A petrolífera espanhola Repsol planeja investir pesadamente na exploração de descobertas recentes, ao cortar seu pagamento de dividendos e com a venda de ativos não essenciais, como parte da luta para se recuperar da crise com a sua unidade argentina YPF.
O grupo disse nesta terça-feira (29), na sua primeira atualização estratégica desde que a maioria de sua participação de 57% na YPF foi nacionalizada pela Argentina no mês passado, que planeja investir € 19,1 bilhões (US$ 24 bilhões) nos próximos quatro anos, com 77% gasto em exploração de petróleo em descobertas recentes.
As principais empresas petrolíferas como a BP, Shell e Total estão aumentando os gastos em exploração em busca de tirar proveito dos preços elevados do petróleo. No entanto, alguns analistas temem que o gasto adicional não vai aumentar significativamente o retorno porque muitos projetos estão com margens menores.
A Repsol, que comprou a YPF em 1999, para reduzir sua exposição ao negócio de refino, menos lucrativo, disse que terá um crescimento da produção anual em mais de 7% nos próximos quatro anos.
A companhia também disse que lucro líquido deverá crescer 80% ante os € 1,7 bilhão que fez em 2011, excluindo a YPF e com base em um preço do petróleo de cerca de US$ 80 o barril.
Após a desapropriação, a empresa disse que está se concentrando em Brasil, Estados Unidos, Rússia e outros países latino-americanos. Na semana passada, o grupo anunciou a descoberta de 1,2 bilhão de barris de óleo equivalente ao largo da costa do Brasil, em bloco em parceria com a Petrobras.
Analistas da Investec descreveram as previsões de crescimento como "enérgicas", mas observaram que grandes companhias de petróleo tiveram uma história muito promissora de exploração que acabaram não se concretizando e que a Repsol está fortemente dependente de um país, o Brasil.
"Isto parece um pacote coerente, mas acreditamos que estabiliza uma situação perigosa em vez de criar uma proposição atraente capital nesta fase", disseram eles.