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Petrobras cobra R$ 250 milhões da Bertin por atraso

Valor Econômico
08/12/2011 17:08
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A Petrobras está cobrando uma conta de cerca de R$ 250 milhões da Bertin Energia pelo encerramento dos contratos de gás que seriam usados para suprir a usina termelétrica José de Alencar. A térmica de 310 megawatts (MW) deveria ter entrado em operação em janeiro e, pelo que o Valor apurou, o grupo Bertin nem iniciou as obras e vê que a viabilidade financeira para essa usina está comprometida.

A diretora de gás da Petrobras, Graça Foster, disse ontem (7) ao Valor que a cobrança que a estatal está fazendo se deve à multa pelo fim dos contratos, já incluídos o encargo de opção de uso do combustível. "Qualquer negociação para um novo contrato de fornecimento de gás tem de incluir esse adicional de R$ 250 milhões", disse a diretora. A estatal negocia fornecimento de gás para outras usinas termelétricas da Bertin Energia.

Há cerca de um mês, a Angra Partners assumiu a administração da empresa com o objetivo de vender ativos e reestruturá-la. Antes mesmo de a Angra chegar à empresa, o grupo já tinha se desfeito de duas termelétricas que vendeu à MPX, do empresário Eike Batista. Mas continua dono de 30 concessões de usinas que juntas serão capazes de gerar cerca de seis mil MW.

A situação das térmicas do Bertin ainda preocupa o governo, tendo inclusive sendo discutida na reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), como consta da ata divulgada na semana passada da reunião que aconteceu no fim de outubro. A preocupação se deve ao fato de que o Bertin teria que colocar em funcionamento 12 termelétricas com capacidade total de 2.600 MW até janeiro de 2013. Esse cronograma já não é possível de ser cumprido. Além disso, outros 1.800 MW já estão em atraso, referentes a usinas que deveriam ter entrado em operação neste ano, como a própria José de Alencar.

Na reestruturação que está sendo formulada pela Angra Partners, a ideia é vender boa parte dos ativos, cerca de 1.500 MW, até o primeiro trimestre do próximo ano. O banco Credit Suisse é quem está coordenando propostas de empresas para a aquisição de ativos. Com o dinheiro da venda, o Bertin investiria na construção da outra parte do portfólio, que inclui outras usinas termelétricas que precisam do gás da Petrobras para entrarem em operação.

A empresa está em negociações para fechar novos contratos, mas o recado da diretora de gás da empresa é claro no sentido de que não vai negociar contrato sem discutir a multa pelos seis milhões de metros cúbicos que não foram usados pelo Bertin. O valor da multa é considerado excessivo pela empresa pelo fato de não ter usado o gás. Para a Petrobras, entretanto, o entendimento é que ao deixar o combustível disponível ele fica carimbado para empresa.

Mas são poucas as usinas do grupo Bertin que serão movidas a gás natural. A maior parte vai usar óleo combustível e todos os contratos de fornecimento foram fechados com uma trading internacional chamada Glencore. Na época dos leilões em que o Bertin se sagrou vencedor, no ano de 2008, o modelo de negócios foi todo traçado em cima do fornecimento de tradings justamente para evitar a dependência da Petrobras.

Os empreendedores de térmicas não têm conseguido ser competitivos em leilões com os contratos de gás natural oferecidos pela Petrobras.
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