Internacional

Sem gasolina, Venezuela tem que recorrer aos EUA

Informações constam no relatório da AIE.

Valor Econômico
24/01/2013 17:21
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Um acidente na maior refinaria da Venezuela, em agosto do ano passado, obrigou o país que detém as maiores reservas comprovadas do mundo a quadruplicar as importações de derivados do petróleo dos Estados Unidos. A informação consta em um relatório fechado da Agência Internacional de Energia (AIE), datado do último dia 18 de janeiro, e contradiz a versão oficial de que a refinaria já voltou a pleno funcionamento.
O relatório afirma que os EUA vêm exportando "significativas quantidades de derivados de petróleo à Venezuela, enquanto o país luta para retomar a produção de sua gigantesca refinaria de Amuay", cuja capacidade de processamento é de 645 mil barris por dia (bpd). Segundo a AIE, a Venezuela importa hoje cerca de 200 mil bpd de derivados de petróleo dos EUA, contra um patamar histórico próximo a 50 mil bpd.
Amuay foi palco de uma forte explosão em agosto do ano passado, que matou mais de 40 pessoas e paralisou sua produção. O acidente, o pior da história do setor petrolífero no país, foi atribuído por especialistas à falta de investimentos e de manutenção de equipamentos da estatal PDVSA.
Segundo a AIE, a refinaria venezuelana opera hoje "com cerca de metade de sua capacidade" e "não deve retornar à plena operação no primeiro trimestre" deste ano. Na terça (22), a agência de notícias 'Reuters' informou ter tido acesso a um relatório da PDVSA com um número aproximado. O documento, segundo a 'Reuters', informa que Amuay opera atualmente com 57% de sua capacidade operacional.
A salto nas importações ocorre em um momento delicado da economia venezuelana e também nas finanças da PDVSA, dizem especialistas. As incertezas com relação à saúde do presidente Hugo Chávez, internado em Cuba desde dezembro para o tratamento de um câncer, têm feito o governo adiar decisões importantes, como um aguardado ajuste fiscal e a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, frente ao dólar.
Também não se sabe ao certo o valor da fatura paga pela PDVSA por essas importações, mas analistas ouvidos pelo Valor dizem que ele é significativo, variando de US$ 245 milhões a US$ 315 milhões ao mês. "Sabemos os dados do aumento médio das exportacoes diretas dos EUA para a Venezuela, mas não sabemos o quanto aumentou a importação de outros paises. Mas a maior parte deve chegar dos EUA", disse ao Valor uma fonte com conhecimento do tema, que pediu para não ser identificada. "De qualquer maneira, os únicos que poderiam fazer um cálculo minimamente preciso [sobre as importações] seriam os funcionários da própria PDVSA".
Nicholas Watson, diretor de análise para a América Latina da consultoria Control Risks, afirma que a PDVSA já enfrenta problemas de fluxos de caixa. "Há relatos de atrasos nos pagamentos de funcionários e fornecedores", afirma. "A empresa tem buscado linhas de crédito no exterior, mas os bancos de melhor rating não estão concedendo empréstimos à Venezuela por causa das incertezas políticas e econômicas".
Um agravante para as contas públicas e da PDVSA é o fato de que a estatal é obrigada a comprar os derivados a preços compatíveis com o mercado internacional, enquanto nos postos de gasolina da Venezuela a gasolina é vendida a cerca de US$ 0,05 por litro.
Segundo José Antonio Gil Yepes, da consultoria Datanalisis, o subsídio petroleiro do governo ao consumidor venezuelano custa aos cofres públicos US$ 10 bilhões ao ano, ou aproximadamente 3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Mas, mesmo com o déficit fiscal se aproximando de 17% do PIB (segundo a Datanalisis), dificilmente o governo mexerá nesse vespeiro. O subsídio não é uma invenção de Chávez, e já foi pivô de uma sangrenta revolta em 1989, quando o então presidente Carlos Andrés Pérez anunciou um reajuste de 100% no preço da gasolina como parte de um acordo para receber um empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional). Calcula-se que entre 1.000 e 3.000 pessoas tenham morrido nos confrontos entre os manifestantes e as Forças Armadas, no que ficou conhecido como "Caracazo".
"Os consumidor venezuelano pensa que tem direito a uma gasolina superbarata. Essa situação é insustentável, mas dificilmente vai mudar", diz Watson.

