Agência Câmara
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou hoje que a empresa está negociando a participação em novas aquisições no setor petroquímico da região Sudeste para promover "uma nova organização" do setor. A declaração foi dada em audiência pública conjunta na Câmara, com o objetivo de explicar a compra de todas as ações do grupo Ipiranga pelo consórcio Petrobras, Braskem e Ultra. A compra está sendo questionada pela Comissão de Valores Mobiliários.
Costa afirmou que não há espaço para empresas menores no ramo petroquímico. "Na região Sudeste [os pólos de SP e RJ], com certeza vai ocorrer uma organização do setor.
Essas conversas já se iniciaram entre os grupos privados e a Petrobras está participando desse processo. Não vamos nos iludir que empresas pequenas sobreviverão, pois há uma demanda de investimentos e tecnologia", disse.
O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, anunciou ainda que a Braskem e a Petrobras farão uma oferta para comprar as ações minoritárias da Companhia Petroquímica do Sul (Copesul). Segundo ele, o valor a ser oferecido pelas ações será maior do que o sugerido na avaliação independente feita pelo Deutsch Bank e também vai embutir prêmio referente à valorização da Copesul no período anterior a negociação para a compra da Ipiranga.
Produção e distribuição
No dia 19, a Petrobras, a Braskem e o grupo Ultra anunciaram a compra, por US$ 4 bilhões (cerca de R$ 8,4 bilhões), de todas as ações do grupo Ipiranga, e ampliaram a participação do grupo tanto na produção quanto na distribuição de combustíveis. Com a negociação, a Petrobras também passará a compartilhar com a Braskem o controle da Copesul, a segunda maior central de matérias-primas da América Latina.
A participação da Petrobras na Copesul subiu de 15% para cerca de 36%. O controle acionário, porém, continua com o Grupo Braskem, com aproximadamente 64% da participação.
"Queremos ter uma postura mais ativa na gestão da Copesul", disse o diretor.
Com a negociação, a Petrobras vai incorporar 883 postos do grupo Ipiranga nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que deverá elevar sua participação de 34% para 38% no mercado de distribuição de combustíveis. Os demais postos da Ipiranga serão explorados pelo grupo Ultra.
Sem estatização
Apesar da posição ativa da Petrobras nesse processo de "reorganização", Costa afirmou que o fortalecimento do setor petroquímico "não passa pela estatização". O aumento da participação da Petrobras seria para "dar musculatura" ao produto brasileiro no mercado internacional. O diretor anunciou ainda que as negociações relativas ao Sudeste vão envolver o complexo petroquímico que a Petrobras vai instalar em Itaboraí (RJ).
Com a compra do grupo Ipiranga, a Petrobras voltou a atuar mais fortemente no ramo de segunda geração, ou seja, na produção do prolipropileno, base para a fabricação de plástico. Desde a década de 90, a empresa apenas fornecia matérias-primas, como o nafta e o propeno. "Não é nossa intenção voltar a ser dominante no setor petroquímico.
Queremos apenas gerar emprego, desenvolvimento e participar dos lucros", afirmou Costa. Ele garantiu que a empresa não vai "verticalizar" sua produção e atuar na chamada terceira geração, isto é, na transformação de resinas em plástico e outros produtos.
Biodiesel
Paulo Roberto Costa adiantou que os planos dos novos proprietários para a refinaria do grupo Ipiranga, em Rio Grande (RS), incluem a produção de biodiesel e outros produtos de maior valor agregado. "Queremos dar um upgrade na refinaria", definiu. Um grupo de trabalho levantará aspectos técnicos e comerciais da refinaria para identificar formas de aumentar o valor agregado da produção.
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