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A Companhia Vale do Rio Doce está a um passo de tomar a posição da Petrobrás como a maior empresa brasileira em valor de mercado - levando em conta o valor de todas as ações da companhia pela cotação na Bolsa de Valores. Durante o dia, a Vale chegou a ultrapassar a Petrobrás. Os funcionários da Vale, que acompanhavam em seus computadores na sede da empresa, no Rio, cada mudança nas cotações, chegaram a comemorar a ultrapassagem. Ao final do pregão, porém, a Petrobrás recuperou a posição, mas por uma margem mínima.
Ao final do pregão, a Vale alcançou valor de US$ 157,779 bilhões, US$ 55 milhões a menos do que a Petrobrás. Em dia de forte alta na Bolsa de Valores, as principais ações da Vale puxaram o índice da Bolsa. As ações PNA da Vale subiram 4,33% e as ON fecharam com alta de 4,16%.
Uma das principais razões para explicar o crescimento da Vale é a forte demanda pelos seus dois principais produtos, minério de ferro e níquel, especialmente por parte de clientes chineses. A Vale é líder de mercado, tem ativos de primeira qualidade, incluindo suas minas, ferrovias e portos, é muito bem administrada e ainda se beneficiou de uma alta histórica no preço dos minérios, diz João Roberto Teixeira, vice-presidente do banco ABN Amro no Brasil.
Mas além da forte demanda internacional, analistas financeiros dizem que a Vale pode se candidatar ao título de maior empresa do País porque a Petrobrás tem sido penalizada pelo mercado financeiro por causa de uma suposta ingerência política em sua gestão. Apesar do valor do barril do petróleo também estar em alta e ter ultrapassado a marca histórica de US$ 80, as ações da Petrobrás não subiram no mesmo ritmo dos papéis da Vale.
A Vale tem projetos de internacionalização, está diversificando seus negócios, trabalha para melhorar a rentabilidade da operação para os acionistas. Está fazendo tudo o que a Petrobrás não está, critica Tereza Fernandez, sócia da consultoria MB Associados.
A Petrobrás vive um período conturbado de mudança de diretoria, ao ritmo de acordos políticos com aliados do governo. É possível que isso interfira no desconto de preço de mercado da Petrobrás, diz Edmo Chagas, analista do UBS Pactual. A política pode fazer diferença. No mundo inteiro, a eficiência da gestão privada é sempre muito superior à estatal, diz Rodrigo Ferraz, analista da Brascan Corretora.
Segundo Ferraz, a alta dos papéis da Vale está relacionada à busca de uma nova cotação das ações, levando em conta a mudança no preço dos minérios. A Vale iniciou negociações com os chineses para um novo reajuste no preço do minério de ferro. As estimativas são que a Vale pode elevar o preço de 20% a 35% em 2008. O efeito disso na geração de caixa será tão favorável à companhia como foram os três últimos reajustes.
Em 2004, a Vale obteve reajuste de 19%. No ano seguinte, o preço subiu 71,5%. No ano passado, a alta foi mais modesta: 9,5%. Dependendo do aumento que poderá ser obtido agora, o minério de ferro da Vale poderá ter sido reajustado entre 2004 e 2007 em mais de 200%. O caixa da companhia cresceu muito e permitiu que a Vale se diversificasse, indo para o exterior e explorando novos produtos, diz Ferraz.
A geração de caixa da Vale era de R$ 2,2 bilhões em 2004. Agora, deve chegar a R$ 36 bilhões. Esses fatores, somado à fartura de capital no mundo, permitiram a compra da Inco, uma mineradora de níquel. Segundo a Brascan, 35% das receitas da Vale sairão das operações da canadense Inco. O minério de ferro, que em 2004 representava 53% das receitas, representará 42%.
Fonte: O Estado de S.Paulo