A bacia tem 210 mil km² e abrange toda a costa do Rio Grande do Sul.
Jornal do Commercio (RS)
A perfuração de um poço exploratório para verificar a presença de petróleo ou gás natural na chamada Bacia de Pelotas é esperada desde 2012, contudo, foi sucessivamente postergada.
Apesar de não ter sido possível iniciar a perfuração naquela ocasião ou nos anos seguintes, o gerente-geral de exploração do pré-sal da Petrobras, Jeferson Dias, afirma que a investigação da área ainda está dentro do plano de negócios da companhia e a expectativa é de que a perfuração do poço ocorra em 2015.
O dirigente detalha que a empresa está com o projeto de engenharia pronto, os levantamentos geológicos foram concluídos e agora a espera é pela finalização do processo de licenciamento ambiental do Ibama.
O investimento para ir adiante com a iniciativa é estimado, atualmente, em mais de US$ 100 milhões.
A Bacia de Pelotas tem 210 mil quilômetros quadrados e se estende do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai, abrangendo toda a costa do Rio Grande do Sul.
O direito de exploração foi conquistado pela estatal na Licitação nº 6 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada em 2004, quando a Petrobras adquiriu um bloco exploratório, dividido em seis células, de cerca de 3,9 mil quilômetros quadrados de área.
Recentemente, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu a aprovação para que a empresa francesa Total entrasse como parceira da Petrobras na exploração da Bacia de Pelotas.
Dias tem experiência sobre o tema, pois exerceu o cargo de gerente-geral de interpretação e avaliação das bacias da Costa Sul (posto que foi recentemente ocupado por Jonilton Pessoa).
O dirigente explica que o prazo obrigatório para fazer a perfuração, segundo o acordo de concessão, já expirou.
No entanto, a ANP, devido à questão do licenciamento ambiental, decidiu suspender o contrato e, a partir da data que o Ibama dê a liberação, se terá um prazo extra de um ano para implementar o poço.
Sobre eventuais empecilhos de operação que a Petrobras possa vir a sofrer devido às constantes denúncias de irregularidades que tem sido alvo, o gerente responde que a área técnica da empresa é muito capacitada e continua trabalhando com a mesma dedicação, sem ser afetada pela situação externa.
Para o vice-presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Aloísio Nóbrega, a demora do licenciamento ambiental da Bacia de Pelotas e, consequentemente, a postergação da perfuração de poços no local preocupa. O dirigente espera que o Ibama sensibilize-se com esse tema.
AGDI aguarda por retomada da produção naval em Charqueadas
Além da situação da Bacia de Pelotas, outra apreensão dentro do setor de óleo e gás no Rio Grande do Sul é quanto à situação enfrentada pela empresa Iesa na planta de construção naval de Charqueadas.
O vice-presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Aloísio Nóbrega, comenta que está transcorrendo no momento o detalhamento jurídico quanto ao acerto entre a Iesa e a Andrade Gutierrez (que pretende assumir o controle da unidade). “E isso, mais cedo ou mais tarde, será concluído”, aponta o vice-presidente da AGDI.
O dirigente enfatiza que a perspectiva é de retomada da produção, até porque a Petrobras necessita das encomendas feitas ao complexo de Charqueadas (módulos para plataformas de petróleo).
O coordenador do Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás, Naval e Offshore da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Marcus Coester, ressalta que o problema enfrentado pela planta deve-se às dificuldades financeiras do grupo controlador da Iesa Óleo e Gás (a Inepar), que decretou recuperação judicial.
Independentemente desse cenário, Coester também acredita que as atividades no chamado polo naval do Jacuí serão mantidas devido às encomendas asseguradas e às outras que serão criadas a partir do pré-sal.
Porém, embora se tenha essa expectativa positiva de demanda crescente, algumas fontes do setor afirmam que outro obstáculo que atrapalha o desenvolvimento do polo em Charqueadas seria uma norma da Receita Federal que prevê isenções para a indústria naval situada em lugares com saída para o mar e não para as localizadas em rios.
O integrante da Fiergs revela que, após as eleições, algumas propostas para o desenvolvimento do segmento de óleo e gás serão apresentadas aos candidatos vencedores.
Coester, Nóbrega e Jeferson Dias, da Petrobras, estiveram ontem no Simpósio Interações Ufrgs-Sociedade: Cadeias Produtivas em Óleo e Gás.
O pró-reitor de Pesquisa da Ufrgs, José Carlos Frantz, que participou da organização do evento, destaca que a universidade gaúcha trabalha atualmente com o conceito de cadeias produtivas, o mesmo praticado pelo setor industrial.
Com isso, a Ufrgs contempla estudos na área de petróleo desde a parte de exploração, com a pesquisa geológica e a descoberta de novos reservatórios, até a engenharia, transporte, refino etc.
Frantz salienta que há um ótimo potencial a ser aproveitado pelos novos profissionais que estão ingressando nesse mercado.
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