Petrocaridade

PDVSA é tida como empresa pouco transparente

Valor Econômico
21/08/2006 03:00
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As iniciativas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de se firmar como alternativa na América do Sul à hegemonia americana no continente - financiadas pelos petrodólares da estatal PDVSA- têm sido acompanhada com atenção no Brasil e em outros países da região. A tarefa não é fácil já que a PDVSA é uma companhia pouco transparente, que muitas vezes se confunde com o Estado.

A PDVSA tem uma extensa pauta de investimentos na América do Sul. No Brasil, planeja construir uma refinaria em Pernambuco com a Petrobras. A estatal venezuelana analisou a compra da refinaria Ipiranga, no Sul, e também tem perspectivas de investimentos em refino no Uruguai e no Paraguai.

Por meio da política de "petrocaridade", alguns analistas avaliam que o líder venezuelano pretende angariar apoio para vôos mais altos, como a obtenção de uma cadeira rotativa no Conselho de Segurança da ONU. A nova PDVSA de Chávez, explicitada no plano "Siembra Petrolera", é distribuir a renda da indústria do petróleo venezuelana para o povo.

A iniciativa veio acompanhada de uma nova legislação que mudou contratos e que resultou em aumento de 73% na receita tributária do setor. A taxa de investimento na Venezuela cresceu de 14,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2003 para 20,9% em 2005. Vale dizer ainda que a Venezuela vem conseguindo reduzir as taxas de analfabetismo.

Na frente comercial, a PDVSA tem a clara intenção de criar novos mercados para o petróleo venezuelano, que hoje tem nos EUA seu principal parceiro. Os EUA são destino de 64% do valor das exportações de óleo cru venezuelano e de 40% dos derivados de petróleo. Na outra mão, um terço das importações da Venezuela são provenientes dos Estados Unidos. Para reduzir essa dependência, a PDVSA tem se esforçado em ampliar o comércio com a Índia, a China e a América Latina.

O economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), resume com uma frase a opinião de outras analistas e executivos da indústria, que preferem não se manifestar publicamente porque suas empresas têm negócios com a segunda maior companhia de petróleo da América Latina, a única da região que integra a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

"A Venezuela é um dos países mais atraentes para se investir em petróleo. Mas lá taxa de retorno é política e isso as outras empresas não vão bancar", diz Pires. Um executivo da indústria pondera que a grande quantidade de reservas de petróleo da Venezuela torna o país governado por Chávez atraente mesmo diante das diatribes do presidente.

A PDVSA já anunciou a intenção de aumentar a produção para 5,8 milhões de barris/dia em 2012, mas para atender ao crescimento previsto na produção e no consumo interno de gás, que também poderá ser exportado para o Brasil, através do polêmico gasoduto do Sul, apelidado por alguns analistas no Brasil de "transpinel".

Para produzir mais petróleo, a empresa terá que reinjetar mais gás nos campos para facilitar a extração de seu petróleo, que é muito pesado. Para o analista Marco Aurélio Tavares, da consultoria Gás Energy, esses dois fatores devem inviabilizar o projeto energético da PDVSA no Mercosul.

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