Furnas/ Eletronuclear

PMDB pressiona Lobão por comando de fundo de pensão

Valor Econômico
03/09/2008 07:40
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Eduardo Cunha: Depois de emplacar o presidente de Furnas, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), agora quer afastar a atual cúpula do Real Grandeza.

Diante do insucesso, até agora, de suas tentativas de nomear a diretoria da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas e da Eletronuclear, o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, tenta negociar diretamente com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), uma forma de afastar o atual presidente do fundo, Sergio Wilson Fontes, e o diretor de investimentos, Ricardo Nogueira. 


Em agosto do ano passado Cunha defendeu a nomeação para a presidência de Furnas Centrais Elétricas, a maior geradora de energia do país, o arquiteto Luiz Paulo Conde, ex-prefeito do Rio e ex-secretário estadual de Cultura. Desde então Conde protagonizou várias tentativas, todas frustradas, de mudar a diretoria do Real Grandeza, que administra patrimônio de R$ 7,3 bilhões de 11 mil funcionários ativos e inativos. 


De Brasília, Eduardo Cunha, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, agora tenta o acordo político no MME. Ele tem colocado a saída da diretoria do fundo como uma questão de honra para evitar uma perda de prestígio. A iniciativa ocorre mesmo depois de o presidente Luiz Inácio da Silva ter mandado um recado para Conde dizendo que não vai admitir nenhuma ingerência que extrapole as funções do cargo para o qual ele foi nomeado. Procurado pelo Valor, o ministro de Minas e Energia não retornou à ligação. Procurado pelo Valor, Cunha disse que não fala há mais de dois meses com o ministro. "Desminto categoricamente qualquer interferência", disse. Cunha afirmou que se limita a ser amigo do presidente de Furnas, mas sem nenhuma ingerência na gestão. 


Depois que assumiu o cargo, Conde indicou dois novos conselheiros para a fundação que propuseram a mudança na diretoria. Mas a proposta foi barrada por unanimidade no conselho de administração do fundo, já que o estatuto do Fundo garante total independência em relação às patrocinadoras. Na quarta-feira da semana passada, Conde apresentou na reunião de diretoria de Furnas um resolução que na prática cancelava o empréstimo de Fontes e Nogueira, que estão cedidos ao fundo até 2009 e 2010, respectivamente. Como ambos são funcionários de carreira de Furnas, teriam que voltar para a patrocinadora no caso de sucesso da iniciativa de Conde, abrindo espaço para a nomeação de novos dirigentes para a fundação. 


Os diretores da estatal não concordaram com a proposta e a reunião foi tensa. Mas Conde não desistiu e um dia depois voltou à carga marcando nova reunião na quinta-feira, que não pôde se realizar por falta de quórum, já que vários diretores estavam fora do Rio. Ontem, a diretoria de Furnas realizou reunião e rejeitou a proposta de Conde para que os dirigentes da Fundação Real Grandeza tivessem mandatos de três anos, o que, na prática, encerraria os mandatos dos atuais no mês passado. 


"No dia 13 de maio de 2008 houve uma resolução da diretoria de Furnas aprovada por unanimidade, propondo a fixação do mandato da diretoria da Fundação Real Grandeza em três anos, sem recondução. A proposta submetida à votação hoje teve por objetivo cumprir essa resolução", disse Conde em nota ditada por sua assessoria de imprensa, sem acrescentar nada a respeito das pressões para a retirada dos dirigentes da fundação. 


O impasse na fundação está preocupando o governo, que estuda medidas para blindar as subsidiárias da Eletrobrás, inclusive seus fundos de pensão. O Real Grandeza foi responsável não apenas por grande parte do lucro de Furnas em 2007, como seu superávit contribuiu com R$ 1,1 bilhão no resultado da Eletrobrás. 


Na gestão de Fontes o patrimônio para investimento aumentou de R$ 3,6 bilhões para R$ 6,2 bilhões e o superávit atuarial, que era de R$ 2,5 milhões em agosto de 2005, é hoje de R$ 1,48 bilhão. Também na gestão do executivo, que assumiu em meio a perdas com o Banco Santos, a diretoria da fundação adotou critérios mais rígidos para operação com bancos, entre eles a exigência de patrimônio mínimo de R$ 2 bilhões e que tenham "rating" de agências classificadoras internacionais. 


A preocupação dos funcionários de Furnas se deve ao histórico de Cunha na gestão de estatais. Um grupo de executivos indicado pelo deputado para cargos no Prece, fundo de pensão dos funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), do governo do Estado do Rio está sob investigação do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). 


Em relatório, o conselheiro José Graciosa, do TCE, acusa quatro ex-dirigentes do fundo de lesarem a instituição em R$ 5,35 milhões no período de 2002 a 2006. Em 2002 a presidência da Cedae, patrocinadora do Prece, era indicada pela então governadora Benedita da Silva (PT-RJ). Em 2003 a Cedae passou a ser presidida por Aloísio Meyer, indicado por Eduardo Cunha. (Colaborou Chico Santos) 

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