O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, encaminhou carta ao senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) com os comentários sobre a chamada Lei do Gás. A Petrobras critica a falta de um período de exclusividade no uso de gasodutos, a criação de um órgão regulador para o gás, a opção pe
RedaçãoO diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, encaminhou carta ao senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) com os comentários da Companhia à chamada Lei do Gás, conforme anunciado pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, durante visita ao senador na semana passada.
A Petrobras considera que a Emenda 25/2006, apresentada pelo senador como substitutivo ao Projeto de Lei do Senado 226/05, sobre a indústria do Gás Natural, compromete os investimentos na expansão da infra-estrutura de transporte do gás natural no País, condição fundamental para a organização e maturação de mercados emergentes ou em transição como o do Brasil.
Os principais aspectos do projeto que poderão dificultar o desenvolvimento da indústria do gás natural no Brasil são: Livre acesso aos dutos e período de exclusividade. O artigo 30 do projeto do senador não estabelece um período de exclusividade de utilização da infra-estrutura de transporte (gasodutos) pelos carregadores que construíram o duto e assumiram os riscos do mercado.
Para a Petrobras, em um mercado emergente como o Brasil, o período de exclusividade na exploração do serviço de transporte de gás natural é necessário para que o investidor na cadeia produtiva tenha o retorno dos seus investimentos. A União Européia, por exemplo, estipulou que os mercados emergentes de gás natural tivessem um período de exclusividade de 10 anos.
Regime de concessão de transporte x autorização
A proposta do senador Tourinho prevê que o transporte de gás natural seja feito por contrato de concessão definido por meio de processo de concurso aberto (licitação).
A Petrobras avalia que o regime de concessão e licitação implica em um processo moroso que pode inviabilizar as decisões de investimentos. Para a Companhia, a melhor solução é o regime jurídico vigente, em que os investimentos são autorizados pelo órgão regulador (ANP). A forma atual, na opinião da Petrobras, dá plena condição à livre iniciativa e à livre associação para a realização de investimentos, incentivando o empreendedorismo e permitindo a rápida implementação dos projetos.
Transferência de titularidade para gasodutos de Transporte e contratos de concessão para dutos existentes
Nos artigos 15 a 19, o PLS 226/05 determina que uma empresa proprietária de ativos de transporte deverá se desfazer destes, ficando coligada a uma nova empresa detentora dos gasodutos. Também estabelece que o Poder Executivo celebre contratos de concessão para a atividade de transporte com as proprietárias de gasodutos existentes, sendo que, findo o prazo do contrato, os bens seriam revertidos para a União.
Na visão da Petrobras, essa proposta significa quebra de contratos e expropriação de ativos, o que é incompatível com o Artigo 5º da Constituição Federal que rege o direito de propriedade.
Criação da Ongás
O projeto de Lei do senador Tourinho institui a criação do Operador do Sistema Nacional de Transporte de Gás Natural (Ongás), sem vinculação com o Poder Público e sem depender de autorização para o exercício de suas atividades.
A Petrobras entende que as competências do Ongás coincidem com atividades que são de exclusividade do Poder Público e dos agentes privados e já exercidas pelo Poder Executivo (Ministério das Minas e Energia e Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), pelo órgão regulador (Agência Nacional do Petróleo) e pelos agentes do setor nas formas previstas nos contratos de serviço de transporte.
Investimentos
A proposta do senador Tourinho entende que a ausência de um marco legal adequado tem inibido os investimentos na indústria do gás.
Isso não corresponde à realidade, pois só a Petrobras investirá, no período de 2006 a 2010, US$ 16 bilhões na cadeia de gás natural (com recursos próprios ou por meio de parcerias). Desse total, US$ 8,8 bilhões serão destinados às atividades de exploração e produção e US$ 5,2 bilhões à construção de gasodutos. Trata-se do maior investimento em gás natural já realizado na história da Companhia e que está sendo fundamental para a construção da maturidade da indústria de gás no País.
Ônus para o Estado
De acordo com o projeto apresentado pelo senador Rodolpho Tourinho, a concentração do setor imporia um ônus ao Estado.
A Petrobras lembra que seu lucro líquido de R$ 18 bilhões, apurado em 2004, rendeu R$ 6 bilhões em dividendos à União. E dos R$ 120 bilhões de valor adicionado ao sistema Petrobras no mesmo período, cerca de R$ 70 bilhões foram recolhidos na forma de impostos, taxas e participações à administração pública nas suas diferentes esferas (federal, estadual e municipal). A Petrobras ressalta ainda que seus investimentos são feitos sem o aporte do Tesouro Nacional e que, por sua condição de investment grade, a Companhia pode captar recursos no mercado internacional com prazos e condições bastante favoráveis.
Definições de Gás Natural, Gasoduto de Transferência e Consumo Próprio
A definição de Gás Natural, na proposta do senador Tourinho, permite a interpretação que engloba o Gás Liqüefeito de Petróleo (GLP), gases manufaturados e biogás como sendo de monopólio da União, o que não está previsto da Constituição.
Além disso, a definição para gasoduto de transferência impedirá que os produtores transfiram o insumo à suas unidades operacionais, gerando aumento dos custos e repasse aos preços da energia elétrica, fertilizantes e outros, produzidos a partir do gás natural.
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