Um acidente na maior refinaria da Venezuela, em agosto do ano passado, obrigou o país que detém as maiores reservas comprovadas do mundo a quadruplicar as importações de derivados do petróleo dos Estados Unidos. A informação consta em um relatório fechado da Agência Internacional de Energia (AIE), datado do último dia 18 de janeiro, e contradiz a versão oficial de que a refinaria já voltou a pleno funcionamento.


O relatório afirma que os EUA vêm exportando "significativas quantidades de derivados de petróleo à Venezuela, enquanto o país luta para retomar a produção de sua gigantesca refinaria de Amuay", cuja capacidade de processamento é de 645 mil barris por dia (bpd). Segundo a AIE, a Venezuela importa hoje cerca de 200 mil bpd de derivados de petróleo dos EUA, contra um patamar histórico próximo a 50 mil bpd.


Amuay foi palco de uma forte explosão em agosto do ano passado, que matou mais de 40 pessoas e paralisou sua produção. O acidente, o pior da história do setor petrolífero no país, foi atribuído por especialistas à falta de investimentos e de manutenção de equipamentos da estatal PDVSA.


Segundo a AIE, a refinaria venezuelana opera hoje "com cerca de metade de sua capacidade" e "não deve retornar à plena operação no primeiro trimestre" deste ano. Na terça (22), a agência de notícias 'Reuters' informou ter tido acesso a um relatório da PDVSA com um número aproximado. O documento, segundo a 'Reuters', informa que Amuay opera atualmente com 57% de sua capacidade operacional.


A salto nas importações ocorre em um momento delicado da economia venezuelana e também nas finanças da PDVSA, dizem especialistas. As incertezas com relação à saúde do presidente Hugo Chávez, internado em Cuba desde dezembro para o tratamento de um câncer, têm feito o governo adiar decisões importantes, como um aguardado ajuste fiscal e a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, frente ao dólar.


Também não se sabe ao certo o valor da fatura paga pela PDVSA por essas importações, mas analistas ouvidos pelo Valor dizem que ele é significativo, variando de US$ 245 milhões a US$ 315 milhões ao mês. "Sabemos os dados do aumento médio das exportacoes diretas dos EUA para a Venezuela, mas não sabemos o quanto aumentou a importação de outros paises. Mas a maior parte deve chegar dos EUA", disse ao Valor uma fonte com conhecimento do tema, que pediu para não ser identificada. "De qualquer maneira, os únicos que poderiam fazer um cálculo minimamente preciso [sobre as importações] seriam os funcionários da própria PDVSA".


Nicholas Watson, diretor de análise para a América Latina da consultoria Control Risks, afirma que a PDVSA já enfrenta problemas de fluxos de caixa. "Há relatos de atrasos nos pagamentos de funcionários e fornecedores", afirma. "A empresa tem buscado linhas de crédito no exterior, mas os bancos de melhor rating não estão concedendo empréstimos à Venezuela por causa das incertezas políticas e econômicas".


Um agravante para as contas públicas e da PDVSA é o fato de que a estatal é obrigada a comprar os derivados a preços compatíveis com o mercado internacional, enquanto nos postos de gasolina da Venezuela a gasolina é vendida a cerca de US$ 0,05 por litro.


Segundo José Antonio Gil Yepes, da consultoria Datanalisis, o subsídio petroleiro do governo ao consumidor venezuelano custa aos cofres públicos US$ 10 bilhões ao ano, ou aproximadamente 3% do PIB (Produto Interno Bruto).


Mas, mesmo com o déficit fiscal se aproximando de 17% do PIB (segundo a Datanalisis), dificilmente o governo mexerá nesse vespeiro. O subsídio não é uma invenção de Chávez, e já foi pivô de uma sangrenta revolta em 1989, quando o então presidente Carlos Andrés Pérez anunciou um reajuste de 100% no preço da gasolina como parte de um acordo para receber um empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional). Calcula-se que entre 1.000 e 3.000 pessoas tenham morrido nos confrontos entre os manifestantes e as Forças Armadas, no que ficou conhecido como "Caracazo".


"Os consumidor venezuelano pensa que tem direito a uma gasolina superbarata. Essa situação é insustentável, mas dificilmente vai mudar", diz Watson.

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