Combustíveis

Reajuste de gasolina provoca polêmica

Jornal do Brasil
29/10/2004 03:00
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Copom culpa alta dos combustíveis por elevação dos juros. Petrobras rebate e denuncia ingerência sobre política de preços.
Demora em reajustar gasolina ameaça inflação de 2005, alerta BC
Passada uma semana, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual gerou ainda mais polêmica. A ata da reunião do Banco Central, divulgada ontem, traz críticas veladas à Petrobras e justifica a tendência de alta dos juros (mesmo num ritmo moderado) pela indefinição sobre os aumentos dos preços dos combustíveis. A estatal não deixou a crítica passar em branco e respondeu na mesma moeda, expondo o embate entre duas alas do governo.
``Embora reconhecendo a importância do Copom e respeitando suas prerrogativas de tornar públicas as considerações que provocam suas decisões, espera-se que seus membros compreendam que o estabelecimento da política de preços dos derivados e a determinação dos ajustes são de exclusiva responsabilidade da empresa (Petrobras)``, respondeu a estatal em nota.
A Petrobras se queixou de que o Copom ``vai além de suas prerrogativas como órgão de política monetária quando anuncia que pode vir a estabelecer metas desagregadas para o preço da gasolina em 2005``. Isso porque a ata o Copom defende que a indefinição da trajetória de realinhamento dos preços dos derivados de petróleo em relação às cotações internacionais pode ser responsável por projeções pessimistas para 2005. De acordo com a Petrobras, desde janeiro o Copom insiste em estabelecer projeções para os preços da gasolina, sugerindo um tabelamento que não existe no país.
Na ata, os integrantes do Copom mantiveram a expectativa de 9,5% para o reajuste da gasolina neste ano. Eles admitem, contudo, que as cotações do petróleo no mercado internacional estão muito elevadas e que existe a perspectiva de que esses preços se sustentem por um período mais longo do que o esperado. Por conta disso, o Copom foi claro ao alertar que uma nova rodada de reajustes dos preços da gasolina e do óleo diesel pode ser postergada, mas não evitada.
Para Bernardo Mota, economista da Máxima Asset Management, a Petrobras demorou a fazer o primeiro ajuste nos preços dos combustíveis. A expectativa era de que a alta ficasse em torno de 10%, o que reduziria a defasagem em relação às cotações do petróleo no mercado internacional. O aumento, no entanto, ficou em apenas 2,4%.
- O impacto mais forte é observado dois meses após o repasse. Isto significa que o reajuste de outubro impactará mais a inflação de dezembro. Em seguida, começam a surgir os aumentos de preços em cascata, que já vão contaminar os primeiros meses do ano que vem - explica Mota, ressaltando que a estatal deve fazer, o mais rápido possível, o segundo reajuste. - Levando-se em conta este prazo de dois meses, se o combustível for reajustado em novembro, contaminará janeiro. Nossa estimativa é de que a contaminação seja de pelo menos 0,5 ponto percentual.
Os diretores do BC mostraram preocupação com as expectativas do mercado para a inflação do ano que vem, que continuam se deteriorando a despeito da elevação da Selic para 16,75% ao ano. Ao mesmo tempo em que a autoridade monetária mira 5,1% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na média a projeção dos analistas das instituições financeiras aponta para 5,89%, com tendência de avanço ainda maior, dependendo do reajuste dos preços dos combustíveis.
A indicação de que o Copom manterá o controle apertado sobre a taxa de juros, provocou uma onda de correções no mercado. Todos os contratos de juros futuros fecharam em alta. O de abril, mais líquido, apontou taxa de 17,72%, contra 17,6% de quarta-feira. Para a virada do ano, o DI de janeiro indicou 17,22%, frente 17,14%. A mensagem considerada negativa por analistas contribuiu para um dia ruim na Bolsa de Valores de São Paulo, que fechou em queda de 1,05%, aos 22.929 pontos.

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