Estatal traça cenário de demanda plena pelas usinas térmicas, que deverá chegar a 46,4 milhões de metros cúbicos de gás natural. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, diz que cenário visa exclusivamente a atender o sistema de gás e energia e não o elétrico nacional.
A perspectiva de aumento da demanda das usinas termelétricas por gás natural fez a Petrobras elevar em 71,2% a necessidade de suprimento do produto para geração de energia nos próximos cinco anos. O plano de negócios para o período 2005-2010 estima uma demanda de 46,4 milhões de metros cúbicos para as térmicas, enquanto no plano anterior (2004-2010) essa participação era de 27,1 milhões de metros cúbicos. Em relação ao mercado brasileiro de gás natural como um todo que além das termelétricas inclui o uso industrial e outras aplicações a projeção subiu de 77,6 milhões de metros cúbicos para 99,3 milhões de metros cúbicos. As estimativas para os segmentos industrial e outros usos, no entanto, ficaram praticamente estáveis em relação ao plano anterior, com uma demanda de 39,1 milhões de m³ e 13,8 milhões de m³, respectivamente.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse nesta segunda-feira (22/08) que a iniciativa se deve à mudança ocorrida na situação das térmicas brasileiras nos últimos dois anos, como, por exemplo, a entrada em operação de novas unidades. Gabrielli procurou desassociar a decisão da estatal a uma influência do governo, que teria interesse em compensar uma eventual perda de capacidade de geração das usinas hidrelétricas. Não estou falando de um plano para o sistema elétrico brasileiro e sim para o de gás e energia. Estamos fazendo um plano na hipótese de demanda térmica plena. É uma hipótese conservadora, que provavelmente não acontecerá.
Gabrielli observou ainda que o plano consolida definitivamente o mercado de gás natural no país, com investimentos em infra-estrutura de gás natural que garantirão um crescimento médio da produção de 21% até 2010. Para isso, a estatal conta com o início da produção nos blocos BS-400 (Mexilhão), em 2008, e BS-500, em 2010. Para garantir o cumprimento dessas metas, a área de gás e energia receberá investimentos de US$ 6,5 bilhões, representando um aumento de 150% em relação ao planejamento anterior.
O plano 2006/2010 prevê investimentos totais de US$ 56,4 bilhões no período, representando uma média de US$ 11,3 bilhões por ano, sendo 87% no Brasil e 13% no exterior. Os investimentos em exploração e produção concentram a maior parte dos recursos (US$ 28 bilhões), seguido por abastecimento (US$ 12,9 bilhões), área internacional (US$ 7,1 bilhões), gás e energia (US$ 6,5 bilhões), áreas corporativas (US$ 1 bilhão) e distribuição (US$ 900 milhões). O investimento total apresenta uma expansão de 63% em relação ao plano anterior.
Na avaliação da analista Mônica Araújo, da Espírito Santo Research, não houve nenhum aspecto positivo na revisão do plano de investimentos da estatal. A primeira vista, identificamos somente aspectos negativos na revisão do PE (Plano Estratégico) da Petrobras. O principal ponto a ser questionado está relacionado aos investimentos, especificamente, a introdução de novos projetos que respondem por cerca de 35% do investimento adicional (US$ 22 bilhões), assim como os motivos por trás do aumento observado no investimento total e nos custos de produção.
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