O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, previu ontem que o Brasil dobrará a produção de álcool, hoje de 17,5 bilhões de litros, até 2017. "Temos 6 milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar e cerca de 150 milhões disponíveis para agricultura. "Se formos inteli
Jornal do CommercioO ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, previu ontem
que o Brasil dobrará a produção de álcool, hoje de 17,5
bilhões de litros, até 2017. "Temos 6 milhões de hectares
plantados com cana-de-açúcar e cerca de 150 milhões
disponíveis para agricultura. "Se formos inteligentes,
poderemos dobrar a produção de álcool sem causar qualquer
impacto."
Apesar do otimismo, o ministro garantiu que tomaria medidas
radicais para garantir o abastecimento interno de álcool
combustível. O comentário foi feito frente a hipótese de uma
possível disparada na exportação do etanol, caso seja
revogada a tarifa de US$ 0,54 por galão que os EUA impõem
ao produto brasileiro. Ele citou como exemplo de garantia de
abastecimento a imposição de cotas para exportação, se os
usineiros priorizarem o mercado externo.
"Nós temos de dar segurança ao abastecimento interno e,
quanto a isso, não há dúvida; aí os mecanismos serão
adotados e o mais radical deles seria a imposição de cotas",
afirmou o ministro. "O mercado brasileiro pode ficar tranqüilo
que essa questão (abastecimento) será fundamental em relação
a qualquer política do álcool", completou Stephanes.
O ministro encontrou-se em seu gabinete com o ex-governador
da Flórida Jeb Bush e com o ex-ministro da Agricultura
Roberto Rodrigues, líderes da Comissão Interamericana do
Etanol, entidade criada para o fomento ao uso do combustível
alternativo. Stephanes procurou, entretanto, minimizar qualquer
tipo de intervenção que possa ocorrer no futuro em relação ao
álcool e lembrou que, além das mais de 300 usinas
processadoras de cana-de-açúcar em operação no Brasil,
outras 50 estão em implementação e 57 passam por um estágio
de consulta. Com isso, em cinco anos seria possível ampliar a
capacidade instalada de produção de álcool em 20%.
Stephanes afirmou que a redução na tarifa sobre o álcool
brasileiro será lenta e a queda, se ocorrer, deverá ser gradual.
"Em dois anos não há chance se mudança, ou seja, só a partir
de 2009", disse ele, ao lembrar que a legislação americana
impede uma rediscussão sobre o tema no próximo biênio. Por
outro lado, o ministro salientou que esse período será positivo
para que o álcool possa começar a ser transformado em uma
commodity mundial, processo que, na opinião dele, ainda deve
demorar cinco anos, já que é necessária a expansão da
produção para outros países.
O ministro espera que, em até três anos, seja criado também
um selo de qualidade para certificar o etanol brasileiro
exportado nesse novo mercado. "Não há dúvida que o
produtor do Brasil terá capacidade de se adaptar às normas,
tanto ambientais como de qualidade, para receber este selo",
opinou.
No encontro entre Stephanes, Jeb Bush e Rodrigues foi
discutida ainda a expansão da produção de etanol, hoje
concentrada no Brasil e nos Estados Unidos, para outros
países, como os da América Central e da África. "Com isso,
seria criada uma segurança na produção do etanol e um
mercado onde vários países participariam. Não adianta só
Brasil e Estados Unidos produzirem".
Na reunião, Rodrigues defendeu a idéia de que os recursos
adotados com tarifa americana sejam utilizados, ao menos em
parte, para o fomento de um fundo de pesquisa para o setor
sucroalcooleiro no País. "Apesar de ser apenas uma idéia, é
muito boa, porque o Brasil seria contemplado por essa rede, já
que nós detemos uma excelente tecnologia", concluiu
Stephanes, que esteve acompanhado no encontro do ministro
da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende.
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