Valor Econômico
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, responsável pela área petroquímica da estatal, disse ontem que a empresa já recebeu dos sócios privados da Rio Polímeros (Riopol), Suzano e Unipar, pedido de avaliação da disponibilidade de gás natural para uma ampliação da planta gás-química inaugurada ontem. A Riopol, primeira petroquímica do Brasil que utiliza o gás como matéria-prima, é também a primeira do setor que integra na mesma planta a primeira e segunda geração da cadeia petroquímica. Com investimento de US$ 1,8 bilhão, ela vai produzir 540 mil toneladas de polietilenos (resinas para a fabricação de plásticos) a partir de eteno fracionado do gás. A ampliação seria para 700 mil toneladas/ano.
Quando atingir o pico da produção, o que deve ocorrer no começo de 2006, a Riopol vai precisar que a Petrobras processe para ela 13 milhões de toneladas/ano de gás natural, o que representa toda a produção da bacia de Campos (RJ). Para ampliar a produção da Riopol será necessário ampliar a produção de Campos ou transportar gás de outras regiões.
Com uma área construída de 400 mil m2, a Riopol possui outros 400 mil disponíveis para uma eventual ampliação. Além disso, a fábrica já foi construída com infra-estrutura para a colocação de novos equipamentos, como as sapatas de concreto para novas esferas de estocagem de produtos. Com isso, o preço de uma ampliação de 160 mil toneladas/ano de polietilenos ficaria em torno de US$ 100 milhões, segundo cálculos divulgados pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. O valor representa menos de 10% do custo da fábrica original. Além da Suzano (33,3%) e da Unipar (33,3%), são acionistas da Riopol as estatais BNDES (16,7%) e Petrobras (16,7%).
De acordo com dirigente de um dos acionistas privados, a ampliação é um caminho natural, mas ele admite que ainda não há entendimento suficiente entre os sócios para que seja feito agora um anúncio categórico da ampliação. O presidente do grupo Unipar, Roberto Garcia, disse que a ampliação da Riopol é uma meta futura, mas disse que ela não é prioritária para o grupo agora. "Precisamos ir em etapas. A expansão que está em curso agora é a do Sudeste, via São Paulo (da Petroquímica União, PQU, controlada pela Unipar)."
Segundo Garcia, para 2007 e 2008 a expansão da PQU em 200 mil toneladas de eteno e 180 mil toneladas de polietilenos é a única realidade possível. "Isso quer dizer que vamos interromper a Riopol por aqui? Não é isso. Tem que ser feita (a ampliação) de uma maneira coordenada, integrada, como se pensasse no bloco e valorizando competitividade. Isso é fundamental", disse.
Para o presidente da Unipar, a integração da petroquímica da região Sudeste, um projeto antigo, é um caminho natural a ser trilhado pelas empresas do setor. "O projeto de integração e de valorização de atividades de empresas no Sudeste vem de longa data", disse. Segundo Garcia, há dois anos a Unipar contratou um estudo que concluiu pela oportunidade de criação de um bloco integrado petroquímico no Sudeste. "Já naquela ocasião nós identificávamos que isso agregaria peso, competitividade e valor à petroquímica da região".
Ele disse também que não sabe qual o modelo que seria utilizado nesse processo de integração e afirmou que ainda não conversou com dirigentes do grupo Suzano após o anúncio, feito segunda-feira, da aquisição pelo grupo da família Feffer do controle integral da Polibrasil, maior produtora do país de polipropileno (outra resina para a produção de plásticos), da qual já possuía 50%. Por isso, ele disse não saber quais os planos do outro grande grupo petroquímico do Sudeste a respeito da integração.
Para Garcia, a construção pela Braskem (grupo Odebrecht), maior empresa petroquímica do país, de uma planta de polipropileno (com a Petrobras) em Paulínia (SP) é um fato que não interfere na integração do Sudeste. Na sua avaliação, a fábrica da Braskem, apesar de ser em São Paulo, é uma expansão do pólo do Nordeste que está sendo feita em São Paulo por uma questão de mercado.
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