Valor Econômico
O governo venezuelano determinou ontem um corte de 20% no consumo de energia elétrica por causa da redução dos níveis dos reservatórios de hidrelétricas. O país está passando pela pior seca dos últimos 40 anos. O fornecimento de energia ao Estado de Roraima - que depende de um complexo hidrelétrico da Venezuela - será reduzido.
Grandes empresas, cujo consumo médio de energia supera os 5 megawatts por mês, e condomínios de apartamentos que usem mais de 2 megawatts por mês terão de cortar 20% do consumo em relação ao mesmo período de 2008. A resolução, que foi publicada ontem no diário oficial venezuelano, estabelece multas para aqueles que não atenderem a essas metas.
A medida afeta também shopping centers, cassinos e anúncios luminosos do país, que terão de passar a operar sob restrições.
O governo venezuelano iniciou em novembro as primeiras medidas de racionamento de água e energia depois que a seca provocada pelo fenômeno climático El Niño provocou uma redução - uma das maiores já registradas no país - nos níveis dos reservatórios e de rios que movimentam usinas hidrelétricas.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, já pediu à população do país que não fique mais de três minutos no banho e que compreenda a necessidade de cortes escalonados de energia, que visam evitar um colapso no sistema elétrico.
"Não há água, estamos numa seca e precisamos economizar água", disse Chávez no domingo. "Vão ver o nível de Guri [a hidrelétrica que gera 73% da energia no país], está no seu mínimo", disse. "É o efeito da mudança climática."
Empresas de publicidade que operam outdoors luminosos em ruas e avenidas terão de substituir as lâmpadas por outras mais econômicas e acioná-las somente entre 18h e meia-noite, informou o governo. No caso dos shopping centers, o fornecimento de energia a eles será feito somente entre 11h e 21h, enquanto que nos cassinos, o fornecimento começará às 18h e terminará à meia-noite.
Segundo o Ministério de Energia Elétrica da Venezuela, o consumo de energia no país é 14% mais alto que a média da América Latina e Caribe. A demanda venezuelana aumentou 7% este ano, argumenta o ministério.
Desde o ano passado, o país passou por quatro apagões de proporções nacionais. A oposição usou os episódios para questionar a capacidade do governo Chávez de administrar o setor.
O reflexo da queda na produção de energia elétrica na Venezuela será sentido também no Brasil. Caracas anunciou que reduzirá o fornecimento para Roraima em 20 megawatts/dia em janeiro e em mais 20 megawatts em fevereiro. O Estado brasileiro depende da energia produzida em Guri e recebe entre 77 megawatts e 97 megawatts por dia.
Desde 2001, uma linha de transmissão cruza a fronteira para levar energia a Roraima. Segundo a Eletronorte, é a primeira vez que o fornecimento será reduzido.
A estatal brasileira disse que acionará uma termelétrica que existe em Roraima, com capacidade de gerar 47 megawatts, e que contratará mais 60 megawatts de um produtor independente de energia. O Estado não está interligado ao sistema integrado nacional de energia.
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