Valor Econômico
A aquisição de uma refinaria em Pasadena, no Texas, pôs a Petrobras sob a mira do Comitê sobre Investimentos Estrangeiros nos EUA (Cfius) neste ano. Não há indício de que o negócio tenha despertado desconfianças, mas a investigação sugere que o comitê passou a agir com muito mais cautela para responder às pressões que vem recebendo do Congresso.
A transação foi anunciada em fevereiro pela Petrobras. A estatal concordou em pagar US$ 370 milhões pela aquisição de 50% das ações da refinaria, que tem capacidade para processar 100 mil barris de óleo por dia e é vista pela Petrobras como um passo importante na expansão internacional dos seus negócios.
A operação foi submetida pela própria Petrobras à análise do Cfius, há cerca de dois meses. A empresa teve de responder a um questionário minucioso sobre seus planos e suas relações com o governo brasileiro. Dois de seus dirigentes foram entrevistados pessoalmente pelo comitê. A Petrobras espera receber na próxima semana o sinal verde para a compra da refinaria.
Nenhuma empresa é obrigada a se submeter à análise do Cfius, mas a Petrobras decidiu fazê-lo para evitar problemas no futuro. "Foi por prudência", explicou o gerente-geral da estatal nos Estados Unidos, Renato Tadeu Bertani. "O risco de sofrer um veto nesse caso é baixo, mas teríamos enormes problemas se não passássemos por essa investigação e alguém levantasse dúvidas sobre o negócio depois."
A lei que criou o Cfius dá ao presidente americano o poder de desfazer uma operação como essa sumariamente se aparecer algum sinal de que ela ameaça a segurança do país, mesmo muitos anos depois que o negócio for concluído. Mas as empresas que aceitam se submeter ao crivo do comitê tornam-se imunes a medidas drásticas como essa.
A investigação do caso da Petrobras está demorando mais do que o usual porque o Cfius decidiu olhar com mais cuidado transações que envolvam empresas ligadas a governos estrangeiros, antecipando-se às mudanças que o Congresso deverá fazer. Até o ano passado, o comitê concluía a análise da maioria dos casos em um mês.
Funcionários do Departamento de Estado disseram ao governo brasileiro que se trata de um procedimento rotineiro e que não há nada de errado na compra da refinaria, segundo a embaixada do Brasil em Washington. Procurado pelo Valor, o Departamento do Tesouro não quis se manifestar. Sua porta-voz Brookly McLaughlin disse que o órgão não pode divulgar nenhum tipo de informação sobre suas investigações, nem mesmo depois que são concluídas.
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