operação, cada projeto pode gerar em torno de 3 mil empregos diretos e outros 15 mil indiretos", afirmou a Vale em nota.
Com as quatro unidades serão adicionadas 15,5 milhões de toneladas de aço à capacidade instalada atual no Brasil, de 34 milhões de toneladas, ressaltou a companhia.
Além do projeto com a Dongkuk, a mineradora tem uma participação minoritária na CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), controlada pela alemã ThyssenKrupp, e pretende investir na construção da Aços Laminados do Pará, uma usina com capacidade para produção de 2,5 milhões de toneladas de aço.
No mês passado, a mineradora informou que planeja uma unidade agregada ao projeto do Pará para produzir laminados a quente, laminados a frio e galvanizados, com placas fornecidas pela Alpa.
A empresa avalia também um projeto siderúrgico no Espírito Santo, ainda sem definição de parceiros, mas previsto para entrar em operação em 2014 e produzir 5 milhões de toneladas de placas por ano.
PREÇOS. O jornal China Daily disse ontem que a Vale vai reduzir o preço de entrega de minério de ferro vendido à China no ano que vem. A reportagem, citando uma autoridade não identificada de uma siderúrgica chinesa, afirma que a Vale já fechou acordos de preço de frete a longo prazo com uma série de usinas locais, oferecendo descontos de 20% a 30%.A Associação de Ferro e Aço da China já enviou uma delegação ao Brasil para discutir ações conjuntas opostas à fusão BHP-Rio, afirmou o Australian Financial Review nesta semana.
A mineradora, no entanto, refutou a informação, que foi divulgada também pela agência de notícias estatal Xinhua. Sem abordar diretamente as supostas imprecisões, Maggie Lu, relações públicas que representa a Vale na China, referiu-se à Dow Jones Newswires para citar outra reportagem em inglês que, segundo ela, refletia "as aspas exatas" do presidente da mineradora brasileira.
A Vale informou que a citação exata foi "eu acho que vai ser um ano positivo, e os preços do ferro estão mostrando uma tendência a aumentar, mas não sei quanto".
O preço de referência do minério de ferro é negociado anualmente entre os principais países compradores e as mineradoras globais, incluindo a Vale, Rio Tinto e BHP Billiton. A China é o maior consumidor do mundo de minério de ferro e a brasileira é a maior entre as mineradoras.